Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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O USO DE TRILHAS SENSITIVAS NO PROCESSO EDUCACIONAL
Nádia Kunkel Szinwelski, Maira Tellechea da Silva, Adriana Cristina Hillesheim

Última alteração: 2015-11-12

Resumo


APRESENTAÇÃO: A necessidade de aproximar a formação profissional às práticas em desenvolvimento na saúde, o desejo e as iniciativas de mudanças visando transformar e qualificar a atenção ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) tem permeado discussões nas Instituições de Ensino Superior – IES e nos serviços de saúde. Todo este processo suscitou a necessidade, pelas instituições de ensino superior, de repensar suas práticas pedagógicas, ao perceber a importância e a necessidade de buscar maior aproximação com a realidade. Para tanto, tornou-se imprescindível estimular docentes e estudantes a articularem novas redes de conhecimento e transformar o processo ensino aprendizagem com vistas a atender as demandas sociais e em saúde que se apresentam. Visando qualificar a formação em saúde o Ministério da Saúde (MS) juntamente com Universidade Federal do Rio Grande do Sul (URGRS) propuseram a implementação do Curso de especialização em Docência na Saúde. A proposta deste curso de especialização vem a contribuir neste sentido, na medida em que assume como objetivo qualificar docentes da área da saúde para ativar processos pedagógicos inovadores e criativos no ensino desta área. O presente trabalho é resultado do TCC da referida especialização e tem como objetivo relatar a experiência do uso da Trilha Sensitiva como instrumento de autoconhecimento e reflexão da importância do sensível como fundamento do processo educacional. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: A Trilha foi realizada no dia 21 de julho de 2015 com 11 docentes dos diferentes cursos da saúde da Unochapecó; 5 alunos do mestrado de saúde, 3 alunos mestrado em políticas públicas (ambos da Unochapecó) e 2 trabalhadores da rede de saúde do município de Chapecó. Ela aconteceu no Museu Zoobotânico da Unochapecó e teve duração de 4 horas. A Trilha dos Sentidos do Museu Zoobotânico do curso de Ciências Biológicas tem como proposta a redescoberta dos sentidos a partir da privação da visão. O participante é convidado a vendar os olhos, possuindo como guia dentro da trilha uma corda, tendo que descobrir os elementos presentes no percurso fazendo uso do tato, olfato, audição e paladar. Após a realização da trilha, em uma sala anexa ao Museu, os participantes reuniram-se para a discussão e reflexão da atividade. Em um primeiro momento, os mesmos foram convidados para expressar na forma de um desenho o que sentiram fazendo a trilha. Após, cada participante apresentou o seu desenho e foram instigados a relacionar a experiência com a sua prática docente, de supervisor ou mesmo da própria experiência como discente. A discussão focou no papel dos sentidos na interpretação e na relação do indivíduo com o meio em que vive e se a experiência da trilha poderia refletir de alguma maneira na maneira como cada participante vê e se relaciona com os alunos. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Buscou-se, com esta atividade, proporcionar aos participantes, a oportunidade de perceber a importância de cada um dos sentidos e como eles se relacionam no reconhecimento dos referidos objetos e com isso fazer algumas reflexões a respeito da importância dos órgãos dos sentidos e sua relação com nosso dia a dia e com a sensibilidade de maneira mais ampla. Os desenhos e ponderações trouxerem reflexões riquíssimas. Aliás, antes mesmo da socialização, já tivemos manifestações muito interessantes, na saída da trilha, os participantes manifestaram reações diferente, alguns riam, outros ficavam em silencio e outros saíram chorando ou com os olhos lacrimejando. Durante a socialização, os participantes trouxeram sensações vividas e sentidas durante a trilha e buscaram articular com a prática docente. Percebeu-se de maneira muito clara que a trilha conseguiu cativar a emoção dos sujeitos, caminho pelo qual perpassa a aprendizagem e a construção de novos conhecimentos e significados. Foi muito presente na socialização falas sobre a não percepção sobre componentes da trilha. Relatos trazem fortemente a falta de atenção e sensibilidade no decorrer do percurso. Como durante a Trilha Sensitiva os participantes exploram o ambiente sem a visão, sentido mais privilegiado culturalmente, a maioria dos sujeitos relatou desconforto com a falta deste sentido. O objetivo da estimulação sensorial na Trilha Sensitiva, através de ações como tocar as plantas, cheirar as folhas, flores e frutos, chacoalhar o fruto é procurar despertar os sentidos que muitas vezes são “ofuscados” pela visão. A idéia da trilha é que aflorem outros sentidos, como a audição, o tato, o paladar e o olfato, para redescobrir o seu entorno. Cada sujeito sentiu e percebeu a trilha de uma maneira única, e este fato desencadeou uma importante reflexão acerca da maneira como nosso aluno aprende. Cada pessoa tem uma história particular e única, formada por sua estrutura biológica, psicológica, social e cultural, ou seja, tem características e sentimentos que determinam o seu modo de aprender. Isso implica assumir que a aprendizagem é social e mediada por elementos culturais. Tal concepção produz profundas modificações na visão de educação, principalmente no que se refere às práticas pedagógicas utilizadas habitualmente. É fundamental ao professor o respeito ao ritmo de aprendizagem de cada aluno, sendo extremamente necessário buscar estratégias que venham melhorar o desempenho daqueles que apresentam evolução mais lenta. Os métodos são eficazes somente quando estão de alguma forma, coordenados com os modos de pensar do aluno. A educação sensível refere-se primordialmente ao desenvolvimento dos sentidos de maneira mais acurada e refinada, de forma que nos tornemos mais atentos e sensíveis aos acontecimentos em volta, tomando melhor consciência deles e, em decorrência, dotando-nos de maior oportunidade e capacidade para sobre eles refletirmos e atuarmos. A participação na trilha vez emergir diferentes sentimentos, que afloraram questões extremamente importantes na relação aluno professor. Assim como muitas vezes não percebemos o nosso caminhar, cheirar, tocar e comer, também muitas vezes não percebemos nossos alunos. Como eles aprendem? Como evoluíram? Quais as suas necessidades? Como estão mental e fisicamente? CONSIDERAÇÕES FINAIS: Nesta nossa caminhada por mudanças no rumo da educação superior para os cursos da saúde, muitas são as experiências, erros e acertos. Acreditamos que todas são válidas e merecem ser compartilhadas. A Trilha Sensitiva se revelou nesta experiência ser um excelente instrumento de sensibilização com possibilidade de ser trabalhada com diferentes temas. Dos participantes da trilha, diversos docentes já agendaram horário no Museu Zoobotânico do curso de Ciências Biológicas para levarem suas turmas de alunos. Com certeza nossa prática docente estará mais atenta às necessidades de nossos alunos e os participantes estarão muito mais preparados e sensibilizados para trabalhar com os estudantes.

Palavras-chave


Trilha Sensitiva; Reorientação da formação; Educação