Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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HUMANIZAÇÃO E FORMAÇÃO EM SAÚDE: SABERES E PRÁTICAS DE PARTICIPANTES DO PET-SAÚDE NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
MARGARIDA MARIA BENEVIDES MEDEIROS

Última alteração: 2015-10-29

Resumo


Este estudo objetiva analisar como ocorre a inserção da humanização na formação dos alunos participantes do PET – Saúde da Universidade Estadual do Ceará (UECE), na perspectiva da articulação ensino-serviço-comunidade. É um estudo de caso com abordagem qualitativa, desenvolvido junto aos participantes do PET- Saúde Fortalecendo a Rede de Assistência à Saúde da Gestante e da Criança em Maracanaú, perfazendo um total de 13 sujeitos. Os instrumentos de coleta de dados a entrevista semiestruturada e o grupo focal. Os dados foram examinados com base na Análise de Conteúdo, numa perspectiva crítico-reflexiva. Os resultados evidenciaram a pluralidade de percepções sobre a humanização, o que denota a polissemia deste termo. Os entrevistados entendem a humanização como integrante das relações intersubjetivas no âmbito do trabalho em saúde mediante uma relação profissional-usuário sinalizando interface com a integralidade. Embora problematizem a humanização em saúde, por a entenderem como intrínseca à natureza do humano. No âmbito específico da formação em saúde, apontam que a inserção da humanização na graduação se dá modo heterogêneo nos distintos cursos, em que na Medicina e na Enfermagem há aparentemente maior inclusão na matriz curricular, sendo que Biologia e Medicina Veterinária, por exemplo, ainda não incluíram a humanização na matriz curricular. No âmbito das práticas formativas desenvolvidas, apontam o desenvolvimento de grupos de discussão sobre a humanização e a mudança nos serviços de saúde por meio da implementação de princípios e diretrizes da Política Nacional de Humanização. Por outro lado, ocorreu fragilidade na integração ensino-serviços, expressa na baixa inserção dos monitores nas unidades de saúde, limitando a formação pelo trabalho, bem como a possibilidade de mudanças do modelo de atenção fomentada pelas contribuições da Universidade. Contudo,  o PET-Saúde se mostrou como espaço de formação sobre humanização, com potência para a reorientação da formação em saúde, por meio da inclusão da temática em questão. Por fim, entende-se que para consolidar o  PET-Saúde e reafirma-lo como campo fértil para a entrada dos estudos sobre humanidades em saúde, recomenda-se: uma ação político-administrativa das instâncias governamentais competentes e das instituições formadoras no sentido de consolidar o PET-Saúde como estratégia para efetivar a reorientação da formação em saúde, principalmente fortalecendo a integração ensino-serviço; a inserção da humanização no projeto político pedagógico de todos os cursos da saúde da Universidade Estadual do Ceará, de forma abrangente; a inserção de conteúdos referentes à humanização e sua política n projeto pedagógico do PET-Saúde como contribuição para a formação humanística dos monitores e, concomitantemente, promover ações humanizadas nos serviços; formação pedagógica e  educação permanente para preceptores, incluindo a humanização em saúde, com vistas à qualificação das práticas de saúde em seus locais de trabalho.  

Palavras-chave


Educação Superior; Humanização; Conhecimentos; Atitudes e Prática em Saúde; Integração Docente-Assistencial. Saúde.

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