Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A INFLUÊNCIA DA LABILIDADE EMOCIONAL NO VIVER DO ADOLESCENTE ESTUDANTE DE ENSINO FUNDAMENTAL PÚBLICO E A ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL NESTE CONTEXTO
Samara Cristhina Rosa de Lima, Alessandra Pacheco Braga, Angela Bittencourt, Ana Carolina da Silva Barbosa, Angela Maria Bittencourt Fernandes da Silva, Noelle Pedroza Silva, Luziel da Cruz, Thauana dos Santos Fernandes

Última alteração: 2016-01-06

Resumo


INTRODUÇÃO: A adolescência é definida segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) como o período entre os 10 aos 19 de idade e se caracteriza pelo crescimento e desenvolvimento acelerado com significativas mudanças biológicas e emocionais. A Terapia ocupacional tem sido utilizada, cada vez mais, em intervenções que ultrapassam os espaços tradicionais, indo à busca da ampliação do entorno social, da autonomia e da melhoria do bem estar das pessoas onde o adolescente se encontra. Desta maneira, vários pesquisadores têm buscado ampliar a rede de atuação, para além dos muros da universidade indo ao encontro das comunidades, na qual a escola se insere. Sabe-se que os alunos que estudam nas unidades escolares municipais apresentam vulnerabilidades sociais, frente à vida, a família, a comunidade e para tanto se faz necessário criar parceria com a educação, o que tem permitido proporcionar ações voltadas para as questões do cotidiano escolar, no qual se insere as questões sociais, de gênero e da obesidade, quando o fazem sofrer bulling. Como formas de viabilizar ações na escola, o projeto trama escolar, amplia a atuação da Terapia Ocupacional, no apoio do adolescente da rede municipal, no que concerne a sua labilidade emocional, de gênero e social e se vincula as experiências que ocorrem na escola, da qualidade da relação professor-aluno, da construção de espaço de confiabilidade, onde aprender e ensinar acontece de modo significativo (BRUNELLO et al, 2004). É pelo criar, que o adolescente se empodera do saber que não se limita ao desenvolvimento da consciência, mas propicia processos de transformação e apropriação social para que consiga intervir e agir em seuo ambiente. A Terapia Ocupacional ao utilizar como ferramenta do cuidado o fazer, ela propicia a desconstrução de comportamentos, sentimentos e ações alienantes que inviabilizam o aprendizado, porque o fazer (criar) possibilita e potencializa o ato criativo, o vinculo, a expressão cultural, a relação de gênero e a aceitação da obesidade. OBJETIVO: Descrever a atuação da terapia ocupacional no contexto escolar buscando identificar a labilidade emocional e como ela favorece as relações emocionais, no conviver cotidiano do aluno frente ao seu autoconceito e a relação da autoimagem. METODOLOGIA: Baseia-se na abordagem qualitativa da pesquisa-ação na qual segue um ciclo de oscilação sistemática entre agir no campo da prática e investigar a respeito dela. Tripp (2005) refere que a pesquisa-ação é uma forma de investigação-ação que utiliza técnicas de pesquisa consagradas para informar à ação que se decide melhorar a prática, cujas técnicas atendem a todos os tipos de pesquisa acadêmica. A forma inicial se caracteriza pela colaboração e negociação entre especialistas e práticos, integrantes da pesquisa. Atualmente, a pesquisa-ação beneficia seus participantes por meio de processos de autoconhecimento e quando enfoca a educação, informa e ajuda nas transformações. Segundo Elliott (1997, p.15), ela permite superar as lacunas existentes entre a pesquisa educativa e a prática docente, ou seja, entre a teoria e a prática, e os resultados ampliam as capacidades de compreensão dos professores e suas práticas, por isso favorecem amplamente as mudanças. Sob essa perspectiva, este estudo busca junto aos educandos identificar as emoções e os sentimentos frente à obesidade e a si mesmo, pois a criação deste ambiente proporciona a verbalização e a analise de como essa profissão pode auxiliar e compreender as necessidades do fazer atividades físicas, emocionais, cognitivas, para que possibilite equilíbrio, bem estar e conforto. A coleta de dados envolve oficinas, palestras, atividades psicodramáticas, jogos, testes e tarefas para casa, que visam favorecer o dialogo e a as trocas entre eles. Sabe-se que o jogo gera situações de interação