Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A VISITA DOMICILIAR COMO AÇÃO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA NO ÂMBITO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Elina Alice Alves de Lima Pereira, Íris de Souza Abílio, Gabriella Nayara Siqueira de Lima, Ana Claudia Cavalcanti Peixoto de Vasconcelos

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


O Programa de Extensão “Práticas Integrais de Promoção da Saúde e Nutrição na Atenção Básica (PINAB)”, vinculado aos Departamentos de Nutrição e Promoção da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, atuante nas comunidades do bairro do Cristo Redentor, João Pessoa-PB, se inspira nos princípios teóricos-metodológicos da Educação Popular propostos por Paulo Freire. Envolve graduandos de diversos cursos e dispõe das seguintes frentes de ação: Horta, Puericultura, Espaço de Diálogo, Hiperdia, Saúde Mental, Idosos e Escola, construídas junto aos comunitários; profissionais, residentes médicos e multiprofissionais da Unidade de Saúde da Família do território; estudantes e docentes coordenadores. Além desses espaços, há reuniões semanais organizativas, de formação e planejamento com a comunidade e as visitas domiciliares (VD), que iremos destacar neste resumo. As VD são realizadas semanalmente, por duplas de extensionistas. As casas são selecionadas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), lideranças comunitárias ou através de nossa aproximação com os usuários. Cada visita possui duração de aproximadamente uma hora. A VD consiste em uma estratégia que envolve, dentre suas intencionalidades, a promoção da saúde, o cuidado, criação de vínculos e uma formação humanizada aos futuros profissionais. Nessa perspectiva, tem como objetivo favorecer, mediante o diálogo e compartilhamento de experiências, o empoderamento dos sujeitos comunitários e acadêmicos. Assim, através de uma visão holística, buscamos valorizar o contexto sociocultural e econômico das famílias, enfatizando desde as relações interpessoais e as singularidades, até aspectos mais abrangentes como: condições de trabalho, alimentação, moradia, educação, cultura e justiça. Aliado a isso, as visitas têm funcionado também como canal de comunicação que potencializa a divulgação do PINAB e a participação da comunidade junto às suas dimensões. Durante os encontros, não costumamos seguir um roteiro pré-fixado de perguntas e respostas, tampouco apenas, centrar na “doença” ou agravantes. Deixamos fluir todos os assuntos, contribuímos onde percebemos que podemos intervir, conversamos sobre histórias vividas, e gradativamente vamos estreitando os laços e consequentemente amenizando “dores” relacionadas as subjetividades que envolvem a solidão, depressão e recordações desagradáveis. Há desafios e fragilidades no processo, tais como a descontinuidade e ruptura do processo, geradas pela rotatividade dos extensionistas devido à imposição da carga horária obrigatória da graduação; os dilemas referentes à intencionalidade da visita, onde por vezes, nos questionamos sobre: priorizar a dimensão da formação de um profissional mais humanizado ou o estímulo à participação das famílias visitadas nas frentes de ação, nos espaços e equipamentos sociais que favoreçam a luta pelos direitos em direção à transformação da realidade local, a promoção da saúde e equidade. Considerando os propósitos do PINAB, optamos por articular essas duas dimensões no âmbito das visitas. Nesse contexto, a VD insiste no caráter dinamizador de alternativas para situações cotidianas, estimulando as famílias a levarem suas demandas aos conselhos locais de saúde e/ou outros fóruns populares, no sentido de incentivar a mobilização comunitária. Tal experiência tem possibilitado aos extensionistas a aproximação em um território em situação de vulnerabilidade, propiciando o empoderamento e uma formação crítico-reflexiva, gerando profissionais comprometidos com a sociedade e com o trabalho na atenção básica em saúde.

Palavras-chave


Promoção da Saúde; Visita Domiciliar; Relações Comunidade-Instituição;