Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Percepções de uma comunidade ribeirinha acerca da Hipertensão Arterial Sistêmica: uma abordagem transcultural
Leticia Antonio Costa, Ana Paula de Assis Sales da Silva

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: Doenças cardiovasculares, especialmente a hipertensão, permanecem como principal causa de morte entre os indivíduos no Brasil. A presença de doenças cardiovasculares entre os ribeirinhos que residem no Passo do Lontra, sobretudo a hipertensão arterial sistêmica (HAS), é observada. Os ribeirinhos enfrentam problemas sócio econômicos e desafios culturais para o acesso ao sistema de saúde. O ambiente onde moram também aumenta o risco para diferentes condições de doença. Dada a presença da hipertensão nesta população e o impacto na qualidade de vida gerado por essa condição, o objetivo geral deste trabalho é compreender os aspectos socioculturais e o sistema de valores da população ribeirinha residente no Passo do Lontra acerca da Hipertensão Arterial Sistêmica. METODOLOGIA: O estudo foi desenvolvido por meio da abordagem qualitativa à luz da Teoria Transcultural (também denominada Teoria da Diversidade e Universalidade Cultural do Cuidado) de Madeleine Leininger. A pesquisa foi realizada na Base de Estudos do Pantanal, a qual se situa na comunidade do Passo do Lontra, localizada na cidade de Corumbá no estado de Mato Grosso do Sul. A coleta de dados foi realizada com pessoas com diagnóstico médico de HAS que foram atendidas no ambulatório da Base de Estudos do Pantanal no período de maio a junho de 2015. No primeiro momento foram coletados dados sociodemográficos e de cuidado à saúde. Em seguida, foram coletadas informações acerca das percepções dos participantes em relação à doença por meio de 3 perguntas abertas que foram gravadas, transcritas e analisadas a partir das unidades temáticas formadas. O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética de Pesquisa da UFMS e foi aprovado com parecer CAAE 43291215.0.0000.0021 em 31 de Março de 2015. RESULTADOS: Foram entrevistados 16 indivíduos, sendo 8 do sexo feminino (50%) e 8 do sexo masculino (50%). As idades variaram de 27 a 64 anos, sendo a que a média de idade foi de aproximadamente 49 anos. A partir da transcrição das entrevistas, observou-se que as falas concorriam para temas distintos, sendo eles: como ter hipertensão impacta no curso de vida; a medicação como principal responsável pelo cuidado; a alimentação como fator importante na discussão da doença; modificação ou não de hábitos após o diagnóstico da doença; e a preservação e manutenção da saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Por meio deste trabalho, foi possível observar a importância e impacto trazido por este estudo no que diz respeito à assistência à saúde dessa comunidade ribeirinha, que possui necessidades e demandas específicas se comparadas com a comunidade urbana. Além disso, o acesso à saúde requer a exploração do cuidado multidisciplinar baseado em uma abordagem transcultural capaz de perpassar diferentes realidades e cenários a fim de encontrar o equilíbrio para um cuidado congruente.

Palavras-chave


Hipertensão; Enfermagem Transcultural; Condições Sociais

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