Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Qualificação dos profissionais da UBSF São Benedito para a implantação da Política De Saúde Integral Da População Negra
Alana Gisele Galeano, Enelita Maria Mazon, Marilene Cavalcanti

Última alteração: 2015-11-03

Resumo


A Unidade Básica Saúde da Família São Benedito (UBSF) possui em sua área de abrangência uma comunidade Quilombola chamada Tia Eva, composta por 114 famílias com diversas situações de vulnerabilidade social e em saúde. A Educação Permanente é uma estratégia do Ministério da Saúde que utiliza ferramentas que promovam a reflexão crítica sobre as práticas do serviço e a construção de práticas educativas podem resultar em transformações nas relações, nos processos de trabalho, nas condutas e nas atitudes, nos profissionais. Diante do atual cenário de práticas identificou–se a necessidade de realizar atividades de educação permanente com os profissionais da unidade de saúde São Benedito, com o intuito de auxiliar a equipe no processo de implantação/implementação das ações em saúde do PNSIPN. Dessa forma foi proposta a realização da I Oficina de Saúde Integral da População Negra, por meio de parceria da UBSF São Benedito, com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família do Jardim Seminário (NASF), Coordenadoria de Atenção Básica (CAB), o Serviço de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANTs) e a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Dessa forma foi escolhida a utilização da Educação Permanente sob a forma de Oficinas por meio de metodologias ativas para estimular a equipe a pensar, refletir e construir práticas educativas e processos de trabalhos, conforme a PNSIPN. Para identificar o nível de conhecimento prévio e adquirido dos profissionais de saúde da UBSF São Benedito sobre a PNSIPN foi elaborado um questionário de avaliação que foi aplicado antes e depois dos encontros. Os dados foram tabulados para posterior análise. Os encontros da I Oficina da Saúde Integral da População Negra ocorreram nos dia 4 e 15 de junho para todos os profissionais da UBSF São Benedito, totalizando 19 participantes. As atividades foram conduzidas por dois facilitadores, mediante um método interativo, colocando o participante como protagonista da ação, fortalecendo o trabalho em equipe. Teve carga horária de quatro horas. Iniciou com a apresentação do vídeo “Quesito Cor”, no qual o entrevistador indagava pessoas – Qual a sua raça? – Qual sua cor? Foi realizada então uma discussão sobre o tema com os participantes. Após essa discussão os participantes foram divididos, de forma aleatória, em 03 grupos de trabalho, sendo que para cada grupo foi disponibilizado cópia da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra e esta foi dividida da seguinte forma:   Grupo 01: A Situação de Saúde da População Negra no Brasil e seus Determinantes Sociais; Grupo 02: Princípios e as diretrizes gerais da política; Grupo 03: Portaria n. 992, de 13 de maio de 2009. Cada grupo discutiu a Política e, posteriormente elaborou uma apresentação e discussão relacionando a Política com a realidade de seu território, trazendo assim seu olhar crítico e a vivência do dia a dia. No final dos encontros os profissionais respondiam ao mesmo questionário para verificar se houve acréscimo de conhecimentos sobre o tema. Após a realização da oficina 84% dos participantes passaram a conhecer a PNSIPN. Em relação às doenças que acometem a população negra e seus fatores de risco, 83% relataram ser capazes de reconhecê-las, no entanto, percebe-se que ainda há dificuldades de correlacionar às patologias e identificar os fatores de risco. Quanto à discriminação étnica/racial e social, o resultado apontou que quase todos os profissionais acreditam existir a discriminação étnica – racial e social da população negra e 88% dos participantes acreditam que as iniquidades e desigualdades em saúde são relevantes para uma boa saúde. Os profissionais da unidade de saúde e do NASF, através da análise do questionário respondido, identificaram a necessidade de envolver a população negra no processo de trabalho trazendo uma discussão mais ampla sobre as políticas envolvendo outros atores. A Oficina possibilitou a equipe de saúde identificar as especificidades da população negra, pois as ações eram pautadas apenas em algumas doenças apresentadas pela população em geral, alegando que o fato de oferecer acesso já estaria contemplando as diretrizes do SUS. Observou – se ainda que, após a oficina a equipe identificou a necessidade de uma mudança do processo de trabalho, saindo do foco doença para discussões de temas votados à condições de vida, ações de promoção, educação em saúde envolvendo a comunidade negra, e a busca pela intersetorialidade e articulação política.

Palavras-chave


Educação Permanente; População Negra

Referências


BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Promoção da Saúde da População Negra. Brasília: 2011a. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/area.cfm?id_area=1047>. 14 abr 2014.

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