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Rastreamento de Transtornos Mentais Comuns em fumicultores no município de Candelária, RS, Brasil
Última alteração: 2015-11-23
Resumo
APRESENTAÇÃO: O estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor brasileiro de fumo, sendo Candelária um dos municípios gaúchos em que é expressivo este tipo de cultivo. Os agricultores do tabaco estão suscetíveis a determinados adoecimentos, em especial os Transtornos Mentais Comuns (TMC), como ansiedade, depressão e somatização, que podem estar ligados ao uso de agrotóxicos. O objetivo deste estudo é rastrear os Transtornos Mentais Comuns em agricultores de fumo no município de Candelária - RS. DESENVOLVIMENTO: Este trabalho apresenta os resultados preliminares de um estudo epidemiológico vinculado à pesquisa intitulada “Impactos do cultivo do tabaco na saúde do trabalhador e na qualidade do solo e água em propriedades dos municípios da ‘Metade Sul’ do RS”, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRGS sob o parecer nº 18647813.5.0000.5347. A amostra foi composta por 80 famílias (156 pessoas) do município de Candelária - RS. Os dados foram coletados durante o período de janeiro de 2014 a julho de 2015, por meio de dois questionários, um individual para caracterização sociodemográfica e de saúde, e outro coletivo, para descrever as características da unidade produtiva do cultivo do tabaco. Também foi aplicado o instrumento SRQ-20 para todos os participantes. O Self-ReportingQuestionnaire(SRQ-20), desenvolvido pela OMS, é utilizado para rastreamento de Transtornos Mentais Comuns (TMC), especialmente em grupos de trabalhadores. RESULTADOS: Dos 156 agricultores, 51% eram do sexo feminino, e as idades dos entrevistados variaram entre 18 e 87 anos. Dentre as 80 famílias, 79 delas utilizavam pelo menos uma classe de agrotóxico, sendo que 61% das pessoas entrevistadas aplicavam agrotóxicos. A prevalência de TMC nestes agricultores foi de 18%. O instrumento SRQ-20 teve resultado positivo em 10% dos homens e 25% das mulheres, e a concomitância entre a ocorrência de TMC e outras variáveis foi de 10% para a aplicação de agrotóxicos, 8% para a depressão auto referida, e 6% para endividamento. Apenas um entrevistado não possuía nenhuma atividade de lazer. O tempo de cultivo nas propriedades variou de um a 60 anos. Das 80 famílias, 66% manifestaram o desejo de parar com o plantio do fumo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As análises preliminares apontam a vulnerabilidade destes trabalhadores para o adoecimento por Transtornos Mentais Comuns. O excessivo manuseio e manipulação de agrotóxicos em todas as fases do desenvolvimento da planta aumentam esses riscos. É urgente maior visibilidade aos agravos específicos desta população, com a efetivação de medidas de proteção, prevenção e recuperação da saúde física e mental destes trabalhadores.
Palavras-chave
promoção da saúde do trabalhador rural; transtornos mentais comuns.