Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Linha de cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio – IAM, desafios para sua implantação no estado da Paraíba
EDMILSON CALIXTO DE LIMA, Eric Alves Peixoto, JULIANA SAMPAIO

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


O presente trabalho pretende apresentar os principais desafios e propostas do estado da Paraíba para a garantia da linha de cuidado do IAM. O trabalho parte da prática cotidiana vivenciada por dois dos autores como técnicos da Coordenação Estadual de Urgência e Emergência da Secretaria Estadual de Saúde da Paraíba no período de março a outubro de 2015, que estão atuando no acompanhamento do processo de implantação da primeira etapa do Plano de Ação Regional da Rede de Urgência e Emergência do Estado da Paraíba – PAR RUE. Este plano se encontra aprovado pela Coordenação Geral da Rede de Atenção às Urgências e Emergências do Ministério da Saúde – MS, através da Portaria GM 1.524/13 e em execução pela Coordenação Estadual de Urgência e Emergência. A linha de cuidado do IAM foi elencada como prioritária dentro da Rede de Urgência e Emergência – RUE, estabelecida através da Portaria GM 1600/11nos art. 3º §4º e sua implementação deverá ocorrer gradativamente, em todo o território nacional, atendendo o que preconiza a referida portaria. De acordo com os dados do Departamento de Informática do SUS (DATASUS) e do Ministério de Saúde, as doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morbidade, incapacidade e morte no mundo e no Brasil. A região nordeste ocupa o segundo lugar por mortes por doenças do aparelho circulatório e no estado da Paraíba 7.322 pessoas morreram em 2010 por esta causa, sendo que 2.155 dessas mortes foram por doenças isquêmicas do coração, 1.841 por IAM e 11 por angina pectoris. A importância da linha de cuidado em IAM para a rede estadual pode ser avaliada quando se constatam os números representados pelas doenças cardiovasculares e seu impacto na morbimortalidade da população. O estado da Paraíba, ainda tem que avançar muito na sua rede de serviços voltados para atendimento de pessoas com problemas no aparelho circulatório. De acordo com o Plano de Regionalização da Saúde, ele está dividido em quatro macrorregiões de saúde, entretanto, o atual PAR RUE teve a primeira fase aprovada contemplando apenas a primeira macrorregional de saúde, com polo em João Pessoa. Esta macrorregião é que composta por 65 dos 223 municípios do estado, representando uma concentração de 29,14% dos municípios, com 47,82% da população. Nesse plano foram aprovados 30 leitos de Unidade Coronariana – UCO, 05 leitos no Hospital General Edson Ramalho, 05 no Hospital Don Rodrigo, 10 no Instituto do Coração do Estado da Paraíba e 10 Hospital Prontoco/SAS, sendo que esse último encontra-se fechado de acordo com o CNES desde outubro de 2013, apenas os leitos do Hospital Don Rodrigo foram habilitados até o momento. Dentre os estabelecimentos aprovados apenas o hospital Don Rodrigo dispõe de hemodinâmica intervencionista para realização de cateterismo cardíaco, angioplastia coronariana e implante de marca-passo, o estado não conta com nenhum serviço público para atendimento de hemodinâmica intervencionista o que dificulta ainda mais a implantação da linha de cuidado do IAM dependendo exclusivamente de rede privada conveniada ao SUS. Esta, por sua vez, se restringe a três hospitais, dos quais 2 em João Pessoa: Instituto do Coração do estado da Paraíba, com 10 leitos aprovados em UCO, mas ainda não habilitados e Hospital Dom Rodrigo, e 01 em Campina Grande: Hospital João XXII, que trabalha com deficiência por problemas técnicos. Além disso, apenas o SAMU de João Pessoa vem utilizando o uso de trombolíticos, de forma incipiente e sem a devida pactuação exigida pela Portaria GM 2.777/14, diminuindo as chances de sobrevida dos pacientes acometidos pelo IAM pois, sabe-se que 40% - 65% dos casos morrem na primeira hora e 80% nas primeiras 24 horas, quando sem tratamento adequado (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2009). A atual distribuição geográfica e perfil de assistência dos serviços e unidades disponíveis na rede estadual requerem, por um lado a habilitação dos leitos de UCO já aprovados no PAR RUE para a primeira macrorregião de saúde e a adequação, aprovação e habilitação de novos serviços com o perfil de atendimento voltado para o aparelho circulatório para as demais macrorregiões do estado. Também é fundamental que as 10 UPAS em funcionamento do estado sejam integradas a RUE por meio de sistema de regulação garantindo a integralidade do cuidado, além da capacitação de todos os profissionais para utilização da terapêutica fibrinolítica, tendo em vista que a utilização dessa terapêutica é eficaz nas primeiras 12 horas e que abrevia o tempo de isquemia miocárdica aguda e reduz o tamanho do IAM. Isso resulta em menor mortalidade - não só hospitalar como pré-hospitalar, bem como diminui suas complicações imediatas e tardias, quanto mais precoce for aadministração da terapêutica fibrinolítica, menor a mortalidade e o grau de disfunção ventricular (SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA, 2009). Assim, o desafio do estado é organizar a nova formatação do Plano da Rede Estadual de Urgência e Emergência que amplie a capacidade resolutiva dos serviços já existentes na rede e incorpore novos serviços nas macrorregionais sem referência estabelecida, de tal forma que seja possível efetivar a RUE na garantia da assistência necessária a toda a população do estado nos eventos de IAM. Como processo facilitador se propõe primeiramente consolidar a implantação da linha do IAM na primeira macrorregião e que essa possa servir como suporte para as demais regiões utilizando as expertises vivenciados pelos profissionais inclusive com utilização de tecnologia da telemedicina.

Palavras-chave


Infarto agudo do miocárdio; Linhas de cuidado: Urgência e emergência

Referências


BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 4279 de 30 de dezembro de 2010. Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 2994 de 13 de dezembro de 2011. Aprova a Linha de Cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio e o Protocolo de Síndromes Coronarianas Agudas, cria e altera procedimentos na Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do SUS.

BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 1600 de 07 de julho de 2011.Reformula a Política Nacional de Atenção às Urgências e institui a Rede de Atenção às Urgências no Sistema Único de Saúde (SUS).

BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 1.524 de 24 de julho de 2013. Aprova a Etapa I do Plano de Ação da Rede de Atenção às Urgências do Estado da Paraíba e Municípios, e aloca recursos financeiros para sua implantação - Bloco da Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar.

BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 2.777 de 18 de dezembro de 2014. Regulamenta o financiamento e uso do medicamento trombolítico Tenecteplase no âmbito do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192).

CNES: Disponível em:http://cnes.datasus.gov.br/

DATASUS: Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php

PARAÍBA, Secretaria de Estado da Saúde, Plano Diretor de Regionalização da Paraíba – PDR-PB. João Pessoa, Julho de 2008. Disponível: http://www.saude.pb.gov.br/site/PDR08.pdf

IV Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia: Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST. Arq. Bras. Cardiol. Vol. 93 no.6 supl.2. São Paulo, 2009. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2009001400001.