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RELATO DE EXPERIÊNCIA: UMA VISÃO SOBRE O GRUPO TERAPÊUTICO FAMILIAR NA PSIQUIATRIA DE UM HOSPITAL PÚBLICO
Última alteração: 2015-10-31
Resumo
Visto que a Reforma Psiquiátrica e as propostas de desinstitucionalização tenha ganhado ênfase nas últimas décadas, fez-se necessário realizar ações de sensibilização e orientação com os familiares dos portadores de transtornos mentais na clínica psiquiátrica do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro (HBAP), a fim de promover o envolvimento dos familiares em todo o processo, tratamento, recuperação e ressocialização do usuário. Neste contexto, é importante a comunicação e interação entre as diferentes áreas de atuação, formando uma equipe multiprofissional e contribuindo para uma atenção integral e de qualidade a este usuário com sofrimento psíquico. O Grupo Terapêutico Familiar objetivou promover a troca de saberes, experiências, reflexões e discussões dos familiares, o esclarecimento sobre o fluxo de atenção a este paciente e as dúvidas sobre as patologias mais frequentes no campo da saúde mental, contribuindo para despertar a importância sobre a desinstitucionalização desses usuários, o fortalecimento da relação usuário-profissional-família e humanização da assistência. Este trabalho partiu do projeto matriz intitulado: A Educação Permanente e a integração ensino-serviço em Porto Velho-RO: uma análise qualitativa, sob chamada MCTI/CNPq/MS-SCTIE-Decit Nº 08/2013. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência das atividades desenvolvidas na clínica psiquiátrica do HBAP sobre o Grupo Terapêutico Familiar através dos acadêmicos de enfermagem da Fundação Universidade Federal de Rondônia e do projeto de voluntariado da Comissão de Humanização do HBAP no município de Porto Velho-RO. As atividades foram realizadas na última sexta-feira de cada mês a partir de março até agosto de 2015. O Grupo iniciava-se com a recepção dos familiares, pelos profissionais, dando abertura para que todos os envolvidos se apresentassem. Havia a participação do médico psiquiatra, psicóloga, terapeuta ocupacional, gerente do setor, representantes da equipe de Enfermagem, os familiares dos pacientes e os acadêmicos de Enfermagem voluntários da Comissão de Humanização. A cada reunião era explorada uma patologia e ao fim abria-se o espaço para que os familiares fizessem perguntas, relatassem experiências pessoais e compartilhassem seus sentimentos, dificuldades, medos e perspectivas. Ao final de cada reunião os familiares sugeriam o tema do próximo encontro. Na clínica psiquiátrica não havia atividades para se trabalhar com os familiares desses usuários, assim justifica-se que houve muita resistência de participação nas reuniões do grupo, mas que com o passar dos encontros aos poucos houve mais adesão e participação destes. Vale salientar, a relevância da continuidade de ações que promovam o pensamento crítico-reflexivo sobre os portadores de transtornos mentais, proporcionando uma visão ampla de todo esse processo, desde a dificuldade do profissional em exercer suas ações devido à precariedade, a superlotação do setor e escassez de funcionários qualificados; a incompreensão, preconceito, resistência e abandono que os usuários sofrem em relação aos familiares e a sociedade de forma geral;e o apoio a família que também enfrenta preconceitos sociais, desgaste emocional e que acaba sendo refém de um modelo psiquiátrico obsoleto, o qual desconhece as inovações e políticas advindas da Reforma Psiquiátrica.
Palavras-chave
Psiquiátrica; Grupo Terapêutico Familiar; Humanização