Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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PERFIL DE ADOLESCENTES GRÁVIDAS ATENDIDAS EM UMA MATERNIDADE SECUNDÁRIA DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA-CE
Francisco Ariclene Oliveira, Maria Isabel de Oliveira Braga, Antonia Ingridy Pinto de Sousa, Aviner Muniz de Queiroz, Márcia Mota da Silva, Mirian Ferreira Coelho Castelo Branco, Denizielle de Jesus Moreira Moura

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


APRESENTAÇÃO: A adolescência é um período determinado pela faixa etária de 10 aos 19 anos de idade (OMS). É considerada uma fase de transição permeada por descobertas, conflitos, dúvidas, além de alterações biopsicossociais que conferem particularidades a esse período as quais devem ser consideradas visando a integralidade do indivíduo. Dentre as alterações fisiológicas, destacamos as hormonais, que levam a descoberta da sexualidade, ocasionando assim o interesse e a procura por namoro e relações sexuais. Na perspectiva do cuidado ao adolescente, ressalta-se a necessidade de troca de informações e experiências de forma a empoderar o indivíduo sobre a importância do sexo de maneira segura e consciente. Para tal, incentiva-se o planejamento familiar com a inclusão de métodos de barreira (preservativos masculino ou feminino) que, além de prevenir uma gravidez indesejada, protege contra infecções sexualmente transmissíveis. Prietsch (2011) aponta como o principal fator causador de gravidez indesejada, os baixos índices de uso de contraceptivo, associado à falta de conhecimento destes adolescentes. Nesse contexto, Carvalho (2009) afirma que uma gravidez não planejada gera importantes repercussões na vida das adolescentes, seja no aspecto físico, psicológico e social dessas mulheres que podem não está preparadas para assumir a maternidade. A gravidez não planejada também pode resultar em altas taxas de complicações obstétricas devido à imaturidade corporal. Sabe-se que a fase da adolescência ocorre geralmente um aumento significativo no crescimento e desenvolvimento físico, o que contribui para maiores riscos de complicações maternas como: pré-eclâmpsia, anemia, parto pré-termo, infecções, entre outras. No ano de 2007, ocorreram quase três milhões de nascimentos no Brasil. Deste, 21,3% correspondem a parto de mães adolescentes, na faixa etária de 10 a 19 anos (IBGE, 2012). O interesse pelo estudo foi despertado durante a vivência em campo de estagio na disciplina saúde da mulher, onde pudemos perceber o alto índice de adolescentes grávidas em acompanhamento de pré-natal. Diante deste contexto surgiu a seguinte pergunta: Qual o perfil sociodemográfico, clínico e obstétrico de adolescentes grávidas e as características de recém-nascidos atendidos em uma maternidade secundária da região metropolitana de Fortaleza-CE? Tal conhecimento subsidia o planejamento de cuidado voltado para as necessidades e singularidades desse público e, em um nível mais abrangente, fortalece ações de políticas públicas voltadas para a promoção da saúde da mulher. Esse estudo objetiva analisar o perfil sociodemográfico, clínico e obstétrico de adolescentes grávidas e as características dos recém-nascidos em uma maternidade secundária da região metropolitana de Fortaleza-CE no ano de 2013. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo documental, transversal, com abordagem quantitativa.  A amostra foi constituída de 878 prontuários de adolescentes admitidas para realizar o parto em uma maternidade secundária de Maracanaú durante o ano de 2013. Os dados foram coletados nos meses de setembro e outubro de 2014 em uma maternidade no município de Maracanaú - CE. A coleta dos dados foi realizada por meio de um formulário elaborado pelas pesquisadoras com perguntas relacionadas aos dados sociodemográficos, clínicos e obstétricos e características do recém-nascido. Foi realizado teste piloto onde foram coletados dados em 10 prontuários a fim de avaliar a adequabilidade das perguntas do Instrumento de coleta de dados. Após o teste piloto o formulário foi reformulado, sendo retiradas as perguntas sobre no parto e acrescentado sobre as características do recém-nascido.  