Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

Tamanho da fonte: 
HUMANIZAR O ACOLHIMENTO DAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS: UM DESAFIO CONTÍNUO
LINEY MARIA ARAUJO, AUDREY MOURA MOTA GERONIMO, ALEXANDRE FERREIRA DAMASCENO

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


As Doenças Sexualmente Transmissíveis apresentam registros seculares. Atualmente, mesmo com a nova nomenclatura de Infeção Sexualmente Transmissíveis (ISTs) ainda carregam os estigmas de outrora. Há décadas está entre os problemas mais comuns de saúde publicado no mundo, tanto pela magnitude, vulnerabilidade e factibilidade de controle, como o simples uso de preservativos nas relações sexuais. As Políticas Públicas para esses agravos sempre tiveram seu lugar no âmbito da saúde pública, porém de forma tímida e silenciosa. Com o advento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, o Brasil vislumbra a necessidade de intensificar ações para as ISTs. No início da década de 90, a Organização Mundial de Saúde implementou suas ações em países em desenvolvimento, introduzindo métodos como a abordagem sindrômica para diagnóstico e tratamento de pessoas com esses agravos, pela sua eficácia e facilidade de acesso a população adoecida, aplicável nas Unidades Básicas de Saúde. Objetiva-se apresentar a importância do acolhimento humanizado como determinante de adesão ao tratamento das pessoas com ISTs no Serviço de Assistência Especializada (SAE) em Cuiabá/MT. Estudo descritivo, documental e exploratório, originado das análises de registros das ações prestadas pela equipe multiprofissional do SAE/Cuiabá, mediado pelos relatos dos próprios usuários acolhidos para tratamento. Inserida ao Sistema Único de Saúde (SUS), a abordagem sindrômica privilegia um acolhimento humanizado, contemplada na política de Humanização do SUS desde 2003. Vê-se um avanço oportuno, já que pelo histórico o infectado carece de um tratamento diferenciado, focado na singularidade da humanização, como um simples aperto de mão, para a pluralidade do cuidado, com a construção do comportamento sexual responsável nesse indivíduo, para aplicabilidade das informações ofertadas. A humanização busca a adesão ao tratamento para a cura, resultando na diminuição dos casos. O grande desafio nesse manejo está em envolver as equipes multidisciplinares e interdisciplinar a desenvolverem uma postura isenta de julgamentos, valores, religiosidade e mesmo comparações com o cotidiano do profissional acolhedor, fazendo-se necessário deixar explicitado que a vulnerabilidade às ISTs está presente para toda pessoa sexualmente ativa sem o uso de práticas preventivas. Configurar a equipe nesses moldes é uma tarefa árdua, contínua e muitas vezes conflituosa devido à bagagem calcada na ética e na moral em que cada um “acredita” ser correta. Essas condicionantes de julgamento comportamental muitas vezes acontecem de forma velada, mas não contrapondo ao almejado “padrão-ouro” no acolhimento das pessoas com ISTs, que é a humanização com integração da equipe e participação ativa do usuário com acesso integral ao tratamento, tanto na oferta dos medicamentos como no suporte psicossocial. Na prática diária no SAE/Cuiabá, identifica-se a oferta de uma relação acolhedora e humanizada a esses usuários, com um atendimento focado na integralidade do cuidado, facilitando a identificação das nuances físicas e psicossociais trazidas pelo agravo. A identificação precoce dessas lacunas funciona como definidora de adesão e o acolhimento diferenciado trouxe para o serviço a certificação de um trabalho de excelência, na ótica das pessoas infectadas e nas demandas espontâneas, com reconhecimento na Rede SUS e particular deste município, tido como referência no tratamento desses agravos.

Palavras-chave


Humanização; Acolhimento; Infecções Sexualmente Transmissíveis.

Referências


BRASIL. Ministério da Saúde. Carta dos direitos dos usuários da saúde. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 28 p.

__________. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. 2. ed., 5. reimp. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

GOMES, M. C. P. A; PINHEIRO, R. Acolhimento e vínculo: práticas de integralidade na gestão do cuidado em saúde em grandes centros urbanos. Interface - Comunic., Saúde, Educ., v. 9, n. 17, p. 287-301, 2005.

SOUZA, E. C. F. de; VILAR, R. L. A. de; ROCHA, N. de S. P. D.; UCHOA, A. da C.; ROCHA, P. de M. Acesso e acolhimento na atenção básica: uma análise da percepção dos usuários e profissionais de saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, Sup. 1, p. S100-S110, 2008.