Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Abordagens diferenciadas do projeto de saúde e prevenção nas escolas indígenas do Povo Teréna, Mato Grosso do Sul
Renata Palopoli Picoli, Leia Conche, Soraya Solon, Dulce Lopes Barboza Ribas

Última alteração: 2015-10-31

Resumo


APRESENTAÇÃO: O Projeto Teréna foi desenvolvido junto ao povo Teréna da Terra Indígena Buriti, Mato Grosso do Sul, pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Populações Indígenas (GEPPI) e com a colaboração da equipe intersetorial de facilitadores do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) de Campo Grande. As ações do Projeto Teréna se propuseram a fortalecer elementos da cultura, desde a culinária tradicional com alimentos locais, incentivo aos contos e histórias juntos às crianças e discussões referentes à saúde sexual e reprodutiva. Neste trabalho será descrita a experiência de desenvolvimento de oficinas de trabalho envolvendo a temática da saúde sexual e reprodutiva junto aos profissionais indígenas das áreas da educação e da saúde e lideranças da comunidade. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: As oficinas foram desenvolvidas utilizando-se metodologias ativas enquanto espaço de participação, compartilhamento de saberes e de tradução dos temas sobre a saúde sexual e reprodutiva para termos culturalmente compreensíveis para o povo Teréna. Na primeira oficina buscou-se levantar os conhecimentos indígenas e as estratégias pedagógicas utilizadas pelos professores para abordar o tema da saúde sexual e reprodutiva junto aos jovens e adolescentes no contexto da escola. Posteriormente, desenvolveram-se dinâmicas participativas, procurando adequá-las aos modos de viver do povo Teréna, em torno de situações e temas relacionados à saúde e a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, além do levantamento das percepções das atividades e expectativas para os próximos encontros. As atividades foram conduzidas por facilitadores do SPE, na Escola Pólo Indígena Cacique Ndeti Reginaldo da Aldeia Indígena Água Azul, em julho de 2014, tendo a participação aproximada de 18 indígenas. IMPACTOS: Destaca-se como aspecto positivo o compartilhamento e a construção coletiva de novos de conhecimentos, a partir das experiências e da interação entre os participantes e facilitadores do SPE. Nas atividades, observou-se que os depoimentos destacaram a necessidade de família e escola tratar desses temas, conjuntamente, para orientar seus adolescentes, além do envolvimento das igrejas para que juntos possam ter conhecimentos sobre os riscos e as vulnerabilidades de adolescentes e jovens às doenças sexualmente transmissíveis, para construírem ações conjuntas: “às vezes evitamos trabalhar esses temas [na escola] com adolescentes, porque a comunidade nem sempre aceita (...)”, “tem que ser tratado aqui na escola [...] a escola é familiar, meus filhos e os filhos dos professores estudam aqui”, “sexualidade deve ser trabalhada na família”, “só conseguiremos ensinar o certo [para os jovens], daí eles escolhem o que querem (...).” CONSIDERAÇÕES FINAIS: os resultados desta experiência demonstram a importância da produção de oficinas com o povo Teréna que favoreçam a participação das lideranças indígenas, das famílias, dos profissionais da educação e da saúde e adolescentes e incentive a discussão de abordagens diferenciadas sobre saúde sexual e reprodutiva no contexto escolar indígena, que façam sentido ao universo cultural e aos modos de viver do povo Teréna.

Palavras-chave


Saúde do escolar; Origem Étnica e Saúde; Índios Sul-Americanos.

Referências


BRASIL. Sexualidades e Saúde reprodutiva. Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. 1ª edição. Ministério da Saúde, 2010.

BRASIL. Prevenção das DST, HIV e Aids. Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. 1ª edição. Ministério da Saúde, 2010.

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan, 1989.