Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARTICIPATIVO DAS UNIDADES DE SAÚDE: Ferramenta da Melhoria da Qualidade dos Serviços e Integração das Ações de Atenção Primária à Saúde Materno-infantil
Raphael Dantas, Rilvan Marcelino, Fátima Sousa, Anayres Lima, Liliane Soares, Sandra Santana, Fernanda Araújo, Michelle Carvalho

Última alteração: 2015-10-22

Resumo


APRESENTAÇÃO: Nos últimos 17 anos houve uma drástica redução na mortalidade infantil (MI) no Brasil, apesar disto ainda se apresentam taxas superiores à meta estabelecida pelo Pacto pela Redução da MI do Governo Federal que tem como proposta a redução para, no mínimo, 5% ao ano, especialmente ao componente neonatal.  Este último representa o mais preocupante, com taxa de 11,2/1000 nascidos vivos em 2010 e concentrou 69% dos óbitos infantis.  No entanto, o Nordeste ainda se configura como uma região em que a desigualdade social permite taxas MI de 27, 2 óbitos por mil nascidos vivos, valor superior ao nacional. O Ministério da Saúde criou em 2011 a estratégia Rede Cegonha a qual é fundamentada nos princípios da humanização e assistência, onde mulheres, recém-nascidos e crianças tem direito, a ampliação do acesso, acolhimento e melhoria da qualidade do pré-natal, acesso ao planejamento reprodutivo e atenção à saúde da criança de 0 a 24 meses com qualidade e resolutividade. A Rede Cegonha visa assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo, à atenção humanizada à gravidez, parto e puerpério e as crianças o direito ao nascimento seguro, crescimento e desenvolvimento saudáveis. E assim, promover a redução da redução da mortalidade materna e neonatal. O município de Vitória de Santo Antão está entre os municípios prioritários de Pernambuco para o pacto de redução da mortalidade infantil e implementação da Rede Cegonha. No setor da saúde, o planejamento é um instrumento que permite melhorar o desempenho, otimizar a produção e elevar a eficácia e eficiência das ações de saúde voltadas para a proteção, promoção, recuperação e reabilitação da saúde. O Planejamento em Saúde é um processo que consiste em desenhar, executar, acompanhar e avaliar um conjunto de propostas de ação intervindo sobre um determinado recorte de realidade. Através do Planejamento é possível racionalizar as ações no setor de saúde, envolvendo os atores sociais locais e as equipes de profissionais da saúde, de forma participativa, com o propósito de modificar a situação de saúde local. Neste processo, os atores envolvidos elegem problemas prioritários e respectivas propostas de enfrentamento como seus objetos de atuação no intuito de melhorar a qualidade dos serviços prestados. Assim, o Planejamento Estratégico Participativo (PEP) tem como característica principal a busca da compreensão da realidade local em toda a sua complexidade nas dimensões política, econômica, social, cultural e emocional e com isso atuar buscando modificar esta realidade. Neste contexto, o objetivo do projeto é aplicar o PEP nas unidades de saúde como ferramenta da melhoria da qualidade dos serviços e integração das ações de atenção primária à saúde materno-infantil no município de Vitória de Santo Antão/PE. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: O projeto “PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARTICIPATIVO DAS UNIDADES DE SAÚDE: Ferramenta da Melhoria da Qualidade dos Serviços e Integração das Ações de Atenção Primária à Saúde Materno-infantil” faz parte do “Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde/ Rede de Atenção à Saúde - PET Saúde Redes de Atenção à Saúde, 2013-2015.” Inicialmente, foi realizada uma sensibilização com as chefias das Unidades de Saúde da Família (USF), sobre a importância do PEP como ferramenta da melhoria da qualidade dos serviços e integração das ações de atenção primária à saúde materno-infantil no município, e como este planejamento se insere e contribui na proposta da Rede Cegonha e do pacto pela redução da mortalidade infantil. A dinâmica de planejamento estratégico foi realizada utilizando o Método Altadir de Planificação Popular (MAPP) de Carlos Matus, de forma simplificada e voltada para as práticas de governo. O PEP foi desenvolvido nas USF’s envolvendo as equipes de saúde, agentes comunitários de saúde, líderes comunitário, e sendo mediado pelos Coordenadores e Extensionistas do projeto PET. Foram utilizados os 11 passos do PEP, sendo os dez primeiros referente ao planejamento propriamente dito, incluindo o gerenciamento, indissociável para o acompanhamento do plano de ação, e décimo primeiro passo voltado para o monitoramento e avaliação. Após a dinâmica, foi construída uma proposta a nível local de Plano de Ação, ao qual foi entregue as Equipes de Saúde da Família (ESF). RESULTADOS:O PEP foi desenvolvido nas USF’s Jardim Ipiranga, Cajueiro, Bela Vista I, Bela Vista II, Redenção, e Oiteiro. A partir do PEP elencaram-se alguns problemas nas unidades, seu nó crítico, as ações planejadas, bem como os resultados esperados. Entre os problemas elencados nas unidades, sua grande maioria se deu a partir dos problemas relacionados ao público materno-infantil, dentre eles a dificuldade na adesão ao atendimento odontológico por parte da gestante, a adesão ao aleitamento materno exclusivo e desmame precoce e um grande índice de gravidez na adolescência em unidades mais carentes e da periferia. A partir disto pode-se perceber que o nó crítico estava ligado muitas das vezes ao medo por parte da gestante no atendimento odontológico, enquanto ao aleitamento materno e desmame precoce elencamos o nível cultural e educacional familiar, e gestação na adolescência ao nível baixo de escolaridade destas comunidades. As ações do plano se voltaram a partir das demandas, onde se esperou um aumento significativo na adesão ao tratamento odontológico, aleitamento materno exclusivo até os 06 meses, uma diminuição acerca do índice de gravidez precoce. Onde pudemos esperar resultados através da conscientização por parte das gestantes e família acerca dos problemas apontados, a partir do fortalecimento da educação em saúde nas comunidades e escolas. A equipe do PEP, em especial as ESF’s, mostrou-se motivada e envolvida na elaboração e execução do planejamento e plano de ação, porém, também preocupados, com o fato de acabarem por elencar mais tarefas de trabalho, o que se torna um problema, a partir do momento que isso pode desencadear fatores negativos neste processo. Para isso se fez necessário ressaltar a importância da resolubilidade dos problemas elencados com o PEP, uma vez que a partir disto, o processo de trabalho da ESF poderá ser “facilitado.”Depois de realizado todo o planejamento, o mesmo é encaminhado e apresentado a Secretaria Municipal de Saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Pode-se notar que a experiência vivida a partir do PEP se fez necessária para elencar os reais problemas das comunidades e assim trabalhar de acordo com suas necessidades, modificando-as quando necessário. Esse instrumento, sobre tudo, reforça a ideia de participação social em sua construção, colocando todos os atores envolvidos (comunidade coberta e ESF) enquanto sujeitos protagonistas.

Palavras-chave


Planejamento estratégico participativo, saúde materno-infantil.

Referências


BRASIL, Ministério da Saúde. Rede Cegonha. Disponível em: < http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_redecegonha.php>. Acesso às 14h em 06/10/2015.

BRASIL, Ministério da Saúde. Monitoramento da Mortalidade Infantil e Fetal. Disponível em: < http://svs.aids.gov.br/dashboard/mortalidade/infantil.show.mtw>. Acesso às 14h em 06/10/2015.

SILVSA, Marcos José Pereira. Onze passos do planejamento estratégico participativo. In: Markus Brose (org) Metodologia Participativa. Uma introdução a 20 instrumentos. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2011 .pp. 161-176.