Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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PERCEPÇÃO DE PETIANOS SOBRE AS POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL NA FORMAÇÃO ACADÊMICA: participantes do SUDESTEPET e ENAPET 2014
Giulianna Amador de Barros, Patrícia Rossetti Dearo, Letícia Chiaramonte de Morais, Fernanda Melo de Oliveira, Taina Batista Pedroso, Bruna Arcaim da Silva, Rosana Aparecida Salvador Rossit

Última alteração: 2015-10-29

Resumo


APRESENTAÇÃO: O Programa de Educação Tutorial (PET) surgiu no ano 1979, com o objetivo de aprimorar o ensino superior brasileiro. Atualmente financiado pela Secretária de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC), o Programa é formado por grupos espalhados por todo Brasil, em instituições de ensino superior públicos e privados, sendo esses grupos constituídos por no máximo 12 alunos bolsistas e até seis não bolsistas, acompanhados por um professor tutor. Os grupos são responsáveis por desenvolver atividades extracurriculares tendo como requisito a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. As práticas que compõem o Programa têm como objetivo propiciar ao aluno vivências e experiências para além do seu curso de graduação, favorecendo a formação acadêmica e a prática profissional.Frente à ampla gama de desafios refletidos na implantação, manutenção, sustentabilidade do Programa junto com inconstância de liberação e normatização para o pagamento de bolsas e uso da verba custeio, inúmeras mudanças nas políticas educacionais e no sistema de ingresso e permanência de estudantes nas universidades, torna-se relevante avaliar as influencias do PET na formação profissional através da ótica dos integrantes acadêmicos do PET. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo conhecer as percepções dos acadêmicos das diferentes áreas do conhecimento envolvidos no PET, dando voz para que possam expor suas opiniões acerca das potencialidades, fragilidades e sugestões na perspectiva do aprimoramento do Programa. METODOLOGIA: A metodologia do trabalho foi baseada em dois modelos de questionários que foram aplicados em diferentes eventos que reuniram alunos integrantes do grupo PET por todo o Brasil. O primeiro encontro foi o Sudeste PET, que ocorreu de 18 a 20 de abril de 2014 na cidade de Seropédica, RJ e o segundo foi ENAPET, que ocorreu de 28 a 02 de agosto de 2014, na cidade de Santa Maria, RS. Os participantes dos dois eventos foram convidados a fornecer informações sobre a sua participação a respeito do Programa de Educação Tutorial. O primeiro questionário, do tipo aberto, solicitava informações pessoais, institucionais e do grupo PET. O participante expressava sua opinião em relação a três categorias: “Que bom” apontando aspectos positivos relacionados ao PET; “Que pena”, destacando os aspectos negativos e, por fim, “Que tal”, espaço destinado ao apontamento de sugestões.  A primeira coleta de dados foi realizada no SudestePET 2014. A segunda coleta de dados foi realizada no ENAPET 2014. Além do questionário aberto, também aconteceu neste evento, à aplicação de um questionário fechado, no qual os "petianos" deveriam assinalar as opções a partir de um checklist que foi organizado com as principais categorias obtidas do questionário aberto do Sudeste PET. A amostra por conveniência foi constituída por 199 acadêmicos vinculados a grupos PET do Brasil, que manifestaram a concordância livre e esclarecida e responderam a enquete. RESULTADOS: Responderam ao questionário, 199 acadêmicos participantes do SudestePET e do ENAPET, ambos de 2014. Eles estão vinculados a 29 instituições de ensino superior (IES) brasileiras e a 64 grupos PET. Potencialidades: A percepção dos acadêmicos dos PETs foi classificada nas seguintes categorias: A categoria “Ensino” foi considerada por 91 respondentes. “Extensão” em 89 respondentes. “Enriquecimento da formação” por 111 respondentes. “Pesquisa” por 77 respondentes. “Trabalho em equipe” por 83 acadêmicos. A prática do tripé ensino, pesquisa e extensão foi citada por 36 respondentes, na categoria “Indissociabilidade”. “Multi/Interdisciplinaridade” por 33 acadêmicos. A “Participação em eventos” por 50 respondentes. Na categoria “Tutor”, 