Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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SÍFILIS CONGÊNITA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO EM 2013 – UMA ANÁLISE GERAL DO MANEJO
Edward Theodoro Dresch, Felipe Elias Álvares Moreira, Luciana Maria Borges da Matta Souza

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: A sífilis congênita é um tradicional evento sentinela na atenção primária, visto que sua ocorrência sugere falhas na assistência materno-infantil num serviço de saúde. Sua adequada abordagem pode reduzir drasticamente a mortalidade infantil e sequelas futuras decorrentes de suas complicações. Além dos seus efeitos em termos de mortalidade, prematuridade, baixo peso ao nascer e complicações agudas, a SC também é responsável por deformidades, lesões neurológicas e outros comprometimentos sistêmicos. Esta pesquisa objetiva analisar, a partir da ficha de notificação compulsória, a conduta frente à sífilis congênita e o seguimento da atenção à gestante, ao parceiro e à criança no município do Rio de Janeiro. Desenvolvimento: Pesquisa de caráter quantitativo, transversal e descritiva, que será realizada a partir da análise dos dados da ficha de notificação compulsória do Ministério da Saúde, preenchidas por profissionais de saúde no ano de 2013 no município do Rio de Janeiro. Resultados: Observando-se dados parciais da presente pesquisa destacaram-se os seguintes aspectos: do total de 1706 casos notificados 77,7% realizaram pré-natal; com relação ao diagnóstico, 46,9% foi recebido durante o pré-natal e 38,1% no momento do parto; o teste treponêmico da gestante no momento do parto foi reagente em 95,4%, na criança notificada o mesmo teste foi reagente em 65,5% delas e ignorado em 9,8%; em crianças com 18 meses de idade o mesmo teste foi reagente em 0,8%, em 0,6% foi não reagente e em 13,1% não foi realizado; quanto ao tratamento, o esquema foi realizado adequadamente em 12% das notificações, inadequadamente em 47,1% e não foi realizado em 17,5%; o parceiro recebeu tratamento em 21,7% dos casos, 40,9% não foram tratados e ignorou-se o tratamento em 37,3%; sobre a evolução, observou-se que 88,2% das crianças permaneceram vivas e 0,1% foi a óbito. Não foi observada nenhuma relação de síndrome clínica específica com a sífilis congênita. Considerações Finais: Esta análise corroborou a baixa adesão ao pré-natal, a especificidade do teste treponêmico, a falta de acompanhamento das crianças diagnosticas (apenas 1,5%), o esquema de tratamento aquém do preconizado, deficiência no tratamento do parceiro, a eficácia do tratamento quando realizado e a importância de exames complementares no auxílio diagnóstico.

Palavras-chave


Saúde da Família; Sífilis Congênita; Pré-Natal; Epidemiologia

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