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MATERIAL EDUCATIVO SOBRE PREVENÇÃO DE QUEDAS EM PESSOAS IDOSAS: UMA ANÁLISE SEGUNDO OS PRESSUPOSTOS DE ANTONI ZABALA
Última alteração: 2015-10-27
Resumo
APRESENTAÇÃO: Estudos vêm apontando a escola como local para produzir reflexões, portanto, todo processo educativo, seja ele escolar ou não, para produzir os efeitos esperados deve ser um espaço para o desenvolvimento de habilidades, enfatizando que os educadores devam ter clareza sobre o seu papel no processo de ensino/aprendizagem. Logo, a escola, ou qualquer outra instituição de ensino deve ser um espaço de desenvolvimento de habilidades não somente cognitivas, mas sim de formação de cidadãos com sua plena autonomia (ZABALA, 1998). Nesta perspectiva do autor, todo material produzido para fins educativos deve contemplar ou ter a finalidade da formação do ser na forma integral, como um todo. Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo analisar um material didático confeccionado pelo Ministério da Saúde, sobre Prevenção de Quedas em Pessoas Idosas, sob a ótica do processo de ensino/aprendizagem, proposto por Antoni Zabala. METODOLOGIA: As diversas maneiras de se classificar os conteúdos são propostas por Cool (apud Zabala, 1998), como sendo, conceituais, procedimentais ou atitudinais, em que é perceptível, que tais classificações não são distribuídas de maneira uniforme nos períodos de aprendizagem. Uma vez que provavelmente nos cursos iniciais exista uma distribuição mais equilibrada desses conteúdos, priorizando os procedimentais e atitudinais e após os conteúdos conceituais é que prevalecem. Alvarez Méndez (2002) deixa claro que o conhecimento advém de uma construção histórica e social dinâmica que precisa de contexto para ser entendido e interpretado, portanto, o ensino não pode ser encarado como uma transmissão de conteúdos curriculares do docente para o discente, mas uma constante troca de conhecimentos. Paulo Freire (2011) reforça a ideia de que o educador deva ser democrático, crítico, forçando a capacidade de crítica do educando, a curiosidade, a insubmissão. Portanto, o educador deve possuir algumas características tais como ser criador, instigador, inquieto, curioso e persistente contribuindo assim para a busca de sua autonomia no processo ensino/aprendizagem do educando. Zabala reforça essa ideia, quando diz que, de modo geral, os que ensinam procuram educar comunidades, produzindo práticas didáticas diferenciadas com a finalidade de disparar as diversificadas aprendizagens dos indivíduos, dando assim oportunidades de desenvolver de melhor maneira possível as suas capacidades diversas. Zabala (1998) preceitua que para que o processo ensino/aprendizagem ocorra com êxito se faz necessário a realização de alguns questionamentos, como, quem são os sujeitos a quem quero educar? Que sabem eles em relação ao que quero ensinar? Que experiências tiveram? O que são capazes de aprender? A aprendizagem factual para esse autor refere-se aos conteúdos de aprendizagem simples, como a memorização e a repetição verbal, uma vez que existem fatos que precisamos memorizar as datas, os nomes, a idade de uma pessoa, etc. A aprendizagem conceitual refere-se a conceitos e princípios cujos termos são abstratos e que permitem ao sujeito um aprendizado significativo, valorizando o conhecimento prévio de cada um. O estudo é classificado como revisão bibliográfica exploratória, tendo como base principal o autor Antoni Zabala e seus escritos. Segundo Lakatos e Marconi (2009), revisão bibliográfica é aquela que apresenta um trabalho resumido da literatura especializada sobre determinado tema, dando uma visão abrangente de achados relevantes. Resultados: O material didático avaliado é um folder do Ministério da Saúde, com o tema Prevenção de Quedas em Pessoas Idosas. Foi realizado uma análise do conteúdo com o pressuposto teórico de Antoni Zabala aqui explanado, relacionando este material segundo a tipologia dos conteúdos propostos pelo mesmo, que são os factuais, conceituais, procedimentais e atitudinais. O título Prevenção de Quedas em