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A INFLUÊNCIA DA LABILIDADE EMOCIONAL NO VIVER DO ADOLESCENTE ESTUDANTE DE ENSINO FUNDAMENTAL PÚBLICO E A ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL NESTE CONTEXTO
Última alteração: 2016-01-06
Resumo
INTRODUÇÃO: A adolescência é definida segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) como o período entre os 10 aos 19 de idade e se caracteriza pelo crescimento e desenvolvimento acelerado com significativas mudanças biológicas e emocionais. A Terapia ocupacional tem sido utilizada, cada vez mais, em intervenções que ultrapassam os espaços tradicionais, indo à busca da ampliação do entorno social, da autonomia e da melhoria do bem estar das pessoas onde o adolescente se encontra. Desta maneira, vários pesquisadores têm buscado ampliar a rede de atuação, para além dos muros da universidade indo ao encontro das comunidades, na qual a escola se insere. Sabe-se que os alunos que estudam nas unidades escolares municipais apresentam vulnerabilidades sociais, frente à vida, a família, a comunidade e para tanto se faz necessário criar parceria com a educação, o que tem permitido proporcionar ações voltadas para as questões do cotidiano escolar, no qual se insere as questões sociais, de gênero e da obesidade, quando o fazem sofrer bulling. Como formas de viabilizar ações na escola, o projeto trama escolar, amplia a atuação da Terapia Ocupacional, no apoio do adolescente da rede municipal, no que concerne a sua labilidade emocional, de gênero e social e se vincula as experiências que ocorrem na escola, da qualidade da relação professor-aluno, da construção de espaço de confiabilidade, onde aprender e ensinar acontece de modo significativo (BRUNELLO et al, 2004). É pelo criar, que o adolescente se empodera do saber que não se limita ao desenvolvimento da consciência, mas propicia processos de transformação e apropriação social para que consiga intervir e agir em seuo ambiente. A Terapia Ocupacional ao utilizar como ferramenta do cuidado o fazer, ela propicia a desconstrução de comportamentos, sentimentos e ações alienantes que inviabilizam o aprendizado, porque o fazer (criar) possibilita e potencializa o ato criativo, o vinculo, a expressão cultural, a relação de gênero e a aceitação da obesidade. OBJETIVO: Descrever a atuação da terapia ocupacional no contexto escolar buscando identificar a labilidade emocional e como ela favorece as relações emocionais, no conviver cotidiano do aluno frente ao seu autoconceito e a relação da autoimagem. METODOLOGIA: Baseia-se na abordagem qualitativa da pesquisa-ação na qual segue um ciclo de oscilação sistemática entre agir no campo da prática e investigar a respeito dela. Tripp (2005) refere que a pesquisa-ação é uma forma de investigação-ação que utiliza técnicas de pesquisa consagradas para informar à ação que se decide melhorar a prática, cujas técnicas atendem a todos os tipos de pesquisa acadêmica. A forma inicial se caracteriza pela colaboração e negociação entre especialistas e práticos, integrantes da pesquisa. Atualmente, a pesquisa-ação beneficia seus participantes por meio de processos de autoconhecimento e quando enfoca a educação, informa e ajuda nas transformações. Segundo Elliott (1997, p.15), ela permite superar as lacunas existentes entre a pesquisa educativa e a prática docente, ou seja, entre a teoria e a prática, e os resultados ampliam as capacidades de compreensão dos professores e suas práticas, por isso favorecem amplamente as mudanças. Sob essa perspectiva, este estudo busca junto aos educandos identificar as emoções e os sentimentos frente à obesidade e a si mesmo, pois a criação deste ambiente proporciona a verbalização e a analise de como essa profissão pode auxiliar e compreender as necessidades do fazer atividades físicas, emocionais, cognitivas, para que possibilite equilíbrio, bem estar e conforto. A coleta de dados envolve oficinas, palestras, atividades psicodramáticas, jogos, testes e tarefas para casa, que visam favorecer o dialogo e a as trocas entre eles. Sabe-se que o jogo gera situações de interação e de construção de conhecimento da realidade, de sociabilidade, de experimentação da relação com o outro, de