Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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O VERSUS COMO FERRAMENTA TRASFORMADORA NA FORMAÇÃO MÉDICA – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Paula Evangelista Ferreira, Vladimir Yuri Braga Ramos

Última alteração: 2015-11-11

Resumo


A formação médica tradicional, elitizada e de cunho quase exclusivamente bancário, reproduz de diversas formas o modelo médico hegemônico tão visto no sistema de saúde. Por compreender o cuidado integral como uma prática multiprofissional, longitudinal e não hierárquica, uma mudança na formação médica se faz necessária. O trabalho objetiva relatar experiências e afecções relacionadas à formação médica sob o olhar de dois acadêmicos de medicina que foram também viventes de duas diferentes edições do Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VER-SUS) no estado do Piauí no primeiro semestre de 2015. A metodologia escolhida foi a versão de sentido, descrita por Amatuzzi, pois o relato aqui produzido expressa unicamente as afecções pessoais das experiências vividas, e não pretende ser um registro objetivo do que ocorreu. O VER-SUS é um projeto financiado pelo Ministério da Saúde que tem como objetivo principal inserir acadêmicos de diferentes cursos na realidade do Sistema Único de Saúde, de forma a proporcionar uma visão ampla e sólida sobre essa rede, formando profissionais cientes de seu papel como agentes transformadores da saúde brasileira. Durante a vivência possibilitada pelo projeto foi possível perceber nuances na forma como os profissionais médicos se comportam e como são vistos por diferentes grupos de pessoas, outros profissionais, membros de grupos que tem uma prática de saúde complementar e usuários, e também por observação direta. Foi observado que mesmo os médicos bem intencionados e dedicados (que infelizmente se mostram em um número menor que o esperado) encontram certa dificuldade em se relacionar com os outros grupos realizadores de práticas de saúde, sejam eles profissionais de outras áreas ou de práticas complementares ou populares de saúde. O que foi vivenciado tornou possível compreender como o modelo tradicional de ensino da medicina, apesar de aparentemente eficaz em realizar uma boa formação nas práticas técnicas da medicina que não perpassam a comunicação e interação com outros, o mesmo deixa muito a desejar nessa questão. Principalmente na comunicação para a construção de práticas positivas de promoção e prevenção dentro do SUS e em diálogo com outros atores no campo. Diante disso fica clara a importância do novo modelo de formação médica, preconizado pelas novas diretrizes curriculares e viabilizado pelo Programa Mais Médicos, e de vivências como o VERSUS, que permitam uma maior interação entre cursos, uma formação compartilhada e integrada com o atendimento básico e com os outros agentes na área visando um melhor acesso a saúde da população. Buscamos um profissional médico capaz de trabalhar em grupo, de forma horizontal e que dialogue com todas as racionalidades médicas, mas formamos eternos alunos, presos às suas concepções e sem contato com a realidade do sistema.

Palavras-chave


VERSUS; Formação médica; Educação em saúde

Referências


VERCELLI, Lígia de Carvalho Abões. Versões de Sentido: um instrumento metodológico. Cadernos de Pós-Graduação – educação, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 191-195, 2006