Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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PET SAÚDE: UMA REFLEXÃO NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE
ANA kelly adriano viana, Ronize Fernandes Silva, eddie willian de pinho santana

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


Na tentativa de refletir sobre a atual formação do profissional de saúde, o Ministério da Saúde (MS) e o Ministério da Educação (MEC), em parceria, lançaram o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde). Para auxiliar a atuação do Pró-Saúde, o MS criou, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde). O programa de Educação pelo trabalho foi instituído pela Portaria Interministerial 1.802 em 26 de agosto de 2008. Esse programa “constitui-se em um instrumento para viabilizar programas de aperfeiçoamento e especialização em serviço dos profissionais da saúde, bem como de iniciação ao trabalho, estágios e vivências, dirigidos aos estudantes da área, de acordo com as necessidades do Sistema Único de Saúde - SUS” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). Esse programa dentro da Universidade Estadual do Ceará possui vínculo com os municípios de Pacatuba, Fortaleza e Maracanaú. Possuindo nove grupos dentro da Universidade. O grupo analisado possui seis preceptores, doze monitores e um tutor, sendo os monitores acadêmicos de cursos como Psicologia, Medicina, Serviço Social, Enfermagem, Nutrição e Ed. Física. Dessa forma, o Programa de educação para o trabalho em Saúde vem mudando a formar dos estudantes entenderem a prática em saúde, possibilitando que esses possam fazer vivências dentro do SUS e possa conviver com outros profissionais. Esse programa tem como proposta mostrar aos alunos, deste os primeiros semestres na universidade, o atendimento dentro do SUS, como também o conhecimento das politicas públicas voltada para seu público e as demandas existentes. Ele também possibilita aos estudantes que esses conheçam a precarização que o SUS vem sofrendo e que se questione o modelo existente O presente trabalho tratará das mudanças ocorridas em mais de um ano no programa em profissionais, docentes e acadêmicos que participam do Grupo Materno-Infantil no município de Pacatuba com vínculo com a Universidade estadual do Ceará, fazendo com que se possibilite a reflexão de como esse trabalho possibilitou uma mudança na concepção de saúde dos sujeitos e como isso reproduziu nas suas práticas e atitudes. Entendendo que “o Homem se constrói ao construir sua realidade. A sociedade passa a ser imprescindível para a compreensão do homem; do humano. Não pode se conhecer o humano se não pelas suas relações com as formas de vida e as relações sociais.” (BOCK,2007) As ações que foram desenvolvidas são as seguintes atividades: Levantamento bibliográfico sobre os temas relacionados ao programa; Leitura, discussão e fichamento dos artigos referentes aos temas; Capacitação em pesquisa qualitativa e quantitativa; pesquisa de campo: pré-teste, coleta e análise dos dados, redação dos resultados e elaboração dos relatórios da pesquisa; Levantamento de dados demográficos e epidemiológicos de gestantes, puérperas e crianças até dois anos de idade; Inserção no território; Observação para acompanhamento do fluxo de atendimento nos três níveis de atenção; Pesquisa de campo. Ocorreram oficinas como estratégia de ação com a comunidade e nelas combinamos atividades em grupo, rodas de conversa, apresentação dialogada, vídeos, dinâmicas entre outras para articular ensino, pesquisa e extensão e estimularem a reflexão dos sujeitos. Começando a pensar nas mudanças causadas pelo PET-Saúde, podemos observar que o conceito de “saúde” mudou para seus integrantes, pois se começou a ter um entendimento mais amplo de saúde que nos permitiu entender os fatores como a moradia, a falta de recursos e a cultura de cada comunidade influenciam nesta. Assim, entendemos que “a definição de saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou enfermidade (..)” (FIUZA; JUNIOR; RIBEIRO; NETO & OLIVEIRA) Outro ponto colocado foi questão da própria formação dos alunos. Uma aluna de psicologia participante desse programa relatou que esse projeto possibilitou que esta pensasse em uma psicologia não voltada só para clinica, mas também voltada para a comunidade, fez também com que essa questionasse a atuação dos psicólogos dentro do SUS, pois para ela, no início de sua entrada no programa, entendia que o trabalho do psicólogo dentro das unidades de saúde seria semelhante ao modelo clinico, mas depois da sua experiência no PET-Saúde, esta observou o trabalho do psicólogo no SUS não era só esse modelo, mas também abrangia grupos e uma psicologia voltada para a comunidade. O PET-Saúde também possibilita uma sensibilização em relação aos serviços prestados e uma conscientização dos direitos dos profissionais e usuários dos SUS. Através disso, muitos profissionais levam as pautas do SUS assumindo como suas bandeiras de luta uma saúde pública de qualidade e a não privatização do SUS. Essas pautas também são levadas para dentro das Universidades sendo debatidas dentro do Movimento estudantil e de eventos na Universidade, por exemplo, dentro da UECE ocorre todo inicio de semestre a Acolhida da Saúde que tem como propósito levar o debate em relação à atuação dos estudantes de saúde dentro do SUS. Assim, podemos afirmar que alguns objetivos do PET-Saúde foram cumpridos como: II - estimular a formação de profissionais e docentes de elevada qualificação técnica, científica, tecnológica e acadêmica, bem como a atuação profissional pautada pelo espírito crítico, pela cidadania e pela função social da educação superior, orientados pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, preconizado pelo Ministério da Educação; VI - sensibilizar e preparar profissionais de saúde para o adequado enfrentamento das diferentes realidades de vida e de saúde da população brasileira; (Ministério da saúde, 2008) O programa também permite a multidisciplinaridade e interdisplinaridade entre estudantes e profissionais de todas as áreas da saúde permitindo que esses conheçam as especificidades e as demandas de cada profissional e que também possam pensar formas de atuação em conjunto. Apesar de todas as potencialidades existentes dentro do programa podemos apontar algumas criticas como os horários entre preceptores e monitores não coincidirem, como uma necessidade maior dentro da Universidade de eventos que possam mostrar as vivências do PET. O PET-Saúde constitui como um programa essencial a construção do indivíduo e também, do profissional que esse quer ser, dessa forma entendemos que o programa auxilia na formação e prática desses possibilitando uma vivência mais profunda dentro do SUS. Esse também serve como meio de levar os estudantes a questionar a precarização existente nas unidades de saúde e as condições de trabalho dado a esses profissionais. Assim, entendemos que o programa tem caráter transformador na vida pessoal e profissional de seus participantes, contribuindo deste a formação curricular destes como também na humanização de suas práticas.

Palavras-chave


Saúde;Formação Profissional;SUS

Referências


BOCK,A.M.B. A adolescência como construção social: estudo

sobre livros destinados a pais e educadores.Em Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional.Vol.11.2007(p.63-76)

FIUZA,T.M;JUNIOR,R.M.M;RIBEIRO,M.T.A.M;NETO,F.U.S & OLIVEIRA,P.R.S. Práticas de violência e a determinação social da saúde. Disponível em :<http://www.politicaemsaude.com.br/anais/orais_painel/054.pdf>Visualizado:21/07/2014

MINISTÉRIO DA SAÚDE,Portaria Interministerial,1.802.Brasil.2008.