Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UMA ESTRATÉGIA PARA A PREVENÇÃO DE DST's EM ADOLESCENTES
Marcilene Batista Costa, Gabriele Pedroso Vasconcelos, Kamille Herondina Maia Martins, Melina de Figueiredo Miranda, Nádia da Costa Sousa, Yane Santos Almeida

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


APRESENTAÇÃO: Adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, fase em que ocorrem os impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social, onde os indivíduos começaram  a se esforçar para alcançar seus objetivos, tanto os relacionados às expectativas culturais da sociedade quanto ao que diz respeito à conquista de sua liberdade1. O Estatuto da Criança e do Adolescente2, regido pela Lei 8.069 de 1990, aponta que adolescência é a faixa etária compreendida entre 12 a 18 anos de idade. Nesta fase ocorre o fenômeno biológico conhecido como puberdade, onde há algumas mudanças que caracterizam-se pela menarca nas meninas entre 10 e 13 anos de idade e, a se menarca nos meninos por volta dos 12 aos 14 anos de idade3. A  necessidade de contato com uma pessoa do sexo oposto é algo inevitável nesse período, em que a curiosidade os induz a buscar relações cada vez mais íntimas. É nessa fase, por meio do namoro que a vontade de permanecer cada vez mais tempo ao lado da pessoa, de maneira gradativa os leva a selecionar o parceiro certo para experimentar seus limites até que a sua primeira relação sexual aconteça4. Os jovens não buscam informações concretas sobre os problemas provenientes de uma prática sexual irresponsável, acreditam-se livres de serem atingidos por consequências como, por exemplo: doenças sexualmente transmissíveis. Todavia quando estão cientes das problemáticas de uma prática irresponsável, são julgados pela sociedade por estarem iniciando sua vida sexual cedo demais, com isso eles passam a ter vergonha de atividades simples como a compra de um preservativo em uma farmácia, por exemplo, levando este adolescente a uma relação sem o uso e métodos preventivos e o pré-dispondo a uma gravidez precoce ou até mesmo uma DST5. Nas adolescentes, as DST's representam sério impacto na saúde reprodutiva porque podem causar esterilidade, doença inflamatória pélvica, câncer de colo de útero, além de interferir negativamente na autoestima6. Somado a isso, a saúde sexual dos adolescentes passou a merecer atenção especial dos profissionais da saúde, quando se comprovou a existência de doenças específicas que afetam essa faixa etária, doenças essas inclusive, incuráveis como é o caso da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS7,8. Objetivo: Avaliar o conhecimento dos adolescentes, com intuito de precaver cada vez mais essa faixa etária onde estimativas apontam um crescimento significativo de contágio. METODOLOGIA: A pesquisa realizada representa uma ação de saúde preventiva implementada como parte da metodologia de Ensino Aprendizagem baseada na Problematização, centrada na teoria do Arco de Maguerez, que visa o conceito de práxis: aprender fazendo9. Trata-se de um estudo bibliográfico, onde foram realizadas revisões bibliográficas a cerca da temática, com abordagem quantitativa e qualitativa que são, respectivamente, a utilização de dados matemáticos em conjunto com a estatística para descrever os resultados obtidos e uma descrição subjetiva a respeito do assunto onde não podem ser quantificados10. Trata-se ainda de um estudo exploratório-descritivo, em que os dados foram obtidos por meio de questionários, respondidos por 63 alunos do ensino médio entre a faixa etária de 14 a 21 anos, estudantes da escola São Felipe no Bairro da Matinha, região periférica da cidade de Santarém-Pará. A aplicação do questionário foi adotada em dois momentos, um antes do dia da palestra (dia 27/09/2013), para a verificação do conhecimento prévio dos pesquisados a respeito do assunto e outro após a realização da palestra (dia 23/10/2013).  RESULTADOS: A pesquisa demonstrou que quando perguntou-se sobre a iniciação da vida sexual do adolescentes, 38 (60,32%) afirmaram já terem tido sua primeira relação sexual e 25 (39,68%) garantiram não ter vida sexual ativa, antes da palestra. Dentre os 38 que já possuem vida sexual ativa, 10(26,31%) tiveram sua primeira relação com idade inferior a 14 anos, 24 (63,15%) com idades entre 14 e 16 anos, e 4 (10,54%) com idades entre 17 e 19 anos. Fato que é confirmado pela Organização Mundial da Saúde11, que aponta a iniciação sexual dos jovens na maioria das vezes se dá entre a idade de 12 e 17 anos. Os mesmos se confirmaram em questionário realizado após a ação. Apesar de terem uma vida sexual precoce, os adolescentes na maioria das vezes possuem conhecimentos sobre os riscos de um envolvimento sexual sem a devida proteção. Essas informações são de competência da família, uma vez que esta é primordial para a formação da personalidade e do desempenho dos papéis sexuais de seus filhos1. Embora o diálogo sobre sexualidade não seja aberto, é a família quem fornece as primeiras noções sobre o que é adequado ou não. Contudo, os meios de comunicação influenciam muito mais do que a família quando se trata de sexualidade, uma vez que estes bombardeiam diariamente os jovens com informações distorcidas na maioria dos casos. Observou-se ainda que os mesmos possuíam conhecimento prévio sobre o que é DST, porém muitos deles não conseguiram identificar as doenças expostas. Dos questionários observados antes da palestra, 59 (93,65%) afirmaram que HIV/Aids é uma DST, contra 4 (6,35%) que afirmaram não ser. Com relação à Sífilis, 48 (76,20%) alunos a identificaram como uma DST, enquanto que 15 (23,80%) deles disseram não ser; no caso da Hepatite B, 21 (33,33%) a reconheceram como uma DST contra 42 (66,67%). As doenças Tuberculose, H1N1 e Dengue não são DST’s, porém, com exceção da Dengue, a maioria dos adolescentes as classificou como tal patologia. As informações repassadas durante a palestra alcançaram resultados positivos, pois com a análise dos dados percebeu-se que nos questionários preenchidos após a ação, os alunos conseguiram classificar de forma correta as doenças apresentadas. Ao analisar a pergunta "Você sabe como evitar uma DST?", percebeu-se que antes da palestra, 52 (82,53%) alunos garantiram saber como evitar as DST’s, e este índice melhorou significativamente após a palestra, apontando que 60 (95,23%) afirmaram ter conhecimento de como prevenir uma Doença Sexualmente Transmissível. Desse modo nota-se como a ação promovida atingiu as expectativas almejadas, os alunos conseguiram classificar os preservativos como a principal maneira de prevenção a contrair uma doença sexualmente transmissível no decorrer de sua vida. Quando a informação é repassada e a população tem a consciência das responsabilidades e riscos que envolvem uma relação sexual sem a devida proteção e que isso pode acarretar danos a sua saúde, elas se protegem muito mais1. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As atividades de promoção da saúde são necessárias nessa fase, visando sempre a melhoria do bem estar dos adolescentes e diminuindo o índice dessas patologias nesta população. Diante desta realidade, percebeu-se que para a conscientização do jovem acerca da prevenção, não é suficiente apenas conhecer os métodos, mas também saber sua eficácia, sua importância, o acesso a eles, a forma correta de sua utilização e as possíveis consequências de não usá-los. É importante salientar que as campanhas de prevenção a DST's devem continuar de forma mais intensa, tendo como principal foco a faixa etária que está iniciando sua vida sexual. Sendo assim, a saúde dos adolescentes necessita de um olhar diferenciado e multidisciplinar, a fim de assegurar a passagem por essa etapa da vida (adolescência) com riscos biológicos ou emocionais reduzidos, por meio do cuidado com abordagem técnica segura e humanizada.

