Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Politização dos espaços de convivência: contribuições da psicologia social comunitária
Carlos Roberto de Castro e Silva

Última alteração: 2015-11-04

Resumo


APRESENTAÇÃO: O cotidiano de trabalho em Unidades de saúde da família em territórios de alta vulnerabilidade social tem se mostrado cada vez mais desafiador, pois a complexidade das situações do processo de saúde- doença-cuidado exige ações que extrapolam as possibilidades concretas de encaminhamento por este serviço de saúde. Em estudos de revisão sobre a implantação do Programa de Saúde da Família e deste como reorganizador do sistema, considerado desde então como estratégia, revelam que o enfrentamento dos determinantes sociais tem sido um dos principais obstáculos para uma maior efetividade das ações. A pobreza extrema e a violência muitas vezes associada ao tráfico de drogas exigem novas formas de organização das forças locais no território. Consideramos que o fortalecimento comunitário implica em ações que promovam novas formas de sociabilidade e base de reconstrução de organizações de base comunitária mais politizada. O objetivo deste trabalho é discutir e propor estratégias do ponto de vista psicossocial que contribuam com processos construção de cidadania e autonomia de pessoas e comunidades, visando o enfrentamento das consequências da desigualdade social. DESENVOLVIMENTO: A trajetória da Psicologia social comunitária expressa o esforço de sintonia entre as lutas de movimentos sociais em prol da democracia e da justiça social dos países da América Latina e a busca de práticas mais engajadas do psicólogo.   Partindo do principio que toda psicologia é social autores como Sylvia Lane, Martin Baro, entre outros, compreendem a subjetividade como uma construção sócio histórica, a qual gera  diferentes significados e sentidos para a vida das pessoas. Além deste pressuposto há uma valorização do conhecimento e experiências produzidas e compartilhadas por meio da convivência social e cultural. Esta perspectiva sócia histórica e cultural nos possibilita pensarmos que muitos dos fenômenos que vivemos podem ser alterados, ou seja, não são naturais. Isto sugere que muito do sofrimento vivenciado pelas pessoas e comunidades estão atrelados a um contexto social econômico e politico perverso, marcado pela exacerbação do modo capitalista de se viver.  Discutir tais pressupostos tem efetividade se trazemos para o cotidiano de vida das pessoas sejam profissionais de saúde ou da comunidade e ate mesmo dos universitários que atuam nestes territórios por meio de estágios, extensão ou de outras formas, inclusive pesquisa. Resultados: A partir de estudos de Martin-Baro, psicólogo assassinado pela ditadura em El Salvador há 26 anos, propomos a conscientização como uma ferramenta importante de transformação social a partir da construção de espaços intersubjetivos de dialogo. Este autor propõe: 1- Rompimento de esquemas fatalistas e naturalizantes da realidade vivida pelas pessoas; 2- Desvelar e abandonar a mecânica reprodutora das relações de dominação e submissão; 3- Resgatar e valorizar a memoria histórica e uma nova identidade social. CONSIDERAÇÕES FINAIS:  Consideramos que a dimensão psicossocial do fortalecimento comunitário seja um aliado importante na construção das práticas da ESF, tendo em vista que a qualidade dos vínculos sociais e afetivos é uma base importante de transformação das velhas formas do viver, as quais são marcadas por situações de humilhação, abandono e descaso das políticas públicas e socais. 

Palavras-chave


Estrategia de Saúde da Familia; Psicologia social crítica; subjetividade

Referências


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Castro-Silva, C. R., Mendes, R., Anhas, D., Moraes, R., Rodrigues, K.Participação social e a potência do agente comunitário de saúde. Psicologia & Sociedade. 2014

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