Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Prática formativa inovadora em saúde mental: experiência da rede receptora de Coronel Fabriciano/MG no projeto “Percursos Formativos na Rede de Atenção Psicossocial”
Adriana Condessa Torres

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: O município de Coronel Fabriciano/MG foi selecionado como Rede Receptora no Projeto do Ministério da Saúde intitulado Percursos Formativos da Rede de Atenção Psicossocial, devido às estratégias implantadas para lidar com demandas de atenção à crise em saúde mental, apesar dos escassos dispositivos de atenção psicossocial no município, que possui apenas um CAPS II. A atenção à crise é realizada de forma resolutiva, com ações intersetoriais que privilegiam a cogestão de casos e processos de trabalho. METODOLOGIA: Este trabalho tem o objetivo de apresentar os efeitos colhidos desta experiência construída ao longo de dez meses, quando recebeu, em um sistema de intercâmbio de saberes e práticas, vinte profissionais de cinco municípios de diferentes estados do Brasil. Neste período os profissionais do CAPS II e de outros setores do município receberam um total de cem colegas atuantes nas suas respectivas redes de saúde mental, que acompanharam diariamente os trabalhos de forma colaborativa e observadora. A maioria dos municípios visitantes possui CAPS I e pôde experimentar também as experiências de cuidado em saúde mental da criança/adolescente e às pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e drogas, que possuem enquanto norteadores, estratégias dialógicas intersetoriais como forma de atendimento às respectivas demandas. Após a conclusão da primeira etapa do projeto, pode-se afirmar que diferentes conquistas e experiências foram compartilhadas, processos de trabalho foram revistos e muito entusiasmo foi injetado nos profissionais, tanto da rede receptora como das redes em formação. É de entendimento de todos que os impactos do projeto (imersão e oficinas nas redes em formação) foram significativos para a maioria dos municípios, colocando, no mínimo, a Política de Saúde Mental em pauta nos seus territórios. RESULTADOS: A imersão se mostrou muito eficaz para trabalhar a responsabilização de profissionais e gestores com os processos de trabalho na atenção à crise e as oficinas realizadas nos municípios visitantes despontaram como metodologia diferenciada para movimentar a rede local de saúde mental. Houve também vários efeitos sobre a rede receptora, pois para receber os profissionais na cidade e nos dispositivos foi necessária uma dose significativa de organização e discussão dos processos de trabalhos, além do manejo dos efeitos da crítica de terceiros sobre a prática diária de todos. O reconhecimento da potência da rede de saúde mental de Coronel Fabriciano foi prontamente valorizado e a criatividade para lidar com a crise, apesar da escassez de dispositivos, se apresentou como maior exemplo para os outros municípios, convidando a maioria dos profissionais a se retirarem do lugar da queixa para assumirem o da invenção. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Por fim, é necessário enfatizar que a metodologia de Educação Permanente adotada se apresentou como ferramenta diferenciada para sensibilização e instrumentalização dos profissionais ali envolvidos. O sentimento de orgulho se fez presente e reforçou em todos, redes receptoras e em formação, a responsabilidade de fazer operar a clínica e a política da saúde mental, pautadas no princípio do cuidado em liberdade e em consonância com as diretrizes do SUS.

Palavras-chave


Percurso formativo; saúde mental; rede receptora; rede em formação