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A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: OS CAMINHOS DA SAÚDE MENTAL E A NECESSIDADE DO CAPS III EM DOURADOS/MS
Última alteração: 2016-01-06
Resumo
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo o entendimento sobre a concepção de rede de saúde no âmbito de saúde mental. Sabe-se que a rede corresponde à articulação entre serviços e sistemas de saúde, e às relações entre os trabalhadores que aí atuam, mediante relações de colaboração. O Centro de atenção psicossocial compõe uma temática prioritária da Rede de Atenção Psicossocial - RAPS. Para a saúde mental as ações também têm uma denominação de rede, compondo a Rede de Atenção da Saúde Mental, os centros psicossociais são núcleos do eixo e trabalham em rede com as demais unidades nos níveis de atenção primário, secundário e terciário. O CAPS-AD de Dourados/MS oferece tratamento intensivo e ambulatorial com plano terapêutico individualizado de acordo com as necessidades avaliadas de cada indivíduo, o serviço utiliza a estratégia de redução de danos, psicoterapia individual e de grupo, oficinas terapêuticas, orientação medicamentosa ofertando também apoio aos familiares dos usuários de drogas. O estágio de psicologia no CAPS Ad oportunizou a observação da rotina de trabalho dos profissionais de saúde, sendo estes: técnico de enfermagem, psicólogos, psiquiatra, clínico geral, assistentes sociais e trabalhadores de nível médio e das demandas de usuários. Apresentação A Política Nacional de Saúde Mental busca consolidar um modelo de atenção aberto e de base comunitária. Tendo como proposta a garantia a livre circulação das pessoas com problemas mentais e de alguma dependência pelos serviços, pela comunidade e pela cidade. A Rede de Atenção Psicossocial tem a finalidade de criar, ampliar e articular os pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do SUS Sistema Único de Saúde (Art. 1° da Portaria N° 3.088 de 2011). O objetivo da descrição de experiência é apresentar a necessidade de um processo de internação hospitalar mais ágil e acessível, este que por ser parte do tratamento aos dependentes de substância psicoativas necessita atenção para um método mais eficaz e que não demande tempo para sucessão. Visto que a rede é composta por serviços e equipamentos variados como: Os centros de Atenção Psicossocial (CAPS); os Serviços de Residência Terapêutica (SRT); os centros de Convivência e Cultura, as Unidades de Acolhimento (UAs), e os leitos de atenção integral (em hospitais gerais, nos CAPS III), este último contemplado parcialmente pelo município de Dourados, embora fosse fundamental a implantação de um CAPS III. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: O problema se caracteriza pelo desafio e desenvolvimento de ações para integralizar os setores de apoio de leitos para internação hospitalar. O estágio de psicologia no CAPS Ad oportunizou a observação da rotina de trabalho dos profissionais de saúde, sendo estes: técnico de enfermagem, psicólogos, psiquiatra, clínico geral, assistentes sociais e trabalhadores de nível médio e das demandas de usuários. O funcionamento com a rede funciona geralmente sob a analogia CAPS-AD/Leitos de Internação Hospitalar, esta demanda é maior, pois atua como componente fundamental do tratamento e intervenção a usuários em recaída. Para que ela ocorra, exige um tempo demasiado para o dependente (espera de a unidade reguladora liberar a vaga para o leito de internação) em crise contribuindo para a piora do quadro. Poucas vezes foi utilizada articulação com outras unidades da rede como as residências terapêuticas, os centros de convivência e cultura e quando feitas alcançaram resultados suficientes ao usuário necessitado. RESULTADOS/DISCUSSÃO: A articulação prática dos componentes da rede de atenção psicossocial precisa ser mais utilizada. A proposta teórica da RAPS é bem elaborada. A possível instalação do CAPS III (uma extensão do CAPS-AD que atende em expediente integral) no município forneceria aos usuários leitos de hospitalidade noturna como opção terapêutica e atendimento a possíveis recaídas. A equipe entendeu a necessidade de se trabalhar com a rede a partir do momento em que a demanda preconizava competências externas. Fato este que colaborou para a postura ativa da equipe para articular e se comunicar com os serviços de apoio da rede e de suporte social emancipando uma nova questão: em decorrência do avanço de dependentes –em específico do uso de crack- observou-se uma necessidade de articulação prioritária com as unidades de internação de referência para o município. Atualmente existem poucos leitos, dificultando o tratamento destes dependentes, visto que devido ao caráter compulsivo e crônico da patologia, muitas vezes só consegue iniciar o tratamento através desta abordagem. Deve salientar que o processo de desintoxicação através de uma internação pode ser o passo inicial para o egresso na rede. A falta de um serviço de emergência psiquiátrica no município também dificulta a articulação da rede, visto que este serviço pode ser utilizado como apoio a todos componentes da RAPS, e pode também ter uma função relevante como porta de entrada e triagem para as demais unidades de apoio a saúde municipal.CONSIDERAÇÕES FINAIS: Certamente pensar na instalação do CAPS III no município de Dourados parece longe da realidade, entretanto contribuiria ainda mais para um atendimento mais humanizado a comunidade com ação integral e continuada para os dependentes do uso de álcool, crack e outras drogas. No entanto, a instalação do CAPS III não descartaria em hipótese alguma a utilização da rede de atenção psicossocial, mas tornaria prática e rápida a intervenção com pacientes em crises de abstinência e aqueles que tiverem recaída no tratamento. Em curto prazo e atendo-se a realidade do município com o CAPS-AD, a utilização de uma avaliação periódica dos profissionais de nível superior e nível médio junto aos gestores com metodologias ativas; procedendo com ações para integralizar a rede em suas unidades como apresentação aos técnicos sobre as unidades parceiras que compõe os componentes da RAPS e salientar a necessidade de um CAPS III para o município. Elaborar tal metodologia com enfoque na comunicação da rede para uma articulação do serviço a fim de humanizar os usuários em situação de urgência nos serviços de saúde de forma ágil e oportuna.
Palavras-chave
Rede de Atenção Psicossocial; RAPS; CAPS; Saúde Mental
Referências
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em saúde. Secretaria de Atenção em saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. 3°ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
BRASIL. PORTAL DA SAÚDE. Saúde Mais Perto de Você. Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Disponível em: http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php?conteudo=rede_psicossocial. Acesso em: 11 de setembro de 2015.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria Nº 3.088, de 23 de Dezembro de 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.html. Acesso: 11 de setembro de 2015.