Pessoas Idosas está relacionado ao conceito de conteúdo atitudinal que diz respeito aos valores, atitudes e normas que o indivíduo se submete, pois é um fato que os idosos são mais suscetíveis a quedas que resultam em prejuízos pessoais, familiares e para o sistema de saúde. Na frase “cair não é normal” e “Atenção: as quedas podem ser um sinal de que alguma coisa não vai bem...” Trata-se de conteúdo conceitual, uma vez que ambos têm como denominador comum a necessidade de compreensão. “Cair não é normal” é um conceito construído ao longo da experiência humana e consolidado pelas pesquisas científicas. A expressão “as quedas podem ser um sinal de que alguma coisa não vai bem...” reforça o conceito expresso anteriormente e traz em si mesmo o conceito de normalidade na saúde. Os escritos: “O que você pode fazer para prevenir quedas: (...) pratique exercícios físicos regularmente; consulte um médico oftalmologista uma vez por ano (...).” A reflexão sobre a própria atividade permite que se tome consciência da atuação, ou seja, é imprescindível para conhecer as chaves do conteúdo para poder melhorar sua utilização. A frase: “o que se pode fazer” é um conteúdo procedimental que tem a intenção de conduzir à atitude de uma prática contínua. “Prevenção de quedas em casa: (...) ao acordar, levante-se devagar da cama(...) “Prevenção de quedas na rua: (...) ao sair para as compras, use sacolas pequenas(...)” São conteúdos procedimentais embasados no conceito de que cair não é normal. O conteúdo factual refere-se ao conhecimento de fatos, acontecimentos, situações, dados e fenômenos concretos e singulares; a idade de uma pessoa, a conquista de um território, a localização, os nomes, os códigos, um fato determinado num determinado momento, etc. Há um fato implícito nessa orientação: o idoso tem propensão para cair e a sua queda tende a trazer maior desgaste do que quando ocorre na juventude. Trata-se de um fato já comprovado pela experiência e pelas pesquisas. Considerações finais: Ao refletirmos sobre nossa real função social enquanto educadores, é percebível o quanto ainda está arraigado em nossas práticas e pensamentos, o modelo tradicional de ensinar e ver o outro, como tendo apenas suas capacidades cognitivas a serem desenvolvidas e aprimoradas. Assim, acabamos por repetir conteúdos, limitando o processo ensino/aprendizagem a um único modelo e não respeitando esse indivíduo e principalmente, não valorizando-o em sua integralidade e diversidade. Não estamos propondo aqui que todo referencial teórico construído até o momento para o processo de ensino/aprendizagem seja ignorado, até porque, é todo esse acervo que nos dará condições para refletir sobre que se deve saber, o que se deve saber fazer e como se deve ser. São questionamentos que o autor Zabala nos sugere como indicadores dos conteúdos apreendidos e aprendidos. Portanto, faz-se necessário que nossa intervenção enquanto educadores, seja no sentido de formar cidadãos, com sua plena autonomia, dando-lhes condições para que se formem enquanto sujeitos dignos e plenos, empoderados de seus direitos. Pois somente a partir disso, estaremos assumindo nossa função social. Diante do exposto, acreditamos que através do material analisado (folder) o processo ensino/aprendizagem para os idosos ocorra de maneira natural, fazendo com este instrumento educativo na pratica cotidiana proporcione uma reflexão de suas atitudes, bem como, dos riscos a que são expostos. E que a partir disso, consiga incorporar novos hábitos para uma melhor qualidade de vida.
Palavras-chave
Práticas Educativas; Ensino/aprendizagem; Educação em Saúde
Referências
ÁLVAREZ MÉNDEZ, J.M.. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Tradução de Magda Schwarzhaupt Chaves. Porto Alegre: ArtMed editora, 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43 ed., São Paulo: Paz e Terra, 2011.
LAKATOS, E.M; MARCONI, M. de A. Fundamentos da metodologia cientifica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
ZABALA, A. A Avaliação. In: ZABALA, Antoni. A Prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: ArtMed, 1998.