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PLANEJAMENTO FAMILIAR: CONHECIMENTO DE MULHERES PARTICIPANTES DE UMA AÇÃO EDUCATIVA EM UMA UNIDADE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL DE SANTARÉM, PA
Última alteração: 2015-12-17
Resumo
APRESENTAÇÃO: O Planejamento Familiar (PF) compreende as ações voltadas para regulação da prole, através da concepção e da contracepção. Este programa é regulamentado pelo governo brasileiro, que institui por meio da lei Nº 9.263 de 1996, que todo cidadão dispõe do direito de livre e consciente escolha a cerca de sua fecundidade e que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve disponibilizar orientações e métodos contraceptivos como aspecto inerente à saúde e ao bem-estar social. Desta forma, torna-se essencial favorecer a população informações frente à contracepção, visto que envolve uma série de implicações biológicas, familiares e sociais, onde os enfermeiros, principalmente os atuantes na Estratégia Saúde da Família (ESF) devem exercer papel fundamental na atenção primária, já que é de sua competência tornar a população capaz de discernir de forma autônoma e segura sobre o meio, método ou técnica para reproduzir ou evitar a gestação. Porém há uma gama de fatores que dificultam a execução deste programa, por exemplo, o déficit de recursos, conhecimentos e tempo, assim como a mínima disseminação na cidade de Santarém, tornando o programa pouco utilizado em termos de saúde pública. De acordo com esta premissa, este estudo buscou identificar o conhecimento de mulheres participantes de uma ação educativa acerca do Planejamento Familiar. DESENVOLVIMENTO: Trata-se de um estudo de com abordagem quantitativa realizado em uma Unidade Municipal de Educação Infantil de Santarém, no Estado do Pará, Brasil. A população constituiu-se de 19 mães e/ou responsáveis pelas crianças devidamente matriculadas nesta instituição. Para alcance do objetivo supracitado foi aplicado um questionário antes e após a intervenção. Efetuou-se ainda educação em saúde com o auxílio de um álbum seriado acerca da temática em questão. RESULTADOS: A partir da análise dos dados coletados observou-se que 53% das pesquisadas eram solteiras, 5% casadas, 32% permaneciam em união estável e 10% não informaram o seu estado civil, já a faixa etária das participantes compreendia a média de 30 anos, em relação à escolaridade a maioria das mulheres (58%) finalizaram o ensino médio, 26% não concluíram o ensino fundamental, 11% cursaram o ensino superior e 5% não informou a respeito deste dado. A média de gestações era de 2 filhos por mulher, a questão posterior referia-se a preparação psicológica e econômica das mulheres/família para procriação de outro filho, onde 68% responderam não estar preparadas, retrucaram sim uma taxa de 16% e não replicaram esta questão 16%, logo observou-se que a maior parte das mulheres (63%) utilizavam algum meio para contracepção, sendo que o método mais utilizado pela amostra foi o anticoncepcional (oral) com 41%, em seguida o preservativo (25%), posteriormente o anticoncepcional (injetável) 17% e a laqueadura também com 17%. Em relação ao planejamento familiar notou-se que antes da educação em saúde 68% alegavam conhecer o programa, porém, após a realização da intervenção houve um aumento para 95%. Outro ponto discutido pelos pesquisadores foi sobre abordagem da enfermagem pertinente ao PF, à quantia de 53% garantiu nunca ter recebido orientações sob o respectivo assunto pela enfermagem, 37% afirmaram que já haviam recebido e 11% não redarguiram a questão. As participantes foram ainda questionadas a respeito das atividades realizadas no programa Planejamento Familiar, sendo que 68% responderam corretamente a arguição, ou seja, que este fornece principalmente orientações a cerca de métodos contraceptivos, posteriormente essa taxa acresceu para 74%. As demais questões visavam identificar de maneira mais específica o conhecimento pré-existente sobre as ações realizadas no PF, dessa forma, as participantes foram questionadas a cerca de qual método prevenia tanto as doenças sexualmente transmissíveis como a gravidez, 100% responderam de forma correta atribuindo ao preservativo essa característica. Posteriormente, as mulheres foram interrogadas sobre uso prolongado dos anticoncepcionais orais e injetáveis, bem como o efeito destes manejos sob a saúde feminina, 47% respondeu que os anticoncepcionais quando usados por um longo período de tempo ocasionam danos à saúde feminina, após a realização da educação em saúde esse número elevou para 63%, uma melhoria pequena, porém significativa em termos de pós-intervenção, baseando-se na premissa que, previamente, grande parte do universo amostral, compactuava com dúvidas em relação a este aspecto, assim como aos demais métodos contraceptivos, suas respectivas utilizações na saúde global e reprodutiva do indivíduo/casal. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O programa de planejamento familiar é considerado como uma estratégia importante para melhor desempenho na manutenção reprodutiva da família, estimado como uma estratégia básica em termos de atenção primária e educação em saúde em relação à enfermagem. Assim, é necessário que haja acompanhamento eficaz tanto individual quanto coletivamente para os indivíduos/casais, visando o rapasse do conhecimento fidedigno a cerca dos métodos contraceptivos. Através da amostra em questão, foi perceptível que a relação da enfermagem com a população é extremamente necessária, haja a vista que proporciona troca constante de saberes e experiências, todavia ainda é relapsa, e ressalvam-se como sugestão os incentivos a essas práticas partindo dos órgãos governamentais competentes, pois desta maneira, possivelmente, funcionará de acordo com o previsto em lei. Considerando os resultados verificou-se a deficiência na atuação do profissional enfermeiro perante a amostra pesquisada, visto que as mulheres mostravam-se com dúvidas ao que concerne o funcionamento e principalmente sobre as repercussões dos métodos contraceptivos antes da realização da educação em saúde pelos pesquisadores. As melhorias referentes ao conhecimento pós-intervenção não foram totalmente satisfatórias, sendo inegável que ainda restaram lacunas indicativas às ações do PF, porém a aprendizagem de qualquer conhecimento não acontece de qualquer maneira, se trata de uma construção cotidiana, à proporção que o individuo aprofunda-se e se propõe a aprender. Portanto, é válido afirmar que se reforcem os trabalhos de PF na comunidade em questão, assim como na população em geral, ressaltando sua importância no contexto social. Destacando que o objetivo do estudo foi alcançado, uma vez que foi traçado o panorama de conhecimento das mulheres, onde estas aceitaram de forma parcialmente positiva e construtiva as orientações expostas e houve crescimento científico para os pesquisadores evidenciado através da reflexão gerada pelo levantamento de dados, havendo subsídios norteadores para novas pesquisas, incentivando o protagonismo e a humanização aos pesquisadores envolvidos.
Palavras-chave
Planejamento Familiar, Educação em Saúde, Enfermagem.
Referências
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