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APRESENTAÇÃO: Ampliar a dimensão do autocuidado no cotidiano do trabalho em saúde é um desafio constante para a integração entre técnica e humanização. O presente trabalho surgiu do encontro entre duas práticas educativas: O Curso Técnico de Enfermagem e a Residência Integrada em Saúde, ambos oriundos da Escola de Saúde Pública do Estado do Ceará. Relata a experiência da prática cuidando do cuidador, realizada com a equipe do Curso Técnico de Enfermagem da Escola de Saúde Pública do Ceará. A Residência Integrada em Saúde configura-se em modalidade de especialização Lato Sensu para a formação em serviço de profissionais aptos para a atuação nos diversos cenários e metodologias propostas pelo Sistema Único de Saúde. O Curso Técnico de Enfermagem faz parte da Política Nacional de Educação Permanente e do Programa de Formação de Trabalhadores de Nível Médio para Saúde (PROFAPS) e contribui de forma direta para as configurações da rede de saúde e as ações na atenção básica.  Realizado por meio da Diretoria de Educação Profissional em Saúde (DIEPS), através da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE) em parceria com a Secretaria de Saúde do Ceará (SESA), possui como público alvo auxiliares de Enfermagem com atuação no SUS. Com uma carga horária de 1.200 horas divididas entre teoria e prática nas Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Pronto Atendimento, Policlínicas e Centros de Atenção Psicossocial. O Curso Técnico em Enfermagem  utiliza como estratégia pedagógica a Metodologia da Problematização como estratégia pedagógica para orientar a construção do conhecimento no contexto da práxis.  METODOLOGIA: Realizado em Maranguape, região metropolitana de Fortaleza, capital do Ceará, iniciou as atividades em 31/03/2014 com previsão para finalizar em 15/10/15. Atualmente, com 26 alunos atuando nos campos de estágio curricular obrigatório, todos moradores da região em questão, portanto conhecedores das potencialidades e fragilidades da rede de saúde da região. No cenário de práticas do CAPS ad em Maranguape, essas duas modalidades de ensino e aprendizagem se encontram. O artigo relata a experiência da prática cuidando do cuidador com alunos do curso Técnico em Enfermagem, de forma integrada entre Educação Profissional em Saúde e Residência Integrada em Saúde, nos meses de junho e agosto de 2015. A importância do trabalho integrado entre as duas equipes, reside no fortalecimento da rede de atenção psicossocial (RAPS), do próprio território, que encontra nas alunas do curso técnico o perfil conjunto de moradoras da região e profissionais da saúde (agentes comunitárias de saúde, agentes de endemias), que buscam ampliar suas qualificações profissionais e conhecem as demandas territoriais de onde habitam. Outra questão relevante das ações da Escola de Saúde Pública do Estado do Ceará é a perspectiva da interiorização do SUS em suas práticas de assistência, transformação cultural, formação de lideranças políticas e construção de cidadania através da saúde. Durante o percurso formativo, a equipe passou pela vivência do serviço no CAPS ad em Maranguape, onde foi convidada para participar de  momentos em cuidados psicossociais, no qual as Enfermeiras tutoras da equipe e o residente em Terapia Ocupacional  participaram como facilitadores das atividades. No primeiro momento uma roda de conversa sobre saúde mental do trabalhador é problematizada. O trabalho da equipe Técnica de Enfermagem é vital para a concretização do Sistema único de Saúde, no entanto do ponto de vista da Saúde Mental, o cotidiano imerso no estresse ocupacional, nas relações sociais desses profissionais com os usuários e demais trabalhadores em saúde, além da cinética ocupacional de seus procedimentos técnicos, ocasiona sobrecarga psicofísica cumulativa. Com o tempo, a rotina se instala em um processo de produção de saúde no qual o corpo do profissional tende a ser percebido enquanto máquina. Essa lógica da produção fabril, representada nos momentos de aprendizagens, surge no gestual de anotar, mensurar, decorar os procedimentos, protocolos ou surge na fala de uma das participantes ao dizer que “esquece de si” quando entra na rotina do trabalho. Momentos do cuidar de si podem contribuir para a sensibilização de outras possibilidades de entender o corpo no cotidiano profissional. No grupo, falar sobre essa sobrecarga abre espaço para outras aprendizagens e convivências. Reconhecer as próprias dificuldades no outro contribui para a humanização das relações profissionais.  O diálogo sobre as questões de sobrecarga emocional emerge como elementos reconhecíveis no cotidiano laborativo. Em seguida, as Práticas Integrativas e Complementares e práticas da Educação Popular em Saúde foram utilizadas por meio das Práticas Corporais e da dialogicidade sobre a questão do cuidar de si para cuidar do outro. RESULTADOS: Trabalhos com técnicas respiratórias, musicalização, relaxação muscular progressiva e shiatsu, foram algumas técnicas utilizadas. O momento de cuidado psicossocial surge como novidade e espaço potencializador de reflexões sobre a saúde mental do trabalhador em saúde, enquanto elemento básico do seu processo formativo e de atuação profissional. O grupo trouxe para as vivências concepções pessoais sobre religiosidade, processos de saúde e doença, sofrimento psíquico no cotidiano e suas práticas de autocuidado, identificadas nas atividades de lazer. Quando problematizada a questão do cuidar de si através de métodos e técnicas específicas, realização do acolhimento, escuta e potencialização, apenas 5 participantes relataram a busca por estratégias para lidar com o estresse diário com objetivos de melhorar o cuidado com os usuários do SUS. No entanto todos os participantes reconheceram elementos do estresse laboral presente em suas práticas de Enfermagem.  Dificuldades de caráter religioso sobre as práticas em saúde forma colocadas por alguns participantes. O orientalismo sugerido como ação contra as doutrinas de alguns participantes foi contornado com breves contextualizações a respeito do funcionamento das técnicas e proximidade com o universo cultural das religiões de matrizes cristãs. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A percepção dos participantes  trabalhadores e usuários do próprio Sistema Único de Saúde foi a última questão abordada. Ponto fundamental para o entendimento de um sistema que se concretiza em cada processo de cuidado produzido e consumido no ato de cuidar de si e do outro. As vivências podem possibilitar a sensibilização para a percepção do corpo e do cotidiano como espaços necessitados de cuidados. Também foi possível realizar intervenções direcionadas para o entendimento do corpo como primeira ferramenta de atuação em saúde, porém não como corpo máquina, mas, enquanto organismo integrado com o meio que necessita de cuidados e afetividades potentes para a construção de redes solidárias em saúde.   

Educação Profissional, Autocuidado, Enfermagem