Tais informações foram retiradas devido sua ausência ou incompletude nos prontuários pesquisados. Os prontuários que fizeram parte do teste piloto foram excluídos da amostra. Após a coleta os dados foram tabulados e apresentados em tabelas. Os resultados foram analisados de forma quantitativa com auxílio do Programa Excel, para o cálculo de medidas da estatística descritiva para facilitar a interpretação dos resultados, os quais foram analisados à luz da literatura pertinente. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FAMETRO, sob o número de parecer 744.354. Após a aprovação foi encaminhado à instituição o Termo de Fiel Depositário solicitando o acesso aos prontuários. Ressalto que foram respeitados o anonimato dos participantes, fidedignidade dos dados e os demais princípios éticos dispostos na resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. RESULTADOS: Os resultados constataram que 733 (83,5%) são adolescentes na faixa etária de 16 a 19 anos; 464 (52,9%) possuem o ensino fundamental II completo e 379 (43,1%) concluíram o ensino médio. A amostra apresentou-se mista quanto ao estado civil, onde 438 (49,9%) são solteiras e 437 (49,8%) são adolescentes casadas/união estável. Houve maior prevalência de gestantes pardas com 773 (88%) e, por se tratar de um município com área indígena, 4 (0,45%) declararam tal raça. Do total de adolescentes assistidas na maternidade em estudo, apenas 312 (35,5%) residiam no município de Maracanaú. Em relação ao número de gestações, foi identificado que 669 (76,2%) eram primigestas e 57 (6,5%) eram multigestas com três ou mais gestações. Entre os tipos de parto, houve um predomínio do parto vaginal, com 524 (59,7%). Quanto ao tipo de gravidez, 876 (99,9%) eram de gestação única, sendo apenas 1 (0,1%) gemelar. Em relação ao pré-natal, identificamos uma assistência deficiente onde 471 (53,6%) realizaram menos de 7 consultas e 341 (38,8%) iniciaram o pré-natal após o primeiro trimestre. Com relação aos dados no momento do parto, a maioria das mulheres (685- 78%) deram a luz com idade gestacional de 37 a 41 semanas. Apesar de a amostra tratar-se de adolescentes, o que pode pressupor uma gravidez de risco, identificamos um perfil relativamente normal entre os recém-nascidos. Tal fato pode está relacionado à maioria das adolescentes estarem na faixa etária de 16 a 19 anos o que diminui os riscos biológicos. Em relação às características do recém-nascido, 443 (50,4%) são do sexo feminino; 686 (78%) nasceram a termo; e 785 (89,3%) apresentaram peso normal, ou seja, entre 2.501 a menor de 4.000 gr. Quanto a forma de apresentação, 858 (97,6%) foram cefálicas. O valor do apagar no 1º minuto predominou entre 8 e 10 (770 - 87,6%), mantendo esse predomínio no 5º minuto, com 864 (98,3%). CONSIDERAÇÕES FINAIS: O perfil da gravidez na adolescência evidenciado neste estudo mostra que, a maioria está na faixa etária de baixo risco (16 a 19 anos), apresentam baixa escolaridade, são solteiras, raça parda. Identificamos também predomínio das primigestas, com parto vaginal, gravidez única, número de consultas do pré-natal adequadas (7 ou mais), início das consultas de pré-natal no primeiro trimestre e idade gestacional dentro dos padrões considerados normais (37 a 41 semanas). Quanto aos recém-nascidos, foi identificado um perfil relativamente normal. Esse perfil mostra que, apesar dos avanços e da divulgação de estudos sobre essa temática, a gravidez na adolescência continua como uma prática recorrente. Com isso, reforça-se a importância de se repensar em ações associadas para as adolescentes, família e sociedade, visando diminuir o número de gravidez indesejada, tornando-se de grande importância a atuação da enfermagem.

Palavras-chave


Gravidez na adolescência; Complicações na gravidez.

Referências


CARVALHO, Anna Yáskara Cavalcante et al. Perfil sociodemográfico e reprodutivo de adolescentes grávidas acompanhadas na unidade básica de saúde do município de Canindé. Revista Rene, Fortaleza, v.10, n.1, p. 53-61, jan-mar, 2009.

Organização Mundial de saúde. (1986). Young People´s Health - a Challenge for Society. Report of a WHO Study Group on Young People and Health for All. Technical Report Series 731. Geneva.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geofrafia e Estatística. Censo demográfico 2012. [online]. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 14/04/14.

PRIETSCH, Silvio Omar Macedo et al. Gravidez não planejada no extremo Sul do Brasil: prevalência e fatores associados. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.27, n.10, p.1906-1916,out, 2011.