Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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VIVÊNCIAS DO ACADÊMICO BOLSISTA E A FORMAÇÃO CRÍTICA DO ALUNO DE ENFERMAGEM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Edria Aparecida Ferreira, Caroline Mota de Jesus, Dayse Maria Vasconselos Rodrigues, Márcia Izabel Gentil Diniz

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


APRESENTAÇÃO:A oferta de um ambiente, onde o aluno possa obter experiência e um contato mais veemente com a prática profissional é extremamente importante para o desenvolvimento de suas competências e habilidades. Neste sentido, o estágio não obrigatório representa ao acadêmico uma boa oportunidade de aprendizado que complementa consideravelmente a sua formação. De acordo com a Lei Nº 11.788, que dispõe sobre o estágio de estudantes, tal atividade é o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, dentre outros. O mesmo visa aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, projetando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho. No âmbito da enfermagem, a resolução CNE/CES nº3 de 2001, instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação do enfermeiro, a qual apresenta uma série de habilidades e competências a serem desenvolvidas pelo acadêmico, sendo elas atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, liderança, administração, gerenciamento e educação permanente. Neste documento destaca-se ainda, que tal curso tem como perfil do formando egresso/profissional: formação generalista, humanista, crítica e reflexiva. Almeja-se o desenvolvimento de um profissional qualificado para o exercício da Enfermagem, com base no rigor científico, intelectual e pautado em princípios éticos. Existe também a expectativa que o profissional seja capaz de conhecer e intervir sobre os problemas/situações de saúde-doença mais prevalentes no perfil epidemiológico nacional, com ênfase na sua região de atuação, identificando as dimensões biopsicossociais dos seus determinantes. Sua atuação deve estar pautada, na valorização da responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano. Diante do que foi exposto, existe a imprescindível necessidade de desenvolvimento acadêmico de um enfermeiro hábil, conhecedor da teoria e das necessidades da população sob seus cuidados e promotor de vidas saudáveis. Não obstante, esse futuro profissional deve, ainda, ser crítico e reflexivo frente aos desafios de realizar um cuidado integral e eficaz. Embora a Universidade promova grande parcela dessa formação, observamos que ainda existe uma inadequação do perfil dos graduandos da área da saúde frente à realidade e as novas necessidades do Sistema Único de Saúde como informa a publicação Política de Recursos Humanos para o SUS: balanço e perspectivas divulgado no ano 2002. Nesse contexto, se pode evidenciar um subsídio singular na formação do acadêmico bolsista, o qual, se constitui em uma oportunidade de estágio não obrigatório nos diferentes espaços de atenção à saúde no país, com destaque para os estabelecimentos públicos, o que propicia ao acadêmico o enfrentamento da realidade e das necessidades da saúde brasileira. Assim sendo, este trabalho objetiva descrever o impacto da experiência advinda do estágio como acadêmico bolsista na formação crítica do aluno de enfermagem e na sua escolha para a vida profissional. Desenvolvimento: A experiência aqui descrita, foi ambientada em duas instituições vinculadas a rede do Sistema Único de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, uma Unidade Hospitalar e um setor destinado a desenvolvimento de políticas e ações intersetoriais com foco na promoção da saúde. Dessa forma, o relato, abrange a vivência tanto do cuidado individual, quanto coletivo, assim como preconizado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem de 2001, quando descreve em seu artigo 4º que os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. O estágio compreendeu uma carga horária de 12 horas semanais e teve a duração de 10 meses. As ações desenvolvidas pelos acadêmicos incluíram uma imersão nas atividades diárias dos setores com a orientação de preceptores, abrangendo uma apresentação final de trabalho com tema específico escolhido pelo próprio aluno e orientado por um profissional de área afim. Dentre as atividades desenvolvidas, incluem-se a prestação de cuidados individuais e coletivos, planejamento e implementação de ações de prevenção e promoção da saúde, realização de educação continuada, discussão de casos e resolução de problemas, dentre outras. RESULTADOS: Essas atividades extracurriculares promovem não somente o aprendizado de habilidades práticas e competências, mas também provoca no aluno uma inquietação decorrente do contato com a pluralidade no cuidado a vidas, objeto principal da nossa profissão. Dessa forma, o acadêmico desenvolve uma visão crítica que define, aos menos, o profissional que ele gostaria de tornar-se o estimulando para buscar este perfil. Além disso, o estagiário reconhece as ações pertinentes a sua prática que possibilitariam uma melhora na qualidade dos serviços, reduzindo supostamente, a precariedade na assistência. Proporciona-se a oportunidade de lidar com a realidade atual no contexto da saúde, desde o começo da sua formação assim como confere também astúcia para superar as limitações impostas pelo sistema como insuficiência de recursos financeiros e humanos, além do distanciamento entre as políticas estabelecidas para o que é ou pode ser aplicado na prática. Outro aspecto a ressaltar é o fato de que o estágio extracurricular coloca os acadêmicos diante da realidade da profissão sem intervenção do docente acadêmico e suas avaliações, favorecendo o amadurecimento de anseios singulares que interferem no desempenho das habilidades, competências e do senso de autonomia. Trata-se também neste sítio da interação multiprofissional e suas respectivas expertises, o que enfatiza para o acadêmico a necessidade do trabalho em grupo, além de uma boa relação com os demais profissionais, prezando sempre pela assistência qualificada e pelo desenvolvimento de ações pertinentes a demanda da população. Embora, essa experiência seja admirável para o currículo e formação do estudante de enfermagem, existe uma barreira a ser transposta no tocante a realização do estágio. Afirma-se que por vezes, há um distanciamento entre teoria e prática, o que reflete na percepção do aluno os pontos negativos da realidade no SUS. Contudo, esse fato desperta os questionamentos e as argumentações de como e porque o sistema assim se organiza ou desorganiza, neste caso. Isso permite uma série de críticas e propostas de mudanças que vem da universidade, visto que o estagiário ainda convive nesse ambiente. Existe dessa forma uma troca de experiências, e o acadêmico pode tornar-se um respeitável agente de mudanças nesse pequeno espaço de atuação. Por fim, vale ressaltar, que a vivencia fora da Universidade permite também observar os pontos positivos e negativos da atuação profissional o que leva a reflexão sobre os problemas reais da prática e possivelmente descortina-se aí a necessidade de uma real busca por pesquisas de campo que agucem esses entraves. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A experiência do acadêmico bolsista propicia a formação de um futuro enfermeiro com um perfil mais analítico, reflexivo, com apropriada vivência prática o que se traduz em uma compatível preparação para o exercício da profissão garantindo a qualidade da assistência. O acadêmico é capacitado a ampliar suas competências e habilidades correlacionando a teoria apreendida na universidade com os desafios do estágio, tornando-se assim mais autônomo em suas decisões, além de instituir uma visão de mundo compatível com a responsabilidade e profissionalismo no que concerne ao cuidado integral ao indivíduo e coletividade exigidos na sua profissão.  

