Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Competência da Clinica Ampliada: sob o prisma dos pilares da educação propostos por Delors em relação ao “aprender a viver juntos” e “aprender a ser”
Socorro Andrade de Lima Pompilio, Maria Celina Piazza Recena

Última alteração: 2015-10-31

Resumo


A Política Nacional de Humanização posta pelo Ministério da Saúde tem como instrumento de efetivação para práticas mais resolutivas em saúde, a Clínica Ampliada. Ampliar a clínica é necessário, tanto pela urgência da humanização do cuidado em saúde, como pela reorientação do objeto de trabalho, gratificando o profissional de saúde no seu ofício de cuidar. Ampliar a clínica tradicional, representada pela ainda hegemônica biomedicina, é um desafio tanto para os profissionais médicos, quanto para os usuários.  O objetivo deste trabalho foi indicar competências para a prática da clínica ampliada conforme os quatro pilares da educação propostos por Delors. O primeiro “aprender a conhecer” enfoca a incorporação de conhecimento. O segundo pilar, “aprender a fazer”, está associado à questão profissional, aplicação dos fundamentos teóricos. O terceiro pilar, “aprender a conviver juntos”, trata da convivência salutar uns com os outros. O quarto, “aprender a ser”, considera o conhecimento sobre si mesmo, investimento pessoal e o reconhecimento de suas potencialidades. Neste trabalho apresenta-se uma categorização referente aos pilares “aprender a conviver juntos” e “aprender a ser” a partir de documentos balizadores visando oferecer parâmetros para as práticas nesse contexto. Foram eleitos três documentos: i) o capítulo “O Sistema Único de Saúde brasileiro e a Clinica Ampliada”, do livro “Psicologia e Saúde Coletiva”, ii) documento “Lembretes e sugestões para orientar a prática da Clínica Ampliada e Compartilhada”, iii) documento oficial do Ministério da Saúde: “Clinica Ampliada e Compartilhada”, que respaldaram o aprofundamento do tema. Analisaram-se os textos, pela técnica de análise do conteúdo, por meio da Análise Textual Discursiva, para compor um quadro de referência de competência que pode ser uma base teórica para avaliação e direcionamento da prática da Clínica Ampliada. Foi possível produzir uma matriz de competências para a prática da clínica ampliada. Ao focar nos dois pilares da educação aprender a conviver e aprender a ser não houve a pretensão de desmerecer os demais pilares, mas buscar um olhar mais prático e objetivo sobre esses aspectos. Para “aprender a conviver e aprender a ser” foram revelados os seguintes aspectos: Valorização do protagonismo e controle social; Visão holística do ser humano; Reconhecimento mútuo entre os sujeitos (profissionais e usuários); Coprodução de projetos terapêuticos em conjunto. Trabalho em equipe e em rede; Fortalecimento do vínculo; Responsabilização; Corresponsabilização do cuidado; promoção da autonomia; Desenvolver a flexibilidade da equipe; Ampliar a capacidade do sujeito de superar a crise. Assim, espera-se contribuir no delineamento do desenvolvimento da clínica ampliada, inclusive influenciando nos currículos e fomentando atividades de colaborem para a incorporação e tais competências. A explicitação de parâmetros para avaliação da competência clínica para humanização da assistência pode ser a base para ações que qualifiquem a relação médico-paciente numa perspectiva do modelo que amplie a visão biomédica em prol de uma prática que considere a perspectiva biopsicossocial da clínica ampliada.

Palavras-chave


Competência Clínica; Humanização da assistência; Relações Médico-Paciente;

Referências


 

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