Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A PREVALÊNCIA DE CERVICALGIA E SUAS IMPLICAÇÕES FUNCIONAIS EM ODONTÓLOGOS NO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA – PB
Rosa Camila Gomes Paiva

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


INTRODUÇÃO: São inúmeras as lesões que, com muita frequência, afetam o sistema musculoesquelético de profissionais de acordo com suas atividades ocupacionais e em graus variáveis de comprometimento funcional e prejuízos à sua qualidade de vida e laborativa. As desordens musculoesqueléticas possuem grande incidência entre os profissionais dentistas, uma vez associadas a fatores mecânicos e físicos, serão enfatizados neste estudo aspectos relativos à cervicalgia. OBJETIVOS: Investigar qual a prevalência de cervicalgia e, de forma secundária, avaliar quais implicações funcionais – afastamentos e limitações laborativas - estas produzem, tendo como população um grupo de odontólogos da Atenção Básica do município de João Pessoa – PB. Secundariamente, contribuir através de dados concretos para o planejamento e norteio de ações preventivas em saúde do trabalhador, especificamente o profissional dentista. METODOLOGIA: Foram entrevistados 18 (dezoito) odontólogos de Unidades de Saúde da Família do município de João Pessoa – PB, totalidade do Distrito Sanitário V. Foram aplicados dois instrumentos: um questionário semi-estruturado produzido para a pesquisa e o Neck Pain Desability Index, instrumento validado no Brasil e auto-aplicável. Após a coleta, os dados foram analisados por meio de gráficos e tabelas e confrontados com a literatura de referência. RESULTADOS: A amostra foi composta por 18 dentistas, em sua totalidade mulheres. A idade média da amostra foi de 47 anos, peso médio de 66 kg e altura média de 1,60 m. Em relação aos aspectos ocupacionais, houve prevalência da jornada de trabalho de 40 horas semanais (83%). Esta pesquisa revelou que os profissionais atendem uma média de 15 pacientes ao dia, turnos manhã e tarde, sem a prática de pausas entre os atendimentos. O tempo médio de formação dos sujeitos da pesquisa foi de 23 anos. Todos os pesquisados relataram possuir pelo menos alguma queixa musculoesquelética, como tensões, queimações e a própria dor cervical, sendo relatada com bastante frequência a dor lombar, porém sem dados exatos por não se tratar do objetivo desta pesquisa. Mais da metade da amostra, 72%, relatou apresentar dor cervical há um tempo variável entre 6 meses a 30 anos, com certa relação com o tempo de atuação na profissão. A maior parte da amostra, 44%, apresentou classificação de nenhuma incapacidade funcional, com 0 a 4 pontos na totalidade de sessões do questionário. Podemos concluir que nesses casos, apesar da existência de dor cervical e/ou outras queixas musculoesqueléticas, estas não são capazes de interferir significativamente sobre a capacidade funcional laborativa dos entrevistados. CONCLUSÃO: Após análise e discussão dos dados desta pesquisa podemos concluir que há prevalência da dor cervical entre os dentistas do Distrito Sanitário V, bem como implicações funcionais relacionadas especificamente ao aspecto trabalho em 17% da amostra.

Palavras-chave


Odontólogos; Saúde Ocupacional; Cervicalgia

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