Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Epidemiologia e Gestão da Saúde: A prática pedagógica e a formação de profissionais com olhares direcionados para priorização e resolutividade de problemas de saúde reais
Antonio Flaudiano Bem Leite, Petra Oliveira Duarte, Amanda Rodrigues Lima dos Santos

Última alteração: 2015-11-03

Resumo


APRESENTAÇÃO: Esse trabalho tem como objetivo apresentar a experiência da aplicação da ciência da Epidemiologia no processo de prática de Gestão em Saúde como processo pedagógico de construção de conhecimento de mudança dos problemas reais no campo da rede de saúde. METODOLOGIA: Durante os últimos dois semestres (2014.2 e 2015.1), a disciplina de Epidemiologia em Gestão da Saúde passou por processos de reformulação dos seus conteúdo e organização pedagógica. Esse componente do Eixo de Epidemiologia, do Curso de Bacharelado Saúde Coletiva, do Centro Acadêmico da Vitória, da Universidade Federal de Pernambuco, tem como objetivo aplicar o conhecimento teórico e prático da ciência Epidemiologia para a organização da oferta, necessidades e prioridade da população, monitoramento e avaliação das ações e da qualidade de serviços de saúde. A ideia principal condutora é subsidiar o estudante a aplicar conhecimentos teóricos e métodos da ciência da Epidemiologia. Nesta, são apresentados ao estudante, conteúdos teóricos e práticos, além de suas aplicabilidades no campo real do Sistema Único de Saúde (SUS). Os conteúdos teóricos estão pautados: Ciclo da Gestão em Saúde no SUS e Uso da Epidemiologia; Epidemiologia Integrada ao Serviços de Saúde; Análise de Situação de Saúde (ASIS); Gestão Baseada em Epidemiologia; Problemas de Saúde – Identificação, explicação e seleção e priorização; Epidemiologia e Qualificação de Serviços de Saúde; e Método de Pesquisa Avaliativo – Análise de Efeito e de Rendimento. Os Conteúdos práticos, coadunados aos teóricos, constituem-se de: Indicadores de Saúde – conceitos e práticas, adentrando na atualidade do SUS e suas aplicações em potenciais nos programas ministeriais do Contrato Organizativo de Ações Públicas de Saúde (COAP), no Programa de Monitoramento e Qualificação da Atenção Básica (PMAQ) e o de Qualificação e Avaliação da Vigilância em Saúde (PQA-VS); e Método de Produção, Organização e Elaboração de ASIS, onde é observado todo o Processos Teóricos e o Roteiro de Produção de uma Análise de Situação de Saúde na Prática de Serviços, com explanação dos Sistemas de Informação em Saúde e aplicação do Tabnetonline, neste, incluindo organização de dados tabulares e de elementos gráficos, divididos em etapas graduais e ordenadas de construção de aprendizagem, desenvolvidas em Laboratório de Informática, donde a produção final, pauta em um relatório formatado e sua apresentação de uma simulação de ASIS de um município da região local, com dados reais de domínio público do Departamento de Informático do Ministério da Saúde (Datasus). Além de espaço de discussão acadêmica, os estudantes tem o SUS, o espaço de Laboratório Vivo, que de forma complementar, são programadas viagens de campo de diversos municípios, são as “Vivências SUS”, onde gestores de Secretarias de Saúde Locais, apresentam suas práticas de aplicação da Epidemiologia, no campo de Planejamento em Gestão, Regulação, Controle e Avaliação e Vigilância em Saúde, além da articulação com Conselho de Saúde, que tem como experiência a visualização dessa perspectiva de aplicação de conhecimento na área de Controle e Participação Social. Resultados e/ou impactos: O processo de produção de conhecimento, partindo da dinamicidade e da processualidade gradativa do aprendizado, vai de constituindo a partir das aplicações das teorias sócio-construtivistas, onde o modelo em espiral, pelas dinâmicas exposição de conteúdo, pelos processo avaliativos (escritos, orais complementares), segmentadas dos processos de produção da simulação de ASIS pela prática, pela utilização de leitura e fichamento de artigos e livros de conteúdos base, pela participação ativa presencial e virtual por meio do blog constante todo conteúdo programático da disciplina, pelos exercícios de comparação das ASIS, pela descrição das vivências dos estudantes nas apresentações de campo das