Palavras-chave


Formação profissional; Acadêmico bolsista; Enfermagem

Referências


De acordo com a Lei Nº 11.788, que dispõe sobre o estágio de estudantes, tal atividade é o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, dentre outros.

No âmbito da enfermagem, a resolução CNE/CES nº 3 de 2001, instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação do enfermeiro, a qual apresenta uma série de habilidades e competências a serem desenvolvidas pelo acadêmico, sendo elas atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, liderança, administração/gerenciamento e educação permanente. Neste documento destaca-se ainda, que tal curso tem como perfil do formando egresso/profissional: formação generalista, humanista, crítica e reflexiva.

[...] ainda existe uma inadequação do perfil dos graduandos da área da saúde frente à realidade e as novas necessidades do Sistema Único de Saúde [...]

[...] como preconizado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem de 2001, quando descreve em seu artigo 4º que os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo.

 

1- BRASIL. Resolução CNE/CES Nº 3, de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Disponívelem: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf.Acesso em: 13 de setembro de 2015

 

2-________ Lei nº 11.788 de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htmAcesso em: 13 de setembro de 2015

 

 

3- ________Política de Recursos Humanos para o SUS: balanço e perspectivas. Brasília 2002. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd03_16.pdfAcesso em: 13 de setembro de 2015