Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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ABORDAGEM DA SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE COM MULHERES DE UM CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO NO MUNICIPIO DE SANTARÉM-PA
Lays Oliveira Bezerra, Jéssica Samara dos Santos Oliveira, Veridiana Barreto do nascimento, Ana Dirce de Jesus Ferreira, Kelly Nataline Santos, Rosiana Paiva Silva, Vanice Cristina Dezincourt, Rair Silvio Alves Saraiva

Última alteração: 2015-12-17

Resumo


APRESENTAÇÃO: A sexualidade é descrita como um processo inerente e indissociável a essência humana, que começa ao nascimento e só termina com a morte do individuo, desta forma é evidente que não se restringe apenas a prática do ato sexual como é, geralmente, idealizado pelo senso comum, mas a um amplo espectro emocional que envolve afeto, carícias e principalmente o sentimento mútuo, entre outros fatores que se modificam, em consonância com o desenvolvimento do ser humano. Assim não é a idade que determinará a presença ou ausência da sexualidade, mas a vontade do individuo de instiga-la.  É inevitável que o envelhecimento acarrete uma diversidade de modificações anatômicas, fisiológicas e psicossociais que, por sua vez, não inibem o processo sexual, porém excita nas pessoas a criação de mitos e tabus preconceituosos relacionados à “velhice assexuada”, ou seja, ocorre a desvalorização da sexualidade no tocante a terceira idade, então os senis se desestimulam e até proclamam-se incapazes de prosseguir sua vida sexual mesmo que o exercício desta maximize o bem-estar, influencie na manutenção da saúde e corrobore para o reconhecimento do ancião enquanto ser ativo e funcional na sociedade.  Desta forma o objetivo da pesquisa foi conhecer e analisar a vivência da sexualidade na terceira idade, a partir de idosas vinculadas ao centro de Convivência de Idosos (CCI) no município de Santarém-PA. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo de campo com embasamento bibliográfico, de cunho quantitativo executado em um centro de convivência de idosos no município de Santarém, no Estado do Pará, Brasil. O universo amostral foi composto por 25 mulheres compreendendo a faixa etária de 60 a 80 anos, que frequentassem assiduamente a referida instituição, estivessem lúcidas, sem nenhum tipo de alteração psicológica que pudesse comprometer o andamento da pesquisa e todas as participantes deveriam residir em Santarém. Mediante a regularização ética foi aplicado um questionário fechado a fim de obter as informações referentes ao estudo para posterior análise. RESULTADOS: De acordo com a análise dos dados constatou-se que 44% das mulheres encontravam-se na faixa etária entre 66 a 70 anos de idade, 24% entre 60 a 65 anos, 20% dentre 76 a 80 anos e 12% entre 71 a 75 anos, destas 36% permaneciam casadas, 32% viúvas, 18% solteiras e 14% divorciadas, sendo que 81% apresentava renda média de um salário mínimo, 14% dois salários mínimos e 5% outros valores, é válido ressalta que grande parte delas era católica (96%), enquanto que 4% eram evangélicas, no quesito raça, 65% autodenominavam-se pardas, 23% se classificava branca, 8% da raça negra e 4 % de etnia indígena. 88% afirmaram que tinham filhos, enquanto que 12% não tiveram filhos, 35% afirmaram morar com o companheiro, 30% com os filhos, 26% residiam sozinhas e 9% alegaram moram com os netos, quanto ao tempo de cadastro na instituição já referida 9% estava há dois anos, 8% frequentavam a três, 8% há quatro anos e 75% eram institucionalizados a outro intervalo de tempo.   Ao que concerne à sexualidade propriamente dita 33% consideravam como obtenção de prazer, 28% compreendiam como o ato sexual/coito, 17% como ato exclusivo para função reprodutiva, 17% caracterizaram como desejo e 5% referiram como orgasmo. Das 25 mulheres 79% responderam não apresentar nenhuma dificuldade ou constrangimento em discutir ou dialogar sobre sexualidade, então, foram questionadas se consideravam sexualmente ativas, onde 70% replicaram sim e 30% classificaram-se como inativas. Quanto aos obstáculos vivenciados durante o ato sexual 69% delas arguiram não ter nenhum, 8% asseguraram sentir desconforto, 4% relataram dispaurenia, 4% vergonha e 15% afirmaram ter outras sensações. