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APRESENTAÇÃO: A produção e o acesso ao conhecimento científico, mesmo com o avanço do modelo open access em nível nacional, ainda estão baseados em modelos fechados e privados. O processo clássico de publicação em ciência é lento, seguindo um padrão sequencial fechado e centralizado. Quando o artigo enfim é publicado, a pesquisa muitas vezes já perdeu sua relevância.O advento de dispositivos que viabilizam a colaboração na Internet, como redes sociais, wikis e blogs, dinamizou a comunicação entre pesquisadores e o público em geral, fazendo surgir modos de produção de conhecimento inovadores, associados a diferentes formas de compartilhamento e validação. Verificamos que isso cria um ambiente eficiente para o progresso da pesquisa científica, pois facilita a interação, a sincronização, a colaboração e a partilha de dados, favorecendo seu avanço e difusão de forma rápida e distribuída.Esse trabalho apresenta uma reflexão sobre as primeiras fases da experiência de produção e edição colaborativa de textos e de uma publicação usando ferramentas interativas da Internet dentro do Curso "Oito Temas para se pensar a Ciência, a Sociedade e as Redes na Era da Complexidade" de caráter misto, presencial e em rede, oferecido no primeiro semestre de 2015, pelo Núcleo de Experimentação de Tecnologias Interativas (Next) da Fiocruz, no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (PPGICS/FIOCRUZ). DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Descrição da experiência: As aulas do Curso Oito Temas foram oferecidas de uma forma mista, tanto presencialmente quanto via web. Os alunos podiam assistir ao curso através da filmagem online da sala de aula que era transmitida via Youtube, gravada e replicada em um Post dentro do grupo do Curso no Facebook, que era aberto para todo e qualquer interessado. No final do semestre, todos os alunos presenciais e em rede foram chamados a fazer seus trabalhos de conclusão de Curso. Os critérios adotados foram os seguintes: o trabalho deveria ser colaborativo utilizando o aplicativo Google Docs e com a participação de no mínimo duas pessoas; eles deveriam abordar algum tema do curso; era permitido qualquer tipo de conteúdo: resenha; apresentação de slide; vídeo; e até "remixes" de conteúdos encontrados na rede, elaborando um texto coerente e dando os devidos créditos. Deveria ter até 14 páginas e eram obrigatórios para todo aluno regularmente inscrito na disciplina oferecida pelo Programa, ou para os participantes virtuais que desejavam certificação. A essa metodologia demos o nome de Processo de Produção e Edição Colaborativa do Ebook do Curso. Em um primeiro momento, na fase de produção colaborativa dos textos, um documento do Google.Docs foi criado para os alunos inserirem os títulos dos trabalhos com os nomes dos autores e os links de acesso. Eles eram compartilhados de forma aberta para que outros alunos pudessem visualizar e comentar. Foram escritos 10 textos com no mínimo dois autores cada, no período estipulado de um pouco mais de um mês. Em um segundo momento, fase atual, de avaliação, revisão e melhoria dos textos, tendo como prazo três semanas, pareceristas foram convocados no grupo do Facebook para desempenharem as seguintes funções: ler no mínimo dois textos apresentados, sugerindo, em comentários, mudanças ou melhoras em seu conteúdo. Treze pessoas, dentre autores e alunos virtuais do curso, se juntaram à equipe de edição como pareceristas. Para cada texto avaliado, o parecerista deveria enviar um Formulário onde respondia a 6 questões: (1) o artigo possui condições mínimas de publicação; (2) o texto tem um propósito claro, apresenta ou induz a uma reflexão? (3) Possui menos que a quantidade mínima ou mais que a quantidade máxima de páginas? (4) Está explicita a relação do texto com o curso? (5) Necessita de melhoria gramatical ou adaptação às regras de citação e referências? Em todos os casos, o parecerista era também estimulado a fazer observações na forma de comentários nos textos avaliados. Devemos observar que em todas as fases, para chamar a atenção dos alunos para o processo colaborativo, um Post com uma plaqueta (imagem com título da ação e a indicação “E-book do Curso”) era publicado no grupo do Facebook do Curso indicando a fase do Processo de Produção do E-book. Atualmente estamos na última semana de avaliação e os autores foram chamados para entrarem no processo de revisão e modificação dos textos, de acordo com os comentários dos pareceristas. Nessa fase, cabe aos autores além de lerem todas as sugestões, a tarefa de escolher as alterações mais pertinentes e modificá-las ou não. Nossa expectativa ao longo dessas duas fases da produção e edição era de que além dos textos serem criados coletivamente, fossem inseridas práticas de revisão que incorporassem formas de avaliação social através de comentários por parte dos “pares”, gerando sinergia entre os participantes. Pudemos perceber que nem sempre é fácil iniciar uma produção colaborativa usando recursos da web 2.0 entre pessoas que nunca, ou muito raramente usam tais ferramentas.  O pré-requisito para que os links dos trabalhos fossem compartilhados desde o início para que todos pudessem ver, não foi de imediato acatado por todos. Alguns preferiram escrever o texto no Word, da forma tradicional, e só no fim disponibilizar o texto completo. O que causa inevitavelmente uma multiplicidade de cópias e dificulta a colaboração. Em nosso caso esta dificuldade foi reduzida devido ao fato de o curso ter tido como um dos temas a reflexão sobre novas formas de produção de conhecimento. Através dessa experiência foi possível vivenciar e refletir sobre as diferentes fases da produção do conhecimento científico, dando um caráter inovador para a função do parecerista que no fim ganhou mais ares de parceiro de escrita do que de um mero avaliador de trabalho. CONSIDERAÇÕESFINAIS: A experiência ainda não está de todo acabada, mas ela permitiu a incorporação de uma nova forma de comunicação científica baseada na prática da ciência aberta e colaborativa, fundamentando os primeiros aspectos que podem ser utilizados no amadurecimento de formas inovadoras de construção do conhecimento.

Inovação, Novas Formas de Produção de Conhecimento, Interatividade, Colaboração