Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Um olhar para o sofrimento: Intervenção de Terapia Ocupacional na Capacitação sobre Saúde Mental para Agentes Comunitários de Saúde do Município de Lagarto-Se
Bianca Goncalves de Carrasco Bassi, patrícia Cristina dos Santos, Lilian Kauany Virginia dos Santos, Eliane Santos Silva Nascimento, Rogerio Andrade dos Santos

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


APRESENTAÇÃO: Este é um relato de experiência vivenciado pelos discentes do curso de Terapia Ocupacional, da Universidade Federal de Sergipe, que tem por objetivo relatar o conhecimento teórico-prático obtido por meio de uma parceria entre o Departamento de Terapia Ocupacional de Lagarto (DTOL) e a Clínica de Saúde da Família José Antônio Maroto, localizada na Avenida Contorno, S/N na cidade de Lagarto – Sergipe. O DTOL, desenvolveu um projeto de Capacitação em Saúde Mental para os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), com o objetivo de preparar os mesmos para ter um olhar voltado para o sofrimento, que não necessariamente está ligada a uma patologia, mas que pode ser o início para o processo de adoecimento psíquico. Desta forma torna-se fundamental considerar a complexidade singular do indivíduo frente ao sofrimento que não é o mesmo que dor, embora a dor possa levar a um sofrimento, mas não é qualquer dor que faz sofrer. Da mesma forma, o sofrimento não equivale a uma perda, embora as perdas possam, ocasionalmente, fazer sofrer. METODOLOGIA: Diante dessa complexidade nossas atividades foram desenvolvidas da seguinte forma: primeiro foi organizado um grupo de estudo e planejamento, onde aconteceram algumas reuniões presenciais e online, através da comunidade virtual desenvolvida na plataforma SIGAA - Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas da Universidade Federal de Sergipe, onde os discentes e docentes trocavam informações, discutiam algumas temáticas, refletiam sobre as mesmas e planejaram uma ação teórico prático destinada a atingir um público de aproximadamente sessenta pessoas. Das temáticas discutidas vale destacar as seguintes: Ações de Matriciamento na Saúde Mental, Caderno de Atenção Básica Saúde Mental 34, Saúde Mental do Trabalhador da Atenção Básica, Saúde Mental na Atenção Básica: Política Trabalho e Subjetividade e Temáticas alto dirigido. Em seguida foi elaborado um plano de ação junto aos agentes comunitários de saúde além de reuniões com gestores e equipe de saúde da família para a construção de uma ação da universidade em parceria com os profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) e por fim foram realizados 2 momentos de Capacitação em Saúde Mental com esses profissionais na Clínica de Saúde da Família José Antônio Maroto. O primeiro momento de capacitação foi desenvolvido através de uma roda de conversa entre os ACS   e a docente e orientadora do projeto de Capacitação sobre Saúde Mental e Terapia Ocupacional para Agentes Comunitários de Saúde do Município de Lagarto-SE, Bianca Gonçalves de Carrasco Bassi, onde a mesma abordou de maneira sucinta a importância da abordagem sobre o tema, saúde mental junto aos profissionais da Unidade Básica de Saúde, especificando a importância de um novo olhar para o sofrimento. No segundo momento a capacitação foi desenvolvida da seguinte maneira, primeiro foi feito o acolhimento, onde os ACS, discentes, docentes, e técnicos do Departamento de Terapia Ocupacional de Lagarto (DTOL) participaram de uma dinâmica, onde todos teriam que se apresentar e tirar de um saquinho uma palavra, e relacionar essa com a saúde mental, enfatizando a importância e a relação positiva ou negativa que essa palavra poderia ter dentro do contexto da saúde mental. Após as apresentações a professora e coordenadora do projeto, fez uma apresentação sobre a importância da saúde mental não só dos usuários da Atenção Básica, mas também dos ACS, após sua explanação foi aberto um espaço onde os  mesmos puderam falar sobre suas experiências na comunidade e como eles lidam com o sofrimento dessas pessoas, em seguida foi apresentado para eles um pequeno vídeo com título Vida Maria, que fala sobre um ciclo de sofrimento que se repete por várias gerações, sofrimento que não é físico, mas que deixam marcas que segue ao longo dos anos, após o vídeo deixamos que eles falassem sobre o que entenderam e o que achavam sobre o sofrimento. RESULTADOS: Ficou destacado através do discurso o quanto eles precisam que os olhem assim também. Percebemos através do diálogo de ambos que os mesmo sabem da importância da escuta, e que um simples olhar de: eu te entendo, fará toda a diferença na vida de quem sofre, e que sentimentos fazem parte do ser humano, que a troca, ajuda a lidar com o sofrimento, diminuindo assim a dor que cada um carrega. Nesse momento os mesmos verbalizaram suas necessidades enquanto pessoas, trabalhadores do Sistema Único de Saúde e impressões sobre o Sofrimento Psíquico e suas implicações para os cuidados em saúde. Entendemos que essas vivências possibilitaram aos discentes envolvidos, não só o planejamento de ações voltadas ao trabalhador para qualificar as ações desses e buscar melhoria para a população como também puderam formar uma nova imagem desses profissionais de saúde, sendo assim compreendemos  a importância do trabalho dos ACS, na Atenção Básica voltado pra saúde mental, já que o mesmo se caracteriza como o elo de ligação entre a  Comunidade e os serviços de saúde se configurando como um importante profissional para a Estratégia de Saúde da Família, podendo o mesmo se tornar um agente multiplicador e investigador desse conhecimento, contribuindo para um novo modo de cuidar da saúde das pessoas.  CONSIDERAÇÕES FINAIS: Espera-se que com essas vivências e capacitações, os Agentes Comunitários de Saúde possam compreender que a saúde mental não está dissociada da saúde geral, e que a atenção a mesma não exige necessariamente um trabalho para além daquele já demandado aos profissionais de Saúde. Trata-se, sobretudo, de que estes profissionais incorporem ou aprimorem competências de cuidado em saúde mental na sua prática diária, de tal modo que suas intervenções sejam capazes de considerar a subjetividade, a singularidade e a visão de mundo do usuário no processo de cuidado integral à saúde. E por isso, faz-se necessário reconhecer que as demandas de saúde mental estão presentes em diversas queixas relatadas pelas pessoas, cabendo aos profissionais o desafio de perceber e intervir sobre estas questões, ampliando o seu olhar para o sofrimento, identificando-o precocemente e diminuindo os agravos que esse possa vir causar, já que o mesmo é algo singular, e a maneira como cada um lida com os sentimentos é diferente, assim, o olhar voltado para o sofrimento, é de extrema importância, já que o mesmo não se caracteriza como uma doença mas, pode ser o início de uma.

Palavras-chave


Sofrimento; Saúde Mental; Terapia Ocupacional

Referências


BRASIL, Caderno de Atenção Básica, nº34: saúde mental. Ministério da saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília, Ministério da Saúde, 2013.P 176.