Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Rastreamento de Transtornos Mentais Comuns em fumicultores no município de Candelária, RS, Brasil
Graziella Chaves Trevilato, Marilise Oliveira Mesquita, Deise Lisboa Riquinho, Eliziane Ruiz, Vilma Constância Fioravante dos Santos, Michelle da Silva Schons, Nathalia Lima, Evandro de Oliveira Lucas

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: O estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor brasileiro de fumo, sendo Candelária um dos municípios gaúchos em que é expressivo este tipo de cultivo. Os agricultores do tabaco estão suscetíveis a determinados adoecimentos, em especial os Transtornos Mentais Comuns (TMC), como ansiedade, depressão e somatização, que podem estar ligados ao uso de agrotóxicos. O objetivo deste estudo é rastrear os Transtornos Mentais Comuns em agricultores de fumo no município de Candelária - RS. DESENVOLVIMENTO: Este trabalho apresenta os resultados preliminares de um estudo epidemiológico vinculado à pesquisa intitulada “Impactos do cultivo do tabaco na saúde do trabalhador e na qualidade do solo e água em propriedades dos municípios da ‘Metade Sul’ do RS”, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRGS sob o parecer nº 18647813.5.0000.5347. A amostra foi composta por 80 famílias (156 pessoas) do município de Candelária - RS. Os dados foram coletados durante o período de janeiro de 2014 a julho de 2015, por meio de dois questionários, um individual para caracterização sociodemográfica e de saúde, e outro coletivo, para descrever as características da unidade produtiva do cultivo do tabaco. Também foi aplicado o instrumento SRQ-20 para todos os participantes. O Self-ReportingQuestionnaire(SRQ-20), desenvolvido pela OMS, é utilizado para rastreamento de  Transtornos Mentais Comuns (TMC), especialmente em grupos de trabalhadores. RESULTADOS: Dos 156 agricultores, 51% eram do sexo feminino, e as idades dos entrevistados variaram entre 18 e 87 anos. Dentre as 80 famílias, 79 delas utilizavam pelo menos uma classe de agrotóxico, sendo que 61% das pessoas entrevistadas aplicavam agrotóxicos. A prevalência de TMC nestes agricultores foi de 18%. O instrumento SRQ-20 teve resultado positivo em 10% dos homens e 25% das mulheres, e a concomitância entre a ocorrência de TMC e outras variáveis foi de 10% para a aplicação de agrotóxicos, 8% para a depressão auto referida, e 6% para endividamento. Apenas um entrevistado não possuía nenhuma atividade de lazer. O tempo de cultivo nas propriedades variou de um a 60 anos. Das 80 famílias, 66% manifestaram o desejo de parar com o plantio do fumo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As análises preliminares apontam a vulnerabilidade destes trabalhadores para o adoecimento por Transtornos Mentais Comuns. O excessivo manuseio e manipulação de agrotóxicos em todas as fases do desenvolvimento da planta aumentam esses riscos. É urgente maior visibilidade aos agravos específicos desta população, com a efetivação de medidas de proteção, prevenção e recuperação da saúde física e mental destes trabalhadores.

Palavras-chave


promoção da saúde do trabalhador rural; transtornos mentais comuns.