aproximação da cultura e de exercício da decisão e da invenção, permitindo ao adolescente, colocar-se em contato com seus limites e capacidades, bem como, com seus sentimentos, num clima favorável de satisfação pela possibilidade de criação das próprias decisões, ação sobre as situações concretas do cotidiano e realização de seus desejos e escolhas. Assim sendo, esta pesquisa utiliza como coleta de dados, jogos, anagramas, sentimentos, imagem corporal e aplicação de testes para verificar se existe alguma alteração cognitiva. Para analise, optou-se pela analise de conteúdo de Bardin. RESULTADOS: Este estudo esta sendo desenvolvido com adolescentes estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública, próxima ao campus do IFRJ- Realengo, sendo cada turma com em média 30 a 45 alunos todos participantes, os encontros ocorrem quinzenalmente, com duração de uma hora, a coleta de dados apresentada, demonstram os primeiros achados neste estudo. A primeira oficina se caracterizou pela apresentação do tema aos alunos, abriu-se a conversa pela apresentação individual onde cada um pode falar seu nome idade e uma palavra que os pudesse definir. Esta dinâmica trouxe ao grupo grandes reflexões quanto, a impossibilidade de delimitar uma palavra que definisse seu arcabouço de subjetividade, e da mesma forma as emoções, entendendo que os mesmo não são apenas resultados de um dia, momento, ocasião, mas a significação da conjuntura de contextos que os cercam, o que possibilitou um novo olhar de cada adolescente sobre o seu viver. A partir da análise de conteúdo a primeira categoria que surgiu foi à tristeza, a qual vem acompanhada da decepção, que segundo Jung é condição existencial não patológica, como a alegria e a tristeza as duas fazem parte do viver e ambas merecem seu devido reconhecimento. Apesar da aceitação e enfrentamento da tristeza não serem encorajados pela cultura (onde só há espaço para o belo) o esforço legítimo não deve ser o de eliminá-la automática toda vez em que entra em cena, logo cabe ao terapeuta ir à busca das imagens da tristeza, ao invés de fugir, e relacioná-la com imagens numa tentativa de individuá-las, ou seja, de conduzi-las a um estado de maior diferenciação e consciência, pois a tristeza faz com que o aluno entre em contato consigo mesmo por provável fracasso de apego ou status. A outra categoria foi à angústia e o medo como emoções sentidas com maior intensidade e frequência. Para Heidegger a angústia revela o nada é como algo que foge em sua totalidade, que se caracteriza pela rejeição. A nadificação do ente em sua totalidade, não é, no entanto, a sua destruição ou a sua negação, é sua alteridade frente ao nada, que o conduz primeiro diante do ente, sendo somente por meio do estado de angústia, que o vazio circundante, se depara com a essência, que para o adolescente se circunscreve ao contexto familiar, cujo medo, expressa a decepção de se perder quem ama a morte ou abandono súbito do pai. Concluímos até o momento que é de suma importância intensificar espaços de convivência, de verbalização e escuta para que o adolescente consiga melhor compreender e expressar seus sentimentos, e que este possibilite criar e implementar práticas assistências e preventivas no contexto escolar por meio da atuação do terapeuta ocupacional ao desenvolver metodologias que oportunizem a criação de vínculos importantes com os jovens que, desdobrando-se em acompanhamentos individuais, potencializam a ampliação das redes de suporte social, produzem espaços de convivência que possibilitam o respeito e a discussão, apresentando um novo referencial de como podem ser pautadas as relações dentro do espaço escolar.
Palavras-chave
Palavras chaves: Educação, Terapia Ocupacional, Sentimentos, Emoções, Adolescência.
Referências
BARROS, D.D.; GHIRARDI, M.I.G.; LOPES, R.E. Terapia ocupacional social. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v.13, n.2, p.95-103, 2002
JURDI, A.P. S.; BRUNELLO, M. I. B.; HONDA, M. Terapia ocupacional e propostas de intervenção na rede pública de ensino. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v.15, n.1. p. 26-32, jan./ abr., 2004.
TRIPP, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005