Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Promovendo a integração e a interdisciplinaridade proposta nas DCN 2014: o desafio de incorporar a Saúde da Família e Comunidade às disciplinas de Pediatria e Ginecologia e Obstetrícia, na Faculdade de Medicina da UFMS
Adélia Delfina da Motta Silva Correia, Elizete da Rocha Vieira de Barros, Ernesto Antonio Figueiró-Filho, Tatiana dos Santos Russi, Tatiana Serra da Cruz, Carmen Silvia Martimbianco de Figueiredo

Última alteração: 2015-10-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: O presente resumo trata da experiência de integração da Saúde da Família e Comunidade a duas disciplinas do 4º ano da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Famed-UFMS) em Campo Grande, da perspectiva docente. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos de Medicina no Brasil, edição 2014, reforçam a promoção da integração e interdisciplinaridade, buscando conectar as dimensões biológicas, psicológicas, étnicoraciais, socioeconômicas, culturais, ambientais e educacionais; por meio da integração ensino-serviço, adequando a formação médico-acadêmica às necessidades sociais de saúde da população, com ênfase no Sistema Único de Saúde (SUS). DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Nos primeiros dois anos da graduação, os alunos têm disciplinas independentes da Saúde Coletiva, que nem sempre vivenciam a integração ensino-serviço. Assim, tomou-se como desafio a incorporação da Saúde da Família e Comunidade às disciplinas de Atenção à Saúde da Criança e Adolescente (Pediatria) e Atenção à Saúde da Mulher (Ginecologia e Obstetrícia). Estas disciplinas são organizadas em módulos de 9 semanas cada, com carga horária média semanal de 28 horas, das quais 8 são dedicadas à integração da disciplina com a Saúde da Família e Comunidade e ao estágio em Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF). Durante o primeiro semestre de 2015, houve aulas práticas no Hospital Universitário, no Hospital Regional e em 8 UBSF. Houve também a oferta de aulas tradicionais, bem como o uso de metodologias ativas como a aprendizagem baseada em equipes, a aprendizagem baseada em problemas, usando casos complexos fornecidos pela Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS), em parceria com a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. Também se lançou mão de um AVA Moodle, onde foram disponibilizados manuais, guias de ensino, aulas gravadas e biblioteca complementar, também usado para fóruns de discussão para o caso complexo, assim como para as experiências no cenário das UBSF. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: O método utilizado foi construído com base na experiência prévia tanto com o SUS quanto com a educação médica e de profissionais de saúde, realizando o exercício de integração já desde o plano de ensino das disciplinas, valorando a Saúde da Família e Comunidade na avaliação das disciplinas de forma coerente e justa. Foi uma fase de adaptação para docentes e discentes, pois os alunos não haviam frequentado até então UBSF, gerando um importante choque de realidade. Tal introdução no cenário da Atenção Primária à Saúde (APS) no SUS acabou por gerar resistências e incompreensões da realidade vivida pelas equipes e população, impactando a aproximação do discente neste novo momento. Dessarte houve um esforço docente de reformulação das atividades ao logo do ano, a cada nova turma, no sentido de diminuir as dificuldades resultante dessa integração ensino-serviço tardia.CONSIDERAÇÕES FINAIS: O desafio vivenciado durante todo o ano de 2015 e seus resultados permite inferir que a integração ensino-serviço bem como o uso de metodologias ativas precisam se der o mais precocemente possível no curso, abrindo-se uma pauta para os debates necessários em torno da efetivação de um novo currículo para Famed/UFMS. 

Palavras-chave


Educação Médica; Medicina de Família e Comunidade; Serviços de Integração Docente-Assistencial

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