Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Acolhimento, Gestão Democrática e GT em uma Unidade de Urgência e Emergência
Felipe gargantini cardarelli, Flavio Dias da Silva, Simone Ribeiro Spinetti, Pollyana Sant’ Ana Mota Dias, Marivani Mendes da Silva

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


APRESENTAÇÃO: A sociedade moderna se transforma de forma rápida e profunda e tem buscado se adaptar às essas constantes mudanças e, associado a isto tentado atender às demandas de uma clientela cada vez mais exigente.  Os novos desafios que se impõe na vida dos cidadãos de uma metrópole com mais de dez milhões de habitantes, o estilo de vida do paulistano, pressupõem mudanças de paradigmas e adequações no modelo de assistência à saúde. (SÃO PAULO, 2015 e DIAS, 2015) Os gestores dos serviços de saúde têm adotado novas posturas que impõem a melhoria do nível da qualidade, na tentativa de suprir estas exigências, e até mesmo superá-las, através de métodos adotados no processo de melhoria contínua da qualidade de serviço de saúde prestado (1). A Secretaria Municipal de Saúde, atenta à realidade identificou a necessidade de racionalizar e hierarquizar a oferta de serviços de saúde no território e propôs a criação, em 2005, das Unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMA). (SÃO PAULO, 2015 e DIAS, 2015) As AMAs tem como finalidade o atendimento não agendado de  pacientes portadores de doenças de baixa e média complexidade, buscando resolutividade, encaminhamento para as unidades básicas de referência ou transferências para rede hospitalar (ASF, 2015). Conta com equipe multiprofissional, incluindo Clínica Médica, Pediatria e Cirurgia Visa ampliar o acesso de pacientes que necessitam atendimento imediato, acolhimento de problemáticas sociais relacionadas à situação do atendimento e agravos de saúde, bem como orientação e direcionamento das disponibilidades e fluxos da rede básica de saúde (ASF, 2015). O AMA Parelheiros, situada no extremo sul da cidade de são Paulo, com funcionamento 24 horas, com características peculiares pela demanda do território em que se situa, sendo uma das poucas referencias para o atendimento emergencial e possui alto atendimento, 14.970 média mensal. A OS Associação saúde da Família (ASF), gestora do território de Parelheiros, baseou na Política Nacional de Humanização (PNH) a implementação do Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR), como forma de garantir atendimento humanizado e de qualidade, além de reforçar o trabalho em rede no território. À partir deste acolhimento, referenciando os usuários às suas unidades de referência  (UBS/ESF), que compõe 85% do território, como forma de reforçar a gestão do cuidado pela Atenção Básica, conforme preconiza a Política Nacional de Atenção Básica (BRASIL, 2012). Pretende-se relatar a experiência desta implantação por meio da criação de um Grupo de Trabalho (GT), composta por funcionários de todos os setores, incluindo representantes médicos, enfermeiros, farmacêuticos, administrativos, serviço social, técnico de Raios X, segurança e higiene, por entender que todos participam do acolhimento na unidade, não sendo papel único da enfermagem e médicos. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: O Ministério da Saúde tem como política, priorizar o atendimento com qualidade e a participação integrada dos gestores, trabalhadores e usuários na consolidação do SUS através de estratégias como PNH (BRASIL, 2004). O acolhimento é uma ação tecno-assistencial, um modo de operar os processos de trabalho com foco na integralidade do cuidado, que pressupõe relações éticas, humanitárias e de solidariedade entre profissional de saúde e usuário e sua rede social, incluindo os instrumentos e conhecimentos técnicos dos profissionais, mas também reconhecendo o usuário como sujeito e participante ativo no processo de produção da saúde. (BRASIL, 2004). O ACCR como dispositivo tecno-assistencial implementado em um serviço como o AMA Parelheiros, permite refletir e transformar modos de operar a assistência na rede, pois através do estudo de sua demanda se revela os modelos de atenção e gestão, as relações de acesso aos serviços e unidades, evidenciando dificuldades de oferta de serviços a população adscrita, permitindo ao Gestor