Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA NO BRASIL: DESAFIOS, DESEJOS E POSSIBILIDADES
LILIANA SANTOS

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


APRESENTAÇÃO: Este estudo trata dos Cursos de Graduação na área da Saúde Coletiva (CGSC) e sua contribuição para o enfrentamento dos desafios apontados pelo trabalho na Saúde. Trata-se de um estudo de caso que analisou o desenho curricular e o cotidiano de um CGSC; buscando aproximações e afastamentos entre o currículo do curso descrito e o trabalho no espaço da Saúde Coletiva, em especial no cotidiano do Sistema Único de Saúde (SUS) local. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: As técnicas utilizadas foram análise documental, diário de campo, entrevista semi-estruturada e grupo focal. A análise do material foi realizada partindo dos referenciais da formação orientada pela memória de inovação. O processo de análise do material se deu no traçado de relações entre a formação graduada e as necessidades do mundo do trabalho, apontadas por gestores entrevistados. Didaticamente, Os componentes curriculares se organizam em torno de eixos por campo de conhecimento, sendo eles Ciências Sociais Básicas e Aplicadas em Saúde Coletiva; Ciências da Vida e Tecnológicas em Saúde; Ciências da Saúde Coletiva e Conteúdos e Atividades Integradoras. O curso tem carga horária total de 2.708 horas, assim distribuídas: 2.300 horas (84,93%) para os conteúdos disciplinares e atividades curriculares obrigatórios, e 408 horas (15,07%) para os conteúdos curriculares optativos e atividades complementares. Tendo em vista as diretrizes da flexibilidade curricular e a autonomia dos estudantes, cabe refletir sobre a distribuição da carga horária entre componentes obrigatórios e optativos. Tanto na entrevista com gestores, quanto nos grupos focais com estudantes, foram demarcadas as necessidades de sanitaristas em vários espaços do SUS, trazendo importantes contribuições partindo da chegada dos estudantes em estágios e práticas integradas. Os entrevistados apontam ainda para a necessidade de a formação ser efetivamente vinculada ao mundo do trabalho e às necessidades da população.  Os resultados apontam para a análise de que a formação graduada em Saúde Coletiva poderá contribuir para o enfrentamento dos desafios apontados pelo trabalho na Saúde Coletiva Brasileira, na medida em que estabelecer diálogos efetivos e movimentos articulados entre a universidade e o âmbito das práticas na Saúde Coletiva, seja junto ao Sistema Único de Saúde e outras políticas sociais, bem como nos demais espaços, como os movimentos populares, produzindo conhecimento de forma coordenada e conectada às inovações produzidas no cotidiano. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Como perspectiva apontada pelos participantes do estudo foi possível perceber uma tendência para o aumento dos CGSCs e, ao mesmo tempo, a necessidade de fortalecimento dos vínculos e diálogos, seja na perspectiva dos espaços democráticos de debate e organização mais amplos, seja no espaço local, na perspectiva da intersetorialidade. As formas de tratar a educação dos profissionais da área de Saúde e os desafios a serem enfrentados para a construção cotidiana de inovações faz com que se considere a perspectiva de organização de espaços de articulação e debates, a fim de aprofundar questões centrais, como a elaboração dos referenciais curriculares e a regulamentação profissional. Uma nova forma de inserção profissional vem se configurando e gerando acalorados debates, porém ainda com pouca sistematização e operacionalização. Define-se outra perspectiva: a ação das instâncias de participação (especialmente o Fórum de Graduação em Saúde Coletiva - FGSC e Coordenação Executiva dos Estudantes de Saúde Coletiva - CONESC) para a organização de debates e agendas comuns. Do horizonte de desafios e perspectivas levantados, destacam-se o estabelecimento de interações e intenções tendo como foco as ações intersetoriais, no sentido de promover o reencantamento da Universidade, na proposição de alternativas à crise do ensino universitário. Nesse contexto, o desenvolvimento dos CGSCs tem demonstrado esforços no sentido de promover a integração entre a formação acadêmica e o conjunto das relações sociais, considerando a observação cotidiana das atividades acadêmicas em sala de aula, bem como nos contextos de práticas nos quais se inserem. Discussões sobre campos de práticas e estágios, bem como a inserção de estudantes nos cenários de projetos interinstitucionais e pesquisas interdisciplinares desde o início da formação vêm abrindo caminhos para a concretização de uma nova formação universitária.

Palavras-chave


SAÚDE COLETIVA; BACHARELADO; POSSIBILIDADES