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TEMA: O objeto deste estudo é o audiovisual pedagógico que tem como tema a Visita Domiciliar (VD) emancipatória. A VD é um instrumento do trabalho em saúde, utilizado tanto para a captação de necessidades de saúde, no âmbito do coletivo, quanto para o cuidado em saúde de indivíduos e famílias (Campos et al, 2014) . Sendo assim este estudo teve como finalidade contribuir com o aprimoramento das práticas do enfermeiro na Atenção Básica (AB) para que sejam implementadas em resposta às necessidades de saúde dos diferentes grupos sociais. A problematização desenvolvida em estudo anterior (Forlin, 2014), que serviu de base para o presente estudo, mostrou que embora tenha passado por várias reorientações ao longo do processo histórico- social do cuidado, a Visita Domiciliar (VD) não sofreu alterações na sua essência, dado que hegemonicamente é guiada pelos saberes da clínica. Ao se pensar em um instrumento de apoio para a área da saúde indutor de mobilização e reflexão acerca das práticas desenvolvidas pelo enfermeiro e suas especificidades, tomando como referencial os pressupostos da Saúde Coletiva, acreditamos que o processo de produção coletiva do audiovisual se encaixa com a abordagem emancipatória preconizada nesse estudo, que pressupõe a participação dos sujeitos envolvidos na construção dos conhecimentos acerca dos problemas de saúde que afetam os grupos sociais que pertencem ao território da área de atuação desses profissionais. A construção coletiva do material pedagógico audiovisual sobre a VD realizada por enfermeiros teve como pretensão promover a reflexão crítica acerca do trabalho em saúde, mais particularmente no âmbito da AB. OBJETIVO GERAL: construir audiovisual pedagógico sobre a VD para processos educativos que pretendam introduzir conceitos da Saúde Coletiva. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: elaborar um vídeo sobre a VD na perspectiva emancipatória e produzir material gráfico que sirva de guia para a utilização do vídeo em processos educativos. Metodologia: Esta pesquisa configura-se como qualitativa, desenvolvida nos moldes da Pesquisa-Ação (PA) Emancipatória (Cordeiro, Soares e Campos, 2013; Soares, Cordeiro e Campos, 2013), coerentemente com as características do objeto do estudo, o conhecimento de enfermeiras sobre uma prática de trabalho (VD), e ao arcabouço teórico do estudo, o marxismo. A Educação Emancipatória se embasa nos pressupostos e diretrizes da Saúde Coletiva e pressupõe a incorporação do caráter histórico-social do processo saúde-doença. A saúde, nessa abordagem, é vista como o resultado do embate entre os potenciais de fortalecimento e de desgaste resultantes dos perfis de reprodução social, que se diferenciam entre si, a depender da inserção social dos indivíduos (Soares, 2007). Os conceitos que ancoraram a apresentação da VD foram: Necessidades de Saúde e Trabalho em Saúde (Campos, 2009), Reprodução Social e Determinação Social do Processo Saúde-Doença (Viana, Soares, Campos, 2013). Participaram do vídeo cinco enfermeiras que atuam na AB na área pertencente à Supervisão Técnica de Saúde Butantã (STS) e de outras STS que compõem a Coordenadoria Regional de Saúde Centro-Oeste, inclusive a autora dessa pesquisa. Colaboraram também uma Agente Comunitária de Saúde, um usuário da USF Jd Boa Vista e trabalhadoras da EEUSP. CRITÉRIO DE INCLUSÃO: enfermeiras deveriam ter o trabalho envolvido com a AB e se voluntariarem a participar. A gravação foi feita a partir de roteiro desenvolvido em pesquisa anterior (Forlin, 2014). RESULTADOS E ANÁLISE: Os resultados desta pesquisa são um audiovisual sobre uma VD realizada por enfermeira de uma equipe de saúde da família de uma UBS e um material gráfico que descreve e analisa as cenas do vídeo. Este material se propõe a ser um guia para a utilização do vídeo como instrumento para a apresentação e discussão de conceitos do campo da Saúde Coletiva. O título do vídeo tem a intencionalidade de promover reflexão sobre o processo de trabalho em saúde na particularidade da AB. Na área da saúde o conhecimento que tem predominância é o pautado nos saberes da clínica médica (os primeiros óculos usados pela enfermeira e ACS), que respondem a parte das necessidades, aquelas já instaladas no corpo bio-psíquico individual. Buscou-se mostrar a VD fundamentada nos conceitos da Saúde Coletiva (segundos óculos), que possibilitam o reconhecimento de necessidades de saúde de indivíduos por referência ao grupo social a que pertencem e a proposição de respostas a elas, em práticas que transcendem aquelas que incidem apenas no indivíduo. O resultado deste estudo, o audiovisual, contribuiu com o processo educativo de trabalhadores de saúde em duas perspectivas: a) no processo de produção coletiva do audiovisual (elaboração do roteiro e gravação do vídeo), processo que permitiu o aprimoramento do conhecimento de conceitos da Saúde Coletiva, com ênfase nos de Necessidades de Saúde e Trabalho em Saúde.  b) na produção do audiovisual e do guia que o acompanha, os quais serão distribuídos em serviços de saúde para subsidiar processos educativos. O audiovisual também poderá ser utilizado em instituições de ensino voltadas à formação de trabalhadores da área da saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A VD emancipatória proposta nesse processo educativo contemplou os seguintes aspectos destacados no roteiro que serviu de base para a confecção do audiovisual: ser identificada como um instrumento para reconhecer as condições de trabalho, vida e saúde dos indivíduos, famílias e grupos sociais pertencentes ao território que compõem uma UBS, possibilitar a identificação da heterogeneidade das necessidades de saúde desses grupos e estimular a compreensão relacionada à dinâmica social e das relações entre as formas de adoecer e morrer, as percepções acerca das políticas de saúde e o papel do Estado, além de estimular a participação social nos espaços legitimados.  Consideramos que o audiovisual, nesse sentido, se constitui como importante ferramenta a ser utilizada nos processos de formação e capacitação. O vídeo pode propiciar discussões e posicionamentos referentes à realidade vivenciada, compartilhamento de conceitos, estimular reflexões e críticas, sensibilização, entre outros.  A efetividade dessa proposta pedagógica teve como eixo norteador o aprofundamento dessas questões que envolvem o encontro entre a teoria e a prática, elas se complementam e acabam por resultar em uma prática de saúde crítica, reflexiva e transformadora. A gestão dos serviços de saúde deve garantir espaços para o desenvolvimento de processos de educação emancipatória que visem à construção conjunta de respostas às necessidades de saúde dos grupos sociais que compõem os territórios para o aprimoramento das práticas em saúde.

Pesquisa Ação; Visita Domiciliar; Necessidades e Demandas de Serviços de Saúde;Enfermagem de Atenção Primária