41 respondentes consideram o tutor como uma pessoa que coordena os trabalhos com experiência e que possui uma relação horizontalizada com os acadêmicos. O “Reconhecimento na IES” foi apontado por 16 acadêmicos. “Bolsa” por 32 respondentes. Dificuldades: As dificuldades foram classificadas nas seguintes categorias: O “Uso de recursos” relacionando ao recebimento de verbas de custeio, foi mencionado por 70 respondentes. “Reconhecimento” por 60 petianos. Dificuldades em relação à “Prática do tripé” foram apontadas 38 vezes. A categoria “Bolsa” por 43 respondentes, sendo justificada pelos atrasos e por não ser suficiente para garantir os custos da permanência estudantil. Em “Apoio”, 48 acadêmicos relataram a falta de apoio das IES. A “Burocracia” por 40 estudantes. A falta de vínculo entre os grupos PET foi apontada 44 vezes na categoria “Interação entre os grupos PET”. “Sobrecarga” por 26 acadêmicos. “Normas” por 17 respondentes. “Relacionamentos” por 20 petianos. O “Compromisso do "petiano"” foi queixa de 17 acadêmicos. “Eventos” por 9 respondentes. Sugestões: As sugestões dos acadêmicos foram divididas nas seguintes categorias: Na categoria “União dos PET”, 30 respondentes apontaram a necessidade de atividades integradas entre os grupos PETs. Relacionado à “Verba custeio”, 58 acadêmicos sugeriram maior flexibilização no uso dos recursos. Na categoria “Bolsa”, 47 acadêmicos apontaram a necessidade do aumento no valor; e, 52 desejam maior “Reconhecimento” dos órgãos públicos e da comunidade acadêmica. Na categoria “Apoio”, 42 acadêmicos sugerem que a IES e os órgãos públicos apoiem mais as atividades exercidas pelos grupos. A redução da “Carga horária” é apontada por 18 petianos. Os critérios de “Avaliação do Programa” apareceram em 46 respostas; e, 27 acadêmicos sugeriram a criação de “Novos grupos PET”. A “Infraestrutura dos eventos” foi apontada em 21 respostas, sendo sugerido melhorias na alimentação, sanitários e, principalmente, nos alojamentos. Não há dúvidas que a dinâmica da educação superior, assim como o desenvolvimento científico, cultural e tecnológico façam ressurgir ideias e criem novos argumentos para alimentar o debate em torno do PET. Isso é importante, e deve ser compreendido como defesa de pontos de vista e de expectativas que pretendem, acima de tudo, produzir um Programa acadêmico cada vez mais integrado aos avanços do mundo moderno e compreendido pela sociedade que o financia. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A presente pesquisa revela uma visão positiva sobre o PET, que fornece a oportunidade de aproximação da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, importante para o enriquecimento pessoal e profissional, na aprendizagem, trabalho em equipe, experiência e da possibilidade de se desenvolver projetos e pesquisas. Entretanto, é necessário que os resultados apontados e o campo político do Programa sejam fortalecidos, para haver possibilidade de novas ações e construção conjunta dos espaços e propostas para o desenvolvimento do PET, almejando reconhecimento do governo, da comunidade acadêmica e da sociedade. Portanto, é de extrema relevância avaliar continuamente o Programa, abrangendo a percepção dos acadêmicos e também de tutores e egressos. Tornar essa avaliação uma pesquisa científica confere visibilidade a essas questões e, contribui para o desenvolvimento e aprimoramento de aspectos relacionados ao Programa de Educação Tutorial.

Referências


KUENZER, A. Ensino Médio: Construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. São Paulo: Editora Cortez, 2000.

MARTIN, M. G. M. B. O programa de Educação Tutorial – PET: formação ampla na graduação. 2005. 108 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 2005.

MARTINS, I. M. L.; KETZER, S. M. Programa de Educação Tutorial: estratégia para o desenvolvimento da graduação. 1. ed. Brasília, DF: Brasil Tropical, 2008.

MEC. Ministério da Educação (2006). Manual de Orientações Básicas PET. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Superior – SESu. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/PETmanual.pdf>. Acesso em 20 de abril de 2015.

MINAYO, M. C. S.; DESLANDES, R.; GOMES, S. F. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.