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ESTIMULOS COGNITIVO EM IDOSAS ASILARES: relato de experiência da Terapia Ocupacional em uma instituição de longa permanência
Última alteração: 2015-11-23
Resumo
APRESENTAÇÃO: Segundo a OMS todo o indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos é considerado idoso. No entanto, a palavra idoso busca significar de maneira carinhosa o impacto que os anos, o desgaste do organismo e a posição que este indivíduo passa a ocupar na sociedade em virtude das suas potencialidades e debilidades. O envelhecimento da população é um fenômeno de amplitude mundial; a OMS (Organização Mundial de Saúde) prevê que, em 2025, existirão 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos, sendo que os muitos idosos (com 80 ou mais anos) constituem o grupo etário de maior, sendo que 80% deles nos países em desenvolvimento, levando ao alargamento de seu ápice, que tende à retangularização (FREITAS, 2004). Com o aumento da perspectiva de vida do brasileiro, patologias que podem trazer algumas restrições e incapacidades passaram a ser cada vez mais comuns. Visando atender a estas demandas, as instituições de longa permanência têm sido uma opção para as famílias de idosos que necessitam de assistência continuada. Nesse contexto, o Estado e a sociedade precisam responder às necessidades ora surgidas, referentes aos cuidados dos longevos que perdem sua autonomia para o desempenho de atividades de vida diárias (AVD's), sob a pena de que essa questão transforme-se em um risco social para aqueles que já contribuíram com seu trabalho para o desenvolvimento de seu país e, que agora necessitam ser amparados. Uma maneira encontrada em praticamente todos os países, de assegurar aos idosos, principalmente aos fragilizados, semi ou totalmente dependentes, foi a criação dos asilos, que modernamente são denominados Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), que se apresentam com alternativas ao acolhimento desse segmento populacional que, por vezes não conta com suporte financeiro ou familiar para viver, de forma digna seu envelhecimento. Estas instituições caracterizam-se por oferecer uma logística capaz de atender o idoso em suas carências por meio de cuidadores e equipe multidisciplinar composta de médico, enfermeira, nutricionista, assistente social, fisioterapeuta, e terapeuta ocupacional. Os terapeutas ocupacionais que trabalham com idosos conhecem as peculiaridades do corpo, da mente e até das questões sociais dessa geração. Eles identificam as defasagens do desempenho ocupacional nesta fase da vida. A prática do terapeuta ocupacional em Gerontologia começa desde a prevenção de condições que interfiram na qualidade de vida dos idosos, como a capacidade de orientar sobre: planejamento/adaptação do ambiente asilar (quedas), de trabalho (adapta equipamentos) ou lazer (planejando atividades de acordo com as capacidades). Esse profissional tem como diretriz melhorar a eficiência e a eficácia na realização de atividades de vida diária (ensina calçar o sapato, adapta roupas) e até da rotina. Neste contexto a terapia ocupacional se insere se utilizando cientificamente da atividade humana para proporcionar ao idoso melhor qualidade de vida. O Lar Cristão Mathilde de Oliveira (LACRIMO) foi o local escolhido para desenvolver esse projeto de estímulos cognitivo, envolvendo cuidadoras e idosas acometidas de Alzheimer, o qual acolhe vinte idosas sendo que três delas são acamadas e não apresentam condições de participar desse estudo. Elas serão beneficiadas mais tarde pela estimulação cognitiva no leito. As dezessete que tem condições de deambulação, mas que apresentam comprometimento cognitivo optou-se inicialmente pela preservação da memória de trabalho e pela socialização. OBJETIVO: Identificar o comprometimento cognitivo das idosas asiladas e verificar se com a institucionalização ocorreu perda cognitiva que afetaram o autocuidado e se aumentou a capacidade de memória das idosas abrigadas, por meio de estimulação da terapia ocupacional. METODOLOGIA: Baseia-se na abordagem qualitativa da observação participante a qual as tornam técnica