e de construção de conhecimento da realidade, de sociabilidade, de experimentação da relação com o outro, de aproximação da cultura e de exercício da decisão e da invenção, permitindo ao adolescente, colocar-se em contato com seus limites e capacidades, bem como, com seus sentimentos, num clima favorável de satisfação pela possibilidade de criação das próprias decisões, ação sobre as situações concretas do cotidiano e realização de seus desejos e escolhas. Assim sendo, esta pesquisa utiliza como coleta de dados, jogos, anagramas, sentimentos, imagem corporal e aplicação de testes para verificar se existe alguma alteração cognitiva. Para analise, optou-se pela analise de conteúdo de Bardin. RESULTADOS: Este estudo esta sendo desenvolvido com adolescentes estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública, próxima ao campus do IFRJ- Realengo, sendo cada turma com em média 30 a 45 alunos todos participantes, os encontros ocorrem quinzenalmente, com duração de uma hora, a coleta de dados apresentada, demonstram os primeiros achados neste estudo. A primeira oficina se caracterizou pela apresentação do tema aos alunos, abriu-se a conversa pela apresentação individual onde cada um pode falar seu nome idade e uma palavra que os pudesse definir. Esta dinâmica trouxe ao grupo grandes reflexões quanto, a impossibilidade de delimitar uma palavra que definisse seu arcabouço de subjetividade, e da mesma forma as emoções, entendendo que os mesmo não são apenas resultados de um dia, momento, ocasião, mas a significação da conjuntura de contextos que os cercam, o que possibilitou um novo olhar de cada adolescente sobre o seu viver. A partir da análise de conteúdo a primeira categoria que surgiu foi à tristeza, a qual vem acompanhada da decepção, que segundo Jung é condição existencial não patológica, como a alegria e a tristeza as duas fazem parte do viver e ambas merecem seu devido reconhecimento. Apesar da aceitação e enfrentamento da tristeza não serem encorajados pela cultura (onde só há espaço para o belo) o esforço legítimo não deve ser o de eliminá-la automática toda vez em que entra em cena, logo cabe ao terapeuta ir à busca das imagens da tristeza, ao invés de fugir, e relacioná-la com imagens numa tentativa de individuá-las, ou seja, de conduzi-las a um estado de maior diferenciação e consciência, pois a tristeza faz com que o aluno entre em contato consigo mesmo por provável fracasso de apego ou status. A outra categoria foi à angústia e o medo como emoções sentidas com maior intensidade e frequência. Para Heidegger a angústia revela o nada é como algo que foge em sua totalidade, que se caracteriza pela rejeição. A nadificação do ente em sua totalidade, não é, no entanto, a sua destruição ou a sua negação, é sua alteridade frente ao nada, que o conduz primeiro diante do ente, sendo somente por meio do estado de angústia, que o vazio circundante, se depara com a essência, que para o adolescente se circunscreve ao contexto familiar, cujo medo, expressa a decepção de se perder quem ama a morte ou abandono súbito do pai. Concluímos até o momento que é de suma importância intensificar espaços de convivência, de verbalização e escuta para que o adolescente consiga melhor compreender e expressar seus sentimentos, e que este possibilite criar e implementar práticas assistências e preventivas no contexto escolar por meio da atuação do terapeuta ocupacional ao desenvolver metodologias que oportunizem a criação de vínculos importantes com os jovens que, desdobrando-se em acompanhamentos individuais, potencializam a ampliação das redes de suporte social, produzem espaços de convivência que possibilitam o respeito e a discussão, apresentando um novo referencial de como podem ser pautadas as relações dentro do espaço escolar.   

Palavras-chave


Palavras chaves: Educação, Terapia Ocupacional, Sentimentos, Emoções, Adolescência.

Referências


BARROS, D.D.; GHIRARDI, M.I.G.; LOPES, R.E. Terapia ocupacional social. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v.13, n.2, p.95-103, 2002

JURDI, A.P. S.; BRUNELLO, M. I. B.; HONDA, M. Terapia ocupacional e propostas de intervenção na rede pública de ensino. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v.15, n.1. p. 26-32, jan./ abr., 2004.

TRIPP, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005