experiências dos serviços de saúde, além da personificação retórica de um contexto simulado  (formato coletivo teatralizado, onde é explanada uma situação problema e delimitada a possibilidade de resolutividade pelos conhecimentos principais dos conceitos abordados na disciplina), permitem nos observar alguns resultados no campo de aplicação dessas experiências, são pertinentes. Primeiramente, permitem a ampliação da percepção do estudante do curso para além da explanação teórica para uma real aplicabilidade prática do cotidiano do SUS, quando são explanados sobre os principais programas de acompanhamento da rede de serviços com indicadores do COAP, PMAQ e PQA-VS, (normatização, definições conceituais, fluxos de processamento, financiamento, temporalidade, monitoramento e avaliação pela qualificação dos indicadores). Segundo, permite-se uma articulação estratégica com várias disciplinas (Bioestatística, Tecnologia em Saúde – Sistema de Informação em Saúde, Epidemiologia – Métodos de Estudos Epidemiológicos, Planejamento e Gestão a Saúde), convergindo nas suas aplicabilidades em uma sequência lógica até o desenrolar do processo de trabalho final. Terceiro, abre perspectivas de que no processo de aprendizagem prática os dados e indicadores processados e analisados estejam dentro do contexto de discussão real do país, do estado, da região e do município, nos quais o estudante está inserindo, ou seja, introduzindo-os no diálogo de discussão dos problemas de saúde reais, antes mesmo da entrada desses no campo profissional. E por último, o contato com gestores nas áreas de aplicação da Epidemiologia em Serviço de Saúde, ratificando a importância no âmbito do SUS, de um profissional, com uma visão da real aplicabilidade da estatística, quando se estuda as distribuições de frequências e se explica de forma fática os determinantes, fatores e condicionantes de doenças, agravos e eventos de saúde pública, e da administração e gestão para seleção e priorização dos problemas de saúde em populações, num desenrolar da real aplicabilidade social dessas ciência em quanto do saber científico orientador da saúde. Nesta linha de raciocínio, os impactos esperados já, decerto, estão sendo visualizados, quando se percebe que os estudantes, que passam por essa disciplina, articulada com as demais do curso, adotam o repertório linguístico no campo de projetos de pesquisa e extensão, dialogando com outros professores do próprio e de outros cursos da área da saúde. E, em outros espaços, na participação de elaboração de ASIS nos municípios os quais participam em vivência SUS temporária para subsidiar a produção e discussão de intervenção de planos, programas, projetos, ações e atividades na rede de saúde. Considerações finais: Nas bases das teorias sócio-construtivistas, o ponto central da disciplina é a premissa de que aprendizagem e o desenvolvimento são produtos da interação social e que o aprendizado é um processo ativo do sujeito. À medida que o conhecimento aprendido fornece significado, o sujeito organiza suas experiências para modificação do cotidiano, segue no caminho do ensino-aprendizagem, mobiliza sua cognição para a categorização e processa seleção de informação, geração de proposições e simplificação. Nestes termos, o sujeito (estudante) interage com a realidade segundo suas categorias e determinam diferentes signos e significados na aprendizagem e a ação. Assim, no trabalha em formato de modelo espiral (que sugere a retomada do conhecimento por diferentes dinâmicas metodológicas), aplicado por esse componente do Curso de Bacharelado da Saúde Coletiva, os complexos saberes das ciências da saúde (Epidemiologia), humanas (Administração) e exatas (Estatística) convergem para formular precocemente uma percepção formadora mais simplificada do estudante da realidade, que são essências a modificação dos espaços de atuação profissionais futuros e consequentemente uma organização da rede loco-regional com foco na resolutividade pautado nos problemas potenciais e prioritários de forma estratégica e otimizada pela prevenção e promoção da saúde.

Palavras-chave


Epidemiologia; Gestão da Saúde; Ensino; Aprendizagem; Sócio-construtivismo

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