Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DAS HEPATITES VIRAIS E HIV ENTRE PRIVADOS DE LIBERDADE COM TUBERCULOSE ATIVA EM CAMPO GRANDE-MS
Marco Antonio Moreira Puga, Mauricio Antonio Pompilio, Luciana Maria Marangoni Iglecias, Larissa Melo Bandeira, Grazielli Rocha de Rezende, Luiz Fernando Paiva Dorisbor, Ana Rita Coimbra Motta-Castro

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


As hepatites B e C e a AIDS são doenças infecciosas que tem via de transmissão comum e que, quando presentes em pacientes com tuberculose, podem levar ao abandono de tratamento devido às reações adversas provocadas pela grande quantidade de medicação, problemas hepáticos e tratamento prolongado. Esses pacientes coinfectados devem ser acompanhados com maior cuidado e no caso de sorologia negativa para hepatite B é recomendável a vacinação. A população prisional é considerada como tendo elevado risco para aquisição de infecções relacionadas às condições de confinamento como consumo de drogas ilícitas injetáveis e não injetáveis, desconsideração ao uso de preservativo e compartilhamento de material perfurocortante. Objetiva-se com esse estudo avaliar os aspectos epidemiológicos e moleculares na coinfecção pelo vírus das hepatites B e C e HIV entre privados de liberdade com tuberculose em Campo Grande. Até o momento, a população do estudo constitui-se de 216 privados de liberdade com TB ativa distribuídos em 4 estabelecimentos penais de regime fechado de Campo Grande. Os participantes foram submetidos à entrevista e à coleta de amostras sanguíneas para detecção do marcador sorológico para hepatite C (anti-HCV), para hepatite B (HBsAg, anti-HBc total e anti-HBs) e para o HIV (anti-HIV) utilizando eletroquimioluminescência. A média de idade da amostra estudada foi de 33 anos (DP ± 9,35). A maioria dos privados de liberdade eram do sexo masculino (95%), pardos (52,3%), sem parceiro fixo (56%), relataram ter menos do que 12 anos de escolaridade (98,7%) e encarceramento prévio (77,8%). A principal droga consumida foi a maconha (67,4%), seguida pela cocaína em pó (55,1%), pasta base (28,7%), crack (10,2%), haxixe (6,9%) e 5,1% relataram histórico de uso de drogas injetáveis. A prevalência global da infecção pelo HBV foi de 10,2% (IC 95%: 6,2-14,2). Dos 216 detentos, 03 (1,4%) foram positivos para HBsAg e anti-HBc e negativo para antiHBcIgM e HBeAg, com infecção crônica. O anti-HBc total associado com anti-HBs foi encontrado em 6,5% (14/216) dos prisioneiros e de 2,3% (05/216) foram apenas anti-HBc. Anti-HBs isolado, marcador da resposta imune da vacina do HBV, estava presente em 66 (30,5%) dos prisioneiros. Além disso, a maioria (59,3%) da população estudada era suscetível à infecção pelo HBV. As prevalências do HCV e HIV foram 6,9% e 9,3% respectivamente. Com relação às outras coinfecções, 2,3% estavam coinfectados TB/HCV/HBV, 0,5% com TB/HBV/HIV e 1,4% com TB/HCV/HIV. Os resultados preliminares do presente estudo indicam que medidas de prevenção individuais e coletivas como ações de educação em saúde, programas de redução de danos, diagnóstico precoce e tratamento adequado para as hepatites B e C, e para o HIV são necessários para o controle dessas infecções e evitar o agravo da tuberculose na população privada de liberdade estudada.