Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Estudo sobre o acolhimento a pessoas em situação de violência no Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP/UFF)
Sonia Maria Dantas Berger, Elizabeth Clarkson, Felippe Raphael de Oliveira Previdi, Luciana Morais Rabelo

Última alteração: 2016-04-28

Resumo


A Organização Mundial da Saúde reconhece a violência como um problema de saúde pública (Dahlberg& Krug, 2007). Porém, no cenário brasileiro, a integração da atenção a tal problemática ainda é insatisfatória na formação e na atenção em saúde. A pesquisa busca produzir conhecimentos que colaborem para a melhoria da atenção a pessoas em situação de violência, partindo de um diagnóstico situacional do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP-UFF), contando com a participação de professores da Saúde Coletiva, acadêmicos de Medicina, alunos de iniciação científica e estudantes de Psicologia e Serviço Social de programa de desenvolvimento acadêmico,  todos integrantes de projetos  inseridos na linha de pesquisa ‘Atenção Integral a Pessoas em Situação de Violência’ do Grupo de Estudos em Gerência e Ensino em Saúde do Instituto de Saúde Coletiva (GEGES/ISC/UFF). Trata-se de um estudo de caso exploratório e descritivo de natureza qualitativa, com duração inicial de 18 meses (etapa I de análise documental e entrevista estruturada, etapa II de observação de atendimentos e realização de entrevistas semi-estruturadas e etapa III de entrevista a gestantes e puérperas atendidas na maternidade). No semestre 2014-II, fase exploratória da investigação, aprofundamos conhecimentos sobre o problema da violência, linhas de cuidado em saúde normatizadas, rede intersetorial de atenção e rotas críticas percorridas, bem como sobre especificidades da pesquisa qualitativa em saúde, marcos teórico-conceituais  e éticos  necessários à abordagem do tema (gênero, direitos humanos, entre outros) e dados gerais sobre o campo de pesquisa (HUAP). Entre março e  setembros de 2015 ajustaram e concluíram os questionários e o roteiro de entrevistas semi-estruturadas. Realizamos pré-testes entre os membros do projeto enquanto aguardávamos a aprovação da pesquisa pelo CEP e, quando a mesma foi liberada, passamos para a fase de análise documental, explorando dados das fichas de notificação de casos de violência disponibilizadas pelo setor de vigilância epidemiológica do HUAP-UFF,  partindo de 2011 (ano em que a notificação de todos os tipos de violência passou a ser compulsória) até os dias atuais. A análise de prontuários de usuárias(os) que tiveram seus casos notificados encontra-se em processo de desenvolvimento. Em paralelo, na emergência obstétrica do hospital, iniciamos levantamento sobre o motivo de entrada das mulheres/usuárias no setor (segundo livro de registro inicial dos casos), selecionando aqueles de violênciapara serem analisados no seguimento/ desfechos intrasetoriais (na saúde) e intersetoriais (na rede) dos casos. A partir de outubro/2015 planeja-se dar início às entrevistas com profissionais e usuárias. As atividades desenvolvidas demonstram a potencialidade teórico-metodológica do projeto em redimensionar a formação e a prática de estudantes e profissionais sob o eixo da ‘Integralidade em Saúde’ (Mattos,  2009), contribuindo de forma inovadora para a  produção e o avanço do conhecimento científico. O estudo vem dando já maior visibilidade aos fluxos e demandas envolvidos nos casos de violência atendidos na unidade de saúde, bem como envolvendo, pouco a pouco, profissionais de saúde, estudantes e professores em amplo processo de problematização do acolhimento prestado.

Palavras-chave


Violência, violência sexual, violência contra a mulher, Integralidade em Saúde, notificação compulsória

Referências


DAHLBERG, L; KRUG, EG. Violência: um problema global de saúde pública. Ciência & Saúde Coletiva, 11(Sup): 1163-1178, 2007.

MATTOS, R.A. Princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e a humanização das práticas de saúde. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, v. 13, supl.1, p. 771-780, 2009.