Palavras-chave


Adolescência; Doenças Sexualmente Transmissíveis; Prevenção.

Referências


1JARDIM, D., P.; BRÊTAS, J., R., S. Orientação Sexual na escola: A concepção dos professores de Jandira- SP.RevBrasEnferm 2006; 50 (2): 157- 62.

2ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente; disponível em: www.planalto.gov.br/../ 18069.htm. acesso: 18/11/2012; às 14:35.

3FREITAS, I., C., F. ; COUTINHO, M., F., G. Crescimento e puberdade. In: Tratado de pediatria da sociedade brasileira de pediatria. 2. ed. São Paulo. Manole: 2010.

4BRÊTAS, J., R., S.; OHARA, C., V., da S.;JARDIM, D., P. MUROYA, R., de L. Conhecimentos de adolescentes sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis: subsídios para prevenção.subsídios para prevenção. Acta paul. Enferm vol.22  São Paulo Nov./Dec. 2009.

5DIAS, F.A.;SILVA, K., L.; VIEIRA, N., F., C.; PINHEIRO, P., N., C.; MAIA, C., C. Riscos e vulnerabilidades relacionados à sexualidade na adolescência.Rev.Enferm UERJ 2010; 18 (3): 456-61.

6SILVA, K., L.; DIAS, F.L.;VIEIRA, N., F., C.; PINHEIRO, P., N., C.; MAIA, C., C. Riscos e vulnerabilidades relacionados à sexualidade na adolescência.Rev.Enferm UERJ 2010; 18 (3): 456-61.

7VIEIRA, N., F., C.; PINHEIRO, P., N., C.; MAIA, C., C. Riscos e vulnerabilidades relacionados à sexualidade na adolescência.Rev.Enferm UERJ 2010; 18 (3): 456-61.

8CARVALHO, N., S.; IOLANDO, M., S.; FAZZOLINI, T. Vacina contra DST: onde estamos e para onde vamos?.DST- J bras Doenças Sex Transm 2009; 21(4): 171-174.

9EVANGELISTA, I., A., S. Metodologias ativas: Concepções e práticas. Em Foco.  Ano 08. N° 17.p. 42-49. 2012.

 

10TEIXEIRA, E. As três metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa.6.ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2009.

11OMS. Organização Mundial da Saúde; disponível em: <www.unilestemg.br/ ../17869.htm.> acesso em: 22/11/2013; ás 09:00.