Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A utilização de técnicas de Diagnóstico Rural Participativo em oficinas de construção de material educativo para prevenção e controle da Leishmaniose Tegumentar Americana na Terra Indígena Xakriabá
Juliana Lúcia Costa Santos, Marilene Barros de Melo, Ana Flávia Quintão Fonseca, Érica Dumont Pena, Raquel Aparecida Ferreira

Última alteração: 2015-11-04

Resumo


A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença em expansão na Terra Indígena (TI) Xakriabá e de difícil controle, devido às características ambientais, sociais e culturais da região. Entre os anos de 2011 e 2013 foi realizado um estudo com o desenvolvimento de uma cartilha, na estrutura de narrativa, sobre as formas de prevenção e controle da LTA, com a participação de representantes da população de duas aldeias de maior casuística da doença na TI. Atualmente, um novo trabalho vem sendo realizado em todos os pólos de Saúde/Educação da região, visando à construção de estratégias complementares de utilização dessa cartilha em toda TI. Seguindo ainda uma perspectiva de participação popular, foram usadas duas ferramentas de Diagnóstico Popular Participativo (DRP), o Mapa Falado e a Matriz de Prioridade, em oficinas voltadas à elaboração dessas estratégias. A primeira é uma técnica de caráter exploratório, que consiste na produção conjunta de mapas, utilizando elementos encontrados no próprio ambiente ou materiais fornecidos por pesquisadores. A segunda permite estabelecer uma hierarquia de problemas identificados em uma determinada comunidade, fazendo os participantes refletirem sobre a priorização a ser dada nas soluções dos problemas encontrados. O dispositivo de mapeamento territorial propiciou uma discussão ampliada sobre as características ambientais, físicas e sociais do território, que possuem grande relação com a transmissão da doença. Os mapas buscaram retratar a realidade de cada um dos nove pólos de Saúde/Educação que integram a comunidade. O desenvolvimento dessa técnica foi registrado através de gravações, que foram transcritas e analisadas. A partir das análises das transcrições foram definidas algumas unidades temáticas, que caracterizaram o material, tais como, a importância da água, a seca, a vegetação, a poluição ambiental, o trabalho, moradia, a saúde, entre outras. Com essas unidades foi construída uma matriz de prioridade adaptada, onde os participantes, em cada pólo, hierarquizaram aquelas unidades que julgaram ter maior grau de relação com a LTA. A utilização dessas duas ferramentas de DRP promoveu, além de um reconhecimento territorial, uma reflexão sobre a relação de seus elementos com a doença, o que subsidiou, num segundo momento de oficina, a construção de estratégias complementares de forma a explorar o conteúdo da cartilha. Os participantes esboçaram diversas propostas de atividades lúdicas e pedagógicas, como também de material informativo, tais como cantigas, brincadeiras de roda, jogos de tabuleiro, gráficos de prevalência, dentre outras. O próximo passo da pesquisa será a produção de protótipos dos materiais produzidos, que serão testados e validados nas escolas, unidades de saúde e outros espaços de interlocução da comunidade local. Conclui-se que o uso de técnicas de DRP nas oficinas de construção de material educativo para prevenção e controle da LTA foi fundamental para o reconhecimento do coletivo de participantes da pesquisa quanto às especificidades de seu território, em sua dimensão humana, ecológica, ética e política e, a partir delas construírem ferramentas que possam colaborar no controle e prevenção da LTA.

Palavras-chave


Leishmaniose Tegumentar Americana; Prevenção; Participação Popular