Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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INFECÇÃO PELOS VÍRUS DAS HEPATITES A, B E C EM REMANESCENTES DE QUILOMBO DE MATO GROSSO DO SUL
Livia S A Lima Guedes, Barbara Vieira Lago, Larissa Melo Bandeira, Sabrina Moreira Weis, Gabriela Alves Cesar, Tayana Serpa Ortiz, Grazielli Rocha de Rezende, Ana Rita Coimbra Motta-Castro

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: As hepatites virais são um importante problema de saúde pública mundial. Durante o período escravocrata, africanos cativos que fugiam para refúgios, instalavam-se em comunidades afastadas de centros urbanos e de difícil acesso chamadas de Quilombos. O presente estudo tem como objetivo caracterizar os aspectos epidemiológicos, sorológicos e moleculares das hepatites A, B e C em uma comunidade afrodescendente do Centro-Oeste do Brasil, Furnas dos Dionísios (FD), dez anos após o primeiro estudo ter sido conduzido. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: amostras de soro provenientes de 198 indivíduos que se voluntariaram a participar da pesquisa foram submetidas à detecção de anti-HAV total, HBsAg, anti-HBc total, anti-HBs e anti-HCV utilizando imunoensaio enzimático (ELISA). Parte da região pré-S/S do HBV-DNA foi amplificada pela reação em cadeia da polimerase (semi-nested PCR). RESULTADOS: a prevalência global para a infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) na população estudada foi de 33,4% (IC 95%: 26,8-39,9) e a positividade para o HBsAg foi de 5,6% (IC 95%: 2,4-8,7). O padrão sorológico de infecção passada, anti-HBs associado ao anti-HBc, foi observado em 55 (27,8%; IC 95%: 21,5-34) indivíduos. Anti-HBs isolado foi detectado em 49% (IC 95%: 42-56) dos indivíduos estudados, provavelmente resultado de vacinação prévia. A presença de HBV-DNA foi testada em 7 amostras HBsAg positivas. As cargas virais do HBV variaram de 2,4 x 101 a 5,8 x 103 UI/mL (média 1,5 x 103 UI/mL). A prevalência de infecção oculta pelo HBV em 26 afrodescendentes com positividade para anti-HBc total associado ao anti-HBs foi de 11,5%. Com relação a presença de anticorpos contra o vírus da hepatite A (HAV), a prevalência global observada foi de 63,7% (IC 95%: 56,9-73,3). Não foi encontrada positividade para o marcador sorológico de infecção pelo HCV. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Esses resultados preliminares demonstram a manutenção de elevadas taxas de infecção por HAV e HBV em FD. Estudos em populações afrodescendentes são necessários para o desenho de estratégias eficazes de prevenção e controle das hepatites virais bem como para a compreensão da dinâmica evolutiva do HBV entre África e Brasil.

Palavras-chave


epidemiologia; hepatites virais; afrodescendentes