Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O DEPARTAMENTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: ATENUAÇÃO DAS DIFICULDADES DE COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE TRABALHO DA EQUIPE INTERDISCIPLINAR
Priscila Rossany de Lira G Portella, Lais de Souza Monteiro, Augusto Fernando Santos de Lima, Wellington Bruno Araujo Duarte, Plínia Manuela de Santana Maciel, Juliana de Santos Lima, Rodrigo do Nascimento Dias de Oliveira

Última alteração: 2015-11-12

Resumo


APRESENTAÇÃO: A educação em saúde constitui uma estratégia de ação voltada para promoção da saúde, por possibilitar o estabelecimento de uma relação de empatia e confiança, a troca de conhecimento entre os membros da comunidade e os profissionais, com vistas à identificação de opções a serem tomadas para estabelecer atitudes mais saudáveis. Como estratégia de promoção à saúde, a práxis de Educação em Saúde, nesta conscientização individual e coletiva de responsabilidades e de direitos, deve eleger metodologias de ensino que conduzam a uma transformação dos indivíduos socialmente inseridos no mundo, ampliando sua capacidade de compreensão da complexidade dos determinantes de ser saudável. A abordagem de ensino do Círculo de Cultura de Paulo Freire constitui uma ideia que substitui a de ‘turma de alunos’ ou de ‘sala de aula’. A escolha por desenvolvê-lo, visa ensejar uma vivência participativa com ênfase no diálogo, campo profícuo para a reflexão-ação na elaboração coletiva de uma proposta sistematizada para uma educação em saúde emancipatória. A denominação de Círculo culmina porque todos estão à volta de uma equipe, com um facilitador de debates que participa de uma atividade comum em que todos se ensinam e aprendem, ao mesmo tempo. A maior qualidade desse grupo é a participação em todos os momentos do diálogo, que é o seu único método de estudo nos círculos. É de cultura, porque os círculos extrapolam o aprendizado individual, produzindo também modos próprios e renovados, solidários e coletivos de pensar. Neste sentido, esta abordagem educativa pode configurar-se como uma proposta pedagógica, que emerge a partir da necessidade de transformar uma realidade. Tal cenário pode está permeado por problemáticas estruturais – relações, valores, crenças, cultura organizacional, clima organizacional, etc. – dessa maneira, a proposta pedagógica objetiva estimular novas possibilidades de enfretamento dos problemas, a partir do empoderamento dos sujeitos envolvidos. A Proposta Pedagógica a seguir foi elaborada, especificamente, para o Departamento de Atenção Básica (DAB) do município de Olinda da Secretaria de Saúde. Dividido em três regionais que monitoram todo o município. Configurando-se como campo de prática para os profissionais do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva da FCM/UPE. Problemática Identificada: A presente Proposta Pedagógica planeja atenuar os problemas de comunicação e empatia identificados no DAB. Especificamente entre os Agentes Comunitários de Saúde e a diretoria de Atenção Básica / Primária. Justificativa: Justifica-se a necessidade da elaboração da proposta pedagógica a partir da dificuldade de comunicação entre os profissionais que interferem no desenvolvimento de todo processo de trabalho, com consequente diminuição da qualidade da assistência e dos serviços oferecidos à população. Objetivo Geral: Promover maior interação dialógica com a gestão da Atenção Primária e Agentes Comunitários de Saúde para uma melhor qualificação acerca de suas funções e melhor atuação na atenção à saúde. Objetivos Específicos: Conhecer os profissionais e as atividades desempenhadas pelos mesmos (partilhar os conhecimentos);Identificar as causas da falta de comunicação existente entre os profissionais envolvidos (perguntas norteadoras);Promover diálogo e escuta acerca da importância da comunicação e empatia e os seus benefícios, facilitando o processo de trabalho e a qualidade das ações desempenhadas. (momento de teorização do assunto, técnico responsável).Consolidar a importância do papel dos Agentes Comunitários de Saúde e Gestores como atores visando potencializar o protagonismo social de suas atuais funções na Estratégia de Saúde na Família.   METODOLOGIA: As etapas dos círculos de cultura propõem à possibilidade de uma série de atividades inter-relacionadas, cujo foco é a participação plena dos profissionais do DAB, especialmente Agentes Comunitários de Saúde e Diretoria da Atenção Básica / Primária.   Proposta pedagógica: a) Investigação temática: Esse momento constitui etapa preliminar na aplicação do circulo por possibilitar delimitação do foco de interesse, considerando a realidade em suas especificidades e desafios. Como questões norteadoras: “Como vocês gostariam de serem enxergados?”, “O que é saúde?”, “Quanto custa sua saúde?”, “Quais problemáticas enfrentadas no cotidiano”; b) Tematização: Momento em que se explora a criatividade e potencialidade dos participantes. Nesta perspectiva iniciaremos a dinâmica de sensibilização: Primeiro passo dividi-los em grupo, segundo passo ajudá-los a pensar numa forma lúdica de apresentação de acordo com seus interesses, terceiro passo formalização e apresentação dos grupos; c) Problematização: Possibilita aos participantes do estudo a busca para superar a primeira visão mágica, substituindo-a por uma visão critica, na perspectiva de lutar por seus ideais para a transformação da realidade, nesse momento. Questão Norteadora: De que maneira eu posso mudar essa realidade? RESULTADOS: Esta proposta encontra na sensibilização de agentes comunitários de saúde e direção da atenção básica, uma estratégia de ampliar a acessibilidade do conhecimento entre seus pares, no cenário profissional e nos espaços comunitários/sociais. A ação está articulada à propostas que visam o estímulo ao protagonismo profissional e a corresponsabilização com ações de promoção a sua saúde e da coletividade, principalmente atuando no seu processo de trabalho, entendendo suas limitações inerentes ao sistema público de saúde brasileiro. O dinamismo dos Agentes Comunitários de Saúde pode ser valorizado, pela gestão, para realização de uma ação conscientizadora e comprometida com o enfrentamento da desigualdade e do estigma social, tratando saúde com um contexto ampliado, incluindo fatores sociais inerentes e valorizando a determinação social da saúde. O Agente Comunitário de Saúde deverá reafirmar sua força como ator social dentro da comunidade, promotor de saúde, e agente transformador da realidade do processo saúde-doença localizado em sua área de atuação. Momento reflexivo e dinâmico, reunião de forças e legitimação da Estratégia de Saúde da Família como pilar principal da saúde no SUS. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A atenuação ou resolução da dificuldade de comunicação, através do diálogo efetivo entre Agentes Comunitários de Saúde e Diretores da Atenção Básica / Primária, não implica diretamente no avanço do processo de trabalho e assistência em saúde (ainda existem diversos fatores que influenciam esse objetivo), mas age como um potencializador de qualidades da equipe que reverberam positivamente em todas outras ações. 

Palavras-chave


Educação Continuada; Educação em Saúde; Atenção Primária à Saúde

Referências


REFERÊNCIAS

  1. Monteiro EMLM, Vieira NFC. (Re) construção de ações de educação em saúde a partir de círculos de cultura:experiência participativa com enfermeiras do PSF do Recife-PE. Recife: EDUPE; 2008.
  2. Freire P. Educação como prática da liberdade. 23ª ed. Rio de Janeiro(SC): Paz e Terra; 1999.
  3. Brandão CR. O que é método Paulo Freire. 7ª ed. São Paulo: Brasiliense; 2005.
  4. Damasceno CF. Educação popular em saúde: intervenção participativa na construção de relações dialógicas entre portadores de diabetes mellitus – adulto (DM2) e profissionais [dissertação]. Fortaleza:Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará; 2003