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A expressão da sexualidade na terceira idade, assim como no adulto jovem é considerado necessidade fisiológica e reflete na qualidade de vida, no entanto este processo pode estar prejudicado de acordo com significações culturais norteados por mitos e arguições preconceituosas, destarte a sexualidade na terceira idade pode e deve ocorrer de maneira satisfatória caso busquem redescobrir e acarretar um novo significado a este processo que, sem dúvida será diferente daquele vivenciado na juventude, porém ainda terá caráter prazeroso e benéfico. Constatou-se que a maioria das pesquisadas compactuavam com uma vida sexual ainda ativa e positiva, porém uma parcela menor ainda tratava a sexualidade como alheio a seu cotidiano ou apresentavam problemas no ato sexual, este feitio pode estar relacionado, possivelmente, a forma como a pessoa vivenciou a sua sexualidade, como adquiriu conhecimentos a respeito ou como foi construída sua identidade sexual, cultural e social.  Neste contexto, ressalta-se a premissa do aconselhamento a estas mulheres com a finalidade de melhorar a qualidade de vida e, consequentemente, a saúde e até mesmo daquelas que já desempenham os atos sexuais de forma oportuna, a fim de minimizar as doenças de modo transmissível. Outra estratégia de suporte, com suma importância seria a inserção continuada da educação e incentivo a sexualidade, realizado pelos próprios funcionários do centro de convivência do idoso, pois de acordo como os dados da presente pesquisa, grande percentagem participa frequentemente do CCI a tempo significativo, viabilizando as ações em longo prazo, ratificando que é objetivo destas instituições promoverem a inserção e a valorização do idoso na sociedade, bem como auxilia-lo a gozar de seus direitos, dentre eles a saúde biopsicossocial. No âmbito da sexualidade surge então a percepção e atitudes dos cuidadores face às mais complexas situações encontradas quando do apoio prestado, que nem sempre são as mais positivas para a qualidade de vida dos idosos, e que, carecem ser compreendidas e analisadas. Fazendo-se necessário que a equipe multidisciplinar que presta cuidados aos idosos atenda-os de forma mais ampla atentando-se para as necessidades, sejam elas físicas, psicológicas, emocionais ou sociais e assim desenvolver uma assistência com olhar holístico e sem preconceito. Portanto, a enfermagem deve desempenhar de forma parcial este encargo através de palestras, rodas de conversas, discussões em grupo, entre outras metodologias ativas, uma vez que esta diametralmente ligada à cliente seja na atenção básica ou hospitalar e está apto a orienta-la, assim como promover pesquisas em relação ao tema supracitado em ação conjunta as demais áreas de conhecimento, considerando a relevância e importância no contexto social.

Palavras-chave


Terceira Idade, Sexualidade, Enfermagem

Referências


BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde da pessoa idosa e envelhecimento. Ministério da saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações 52

COELHO, Daniella Nunes Paschoal et al. Percepção de Mulheres Idosas sobre Sexualidade: Implicações de Gênero e no Cuidado de Enfermagem. Rev. Rene, v. 11, n. 4, p. 163 - 173. Fortaleza, out./dez. 2010. Disponível em: <www.revistarene.ufc.br/vol11n4_pdf/a18v11n4.pdf>. Acesso em: 10 set. 2013.

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SANTOS, R. A. R; NASCIMENTO, C. P; BISCOLLI, M. R. A. - LABADESSA, V.M. Sexualidade na Terceira idade: Pense um pouco no próprio preconceito. Revista Olhar Cientifico – Faculdades Associadas de Ariquemes – V. 01, n 2. Agost. / Dez. 2010.