que atue para a solução de problemas. (BRASIL, 2004). Para esta implementação foi realizado um processo de Educação Permanente (EP) com objetivo de sensibilizar e instrumentalizar os profissionais do serviço com ferramentas técnico-assistenciais e protocolares para o acolhimento e classificação de risco. Decidiu-se, juntamente com Apoiador e Gestor da unidade, que a implementação do ACCR seria através da participação dos profissionais, entendendo a importância da sua autonomia e o protagonismo, corresponsabilidade entre eles, melhoria do trabalho em equipe, integração da equipe e principalmente, do reconhecimento que estes profissionais têm mais conhecimento do cotidiano do seu trabalho (BRASIL, 2004). Trabalhou-se com conceito de “Apoio Paidéia” de gestão em saúde apresentado por Campos (2003) como inspiração e balizamento.   O método destina-se a cogestão de coletivos organizados para a produção de valor de uso, ou seja, um método de gestão do trabalho, que tem como pressuposto a construção da democracia organizacional, e tem como objetivo “aumentar capacidade de análise e intervenção” dos coletivos. Campos (2003). Assim, na sequencia das oficinas de EP, os encontros se seguiram, com representantes de todos os plantões e profissões presentes no serviço (de médicos à trabalhadores operacionais) que favoreceu a integração do grupo até que estes se constituíssem em comissão ou Grupo de Trabalho (GT), incentivado pelo Apoiador de território, tendo sido formalizado e apoiado dentro da unidade, considerando opiniões de trabalhadores que não fazem, formalmente, parte do grupo. Este espaço coletivo organizado, participativo e democrático, que funciona à maneira de um órgão colegiado e se destina a implementar e gestar a ACCR no serviço, propondo protocolos, levantando dificuldades, propondo soluções e estratégias ao serviço, junto ao Gestor e Apoiador. RESULTADOS E/OU IMPACTOS:A implementação do ACCR se deu de forma rápida e consistente, devido ao envolvimento dos trabalhadores da equipe. O processo de EP e formação de um GT auxiliaram o processo de integração da equipe dos serviços em seus diferentes turnos e classes profissionais. Deste a implementação houve diminuição de numero de atendimentos, devido a referenciação às unidades de referência. 35 UBS/ESF recebem as informações dos usuários atendidos na AMA Parelheiros, de maneira estruturada e detalhada, buscando ativamente a vinculação, especialmente aqueles sem demanda de pronto atendimento. Essas UBS têm revisto o funcionamento do acolhimento e vinculação com a população adscrita para a sua potencialização, principalmente com aumento de ofertas de vagas e acolhimento contínuo. O GT tem trabalho em rede com as unidades do território, propondo novas ações e disparando novas formas de integração com os serviços em rede e em linha de cuidados.  CONSIDERAÇÕES FINAIS: A gestão democrática ou cogestão, com o envolvimento e participação dos trabalhadores como sujeitos do processo e suas colaborações se mostraram fundamentais para a consolidação do ACCR na unidade, colaborando para um processo de trabalho e de gestão mais democrático, participativo e integrado. Os membros do GT se empoderaram da ACCR e da PNH, tornaram referencias para os demais membros da equipe oferecendo-os ferramentas e trazendo suas dificuldades para o GT. O GT inicia agora uma integração aos profissionais das outras unidades em um GT de Acolhimento ampliado, de território, que facilite rodízio de funções e articulação em rede para disparar outras ações como a de linhas de cuidado.

Palavras-chave


gestão democrática; acolhimento; Classificação de Risco; Urgência e Emergência; saúde pública

Referências


ASF. Associação Saúde da Família. Shttp://www.saudedafamilia.org/projetos/ama/ama.htm

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Politica Nacional de Atenção Básica. Brasília – DF. 2012.

 

CAMPOS, G.W.S. Saúde Paidéia. São Paulo: Hucitec, 2003.

DIAS, P.S.A.M. Proposta De Educação Permanente Para O Gerenciamento Da Qualidade Do Atendimento Da Demanda Espontânea Na Atenção Básica.

SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Saúde. Coordenação da Atenção Básica. Consulta no dia 15/10/2015 http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/atencao_basica/ama/index.php?p=1911