científica a partir do momento em que passa por sistematização, planejamento e controle da objetividade. O pesquisador não está simplesmente olhando o que está acontecendo, mas observando com um olho treinado em busca de certos acontecimentos específicos (LOBIONDO-WOOD, HABER, 2001). A observação ajuda muito o pesquisador e sua maior vantagem está relacionada com a possibilidade de se obter a informação na ocorrência espontânea do fato. Na observação participante o processo se inicia com observações descritivas para obter um panorama da situação social, as quais são registradas num diário de campo. A segunda etapa será operacionalizada com o auxílio de alguns elementos, como documentos oficiais, reconstituição da história do grupo e do local, observação da vida cotidiana, identificação dos comprometimentos cognitivos, levantamento de pessoas chave (conhecidas pelo grupo), realização de entrevistas não diretivas com as pessoas e aplicação de testes. Após a coleta dos dados, passa-se à terceira fase, na qual é preciso sistematizar e organizar os dados, bem como estimulando o crescimento do grupo por meio da auto-organização, estimulação cognitiva e consequente desenvolvimento de ações conscientes e criativas para a mudança social (RICHARDSON, 1999). RESULTADO. Este trabalho diz respeito os primeiros resultados do projeto de pesquisa intitulado abordagens digitais no envelhecimento: programa de estimulação da memória de trabalho em idosas asilares, cuja etapa é a criação de programa de treinamento de memória de trabalho e capacitar as cuidadoras para poderem melhorar a qualidade de vida das idosas assistidas por elas. Estão sendo desenvolvidas dois tipos de oficinas uma Lúdica que envolvem o brincar e a descontração, promovendo a sociabilização e envolvendo as funções psíquicas como: atenção, concentração, memória, pensamento lógico dente outras, onde são exploradas a musicalidade, os ditados populares e a nomeação de animais e cores por jogos de letras, pois o brincar remete a idosa à infância proporcionando estado de relaxamento e prazer. E a Cognitiva por meio de estimulo as atividades da vida diária por meio de associação, o armazenamento e a evocação de informações rotineiras vividas no decorrer de sua vida como vestir e alimentação. Com relação à faixa etária, constatou-se uma predominância de idosas com idade entre 65 a 69 anos (5%), seguidos dos que têm entre 70 e 79 anos (14%), e mais de 80 anos (81%). Quanto ao déficit cognitivo todas apresentam Alzheimer, sendo que a área tempo-espacial a mais comprometida. Pela estimulação musical, pode-se perceber melhora no estado emocional das internas, preservação cognitiva na realização de atividades da vida diária e socialização, bem como ouvir depoimentos de familiares, cuidadoras e da direção da casa sobre os benefícios da atuação da Terapia Ocupacional para o bem estar das idosas. Isso foi possível “Para não entrar em depressão, faz bem para o corpo e ocupar o espaço sem ficar em casa pensando em tudo”, ou “Você demorou a aparecer”, ou “quando você vai voltar?”. Ou “Tinha um outro moço que também fazia isso. Onde ele está?” Essas indagações oriundas das idosas demonstram que os estímulos realizados pela Terapia Ocupacional estão proporcionando o aumento da memória de trabalho e consequentemente melhoria de seu bem estar na ILPI. CONCLUSÂO. A terapia ocupacional está sendo um dispositivo para melhoras do quadro cognitivo de idosas asilares.
Palavras-chave
Instituições de Longa Permanência para Idosos , Reabilitação Cognitiva, Terapia Ocupacional
Referências
FREITAS EV. Demografia e Epidemiologia do envelhecimento. In: Py L, et al, organizadores. Tempo de envelhecer: percursos e dimensões psicossociais. Rio de Janeiro: Nau; 2004. p. 19-38.
LOBIONDO-WOOD, G. HABER, J. Pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação crítica e utilização. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2001
RICHARDSON, RJ. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas; 1999
WHO. Active Ageing, A Policy Framework. A contribution of the WHO to the Second United Nations World Assembly on Ageing, Madrid, Spain, April, 2002.