Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA COMO ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO NA SOCIALIZAÇÃO DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO
Alessandra Cavalheiro Vieira, Lourdes Lago Stefanelo, Ednéia Albino Nunes Cerchiari

Última alteração: 2016-01-06

Resumo


APRESENTAÇÃO: Nos dias atuais a escola precisa se preocupar com a formação de cidadãos capazes de socializar seus conhecimentos em função dos interesses coletivos. Para isso deve-se educar as crianças e jovens, para que reconheçam seus direitos a oferta de atividades, dentro da escola podendo assim usufruir delas de acordo com as suas motivações. Acreditamos que a escola é um espaço de educação e de valores como: ética, meio ambiente, orientação sexual, pluralidade cultural, trabalho, consumo e saúde. Devendo contemplar o desenvolvimento pleno dos indivíduos em sua formação, dando-lhes acesso ao trabalho e ao exercício da cidadania, além de levar o estudante a compreender a realidade por meio de suas experiências e das práticas realizadas no ambiente escolar. Segundo Kruppa (1994) a escola é uma instituição social, por suas ações repetitivas exercidas por grupos sociais com papeis distintos, diretor, professores e alunos, acabam transformando em regras, em normas sociais que se organizam inclusive o espaço físico da escola.  Essas regras e fins específicos da escola, como uma instituição social, podem e devem ser modificada quando não atender as necessidades que coletivamente os homens determinaram para ela. Quanto à liberdade de atuação corporal dos alunos a escola avançou pouco, sempre com regras que submetem os alunos a ficarem parados.  De acordo com Freire, Scaglia e Alcides (2009) a Educação Física traz para debate em educação uma importante proposta, a de libertar os alunos do confinamento em sala de aula, pois não é possível querer que as crianças mantenham a atenção após horas de mobilidade corporal. DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO: O estudo ocorreu através de observação participativa e atuação prática durante o Estágio Curricular III no Ensino Médio (BRASIL, 1998), com duração de dois meses com ocorrência de uma vez por semana com duração de 50 minutos de aulas.  Os participantes da pesquisa foram 22 alunos do 1º Ano “C” do Ensino Médio do período matutino da Escola Estadual Cel. Pedro José Rufino. Foi aplicado um questionário composto de perguntas abertas, sendo respondida apenas pelos alunos, contribuindo para o diagnóstico das melhoras na socialização da turma. As questões foram: Como você vê as aulas de Educação Física no Ensino Médio? Como deveria ser? A carga horária de Educação Física é suficiente? Qual a quantidade ideal de aulas de Educação Física? É importante ter aulas de Educação Física no Ensino Médio? Como avalia as aulas aplicadas pela estagiária? Os resultados obtidos foram analisados através de uma análise critica descritiva. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Durante as aulas de Educação Física foram observados acordos de rotina entre professores e alunos. Após as observações e sondagens realizadas foram procuradas atividades que buscassem atingir o objetivo proposto pelo Referencial Curricular de Ensino Médio. As observações foram fundamentais para propor as seguintes atividades que foram realizadas pela estagiária: trabalhar a união do grupo, criando limite e respeito entre os mesmos; proporcionar atividades de concentração, companheirismo e espírito de equipe; proporcionar atividades para a aquisição de coordenação motora, consciência de cooperação e promover efetivamente a cooperação entre os alunos; trabalhar a sensibilização dos adolescentes em relação ao movimento corporal e o ritmo e sua capacidade de criação com atividades lúdicas. Para alcançar estes objetivos foram utilizadas como estratégia a prática de atividades físicas com materiais conhecidos dos estudantes, tais como: bolas, jogos de mesa, rede de voleibol, pneus, raquetes de tênis, etc. Além de materiais diferenciados como: bolas de betone, dado gigante, vídeos, etc. A Proposta era que todos pudessem participar das mesmas atividades, ao mesmo tempo compartilhando materiais com os colegas. As atividades foram pesquisadas e aplicadas pelos próprios estudantes, sempre voltadas para a cooperação onde todos ganhavam. Foram trabalhados os seguintes conteúdos: Esportes e Atividades Rítmicas e Expressivas.  Com o objetivo de que os alunos deveriam adotar atitudes de respeito mútuo e cooperação para solucionar conflitos nos contextos das práticas corporais. Entendendo-os como possibilidades de aprendizagem eposturas não discriminatórias diante da pluralidade de manifestações das diversas culturas, expressando sua opinião de forma clara, ordenada e objetiva frente às situações de injustiça e preconceito. Utilização de diferentes fontes de informações para pesquisar sobre elementos da cultura corporal. Identificando e executando elementos básicos de uma determinada modalidade. Contextualizar a histórica e culturalmente essa modalidade esportiva. A avaliação foi realizada por meio da observação diagnóstica contínua e sistemática, analisando a participação dos alunos nas aulas em geral e não só nas atividades práticas, já que por não terem costume de participarem sempre de atividades conjuntas muitos tinham dificuldades de interagir com os colegas com atitudes egoístas e individualistas. Foram ministradas doze aulas práticas com a turma. Os estudantes foram avaliados quanto ao seu crescimento qualitativo e participativo, onde é um desafio para os adolescentes que tem dificuldades de falar ou realizar atividades em público. A avaliação é vista pela Escola como um processo pelo qual todos os alunos devem passar, sendo realizada de forma contínua, sistemática e integral ao longo de todo processo de ensino-aprendizagem. Um dos critérios para se observar o crescimento dos alunos é o seu interesse às propostas e sua dedicação às atividades. Em poucas aulas obtivemos progressos que poderiam ter sido maiores se a carga horária assim o permitisse, já que o Ensino Médio possui apenas uma aula semanal de Educação Física. O progresso individual observado e a autocrítica são muito importantes, pois assim estamos contribuindo para que os adolescentes de hoje sejam cidadãos capazes de opinar em diferentes situações de vida no futuro. Em relação à opinião dos alunos sobre as aulas aplicadas pela estagiária, com uma diversidade de atividades, 99% afirmaram ter gostado das aulas, sugerindo que tivesse participação dos alunos na escolha dos esportes aplicados, relataram que as aulas do professor regente deveriam ser mais como a da estagiaria por haver interação de toda a turma, fazer todos participarem da mesma atividade, trabalhando em grupo, unindo a turma e desfazendo “panelinhas”, trouxe mais aprendizado e motivou os alunos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A Educação Física é decisiva na formação dos seres humanos, uma vez que educa para viver corporalmente para desenvolver aquilo que chamamos de corporeidade, isto é, o atributo que permite ao ser humano estar no mundo. Assim como qualquer outra disciplina escolar, a Educação Física precisa definir seus conteúdos. Como a preferência e satisfação pela disciplina de Educação Física é adotada pela maioria dos alunos de Ensino Médio as aulas de Educação Físicas se bem planejadas e trabalhadas propiciam o desenvolvimento da socialização dos alunos. Nesse sentido o professor precisa inovar sempre e fazer a diferença. Por fim, a Educação Física, no ambiente escolar, tem que ser trabalhada de forma que integre todos os alunos nas atividades propostas pelo professor, possibilitando ao aluno perceber suas capacidades e dificuldades.

Palavras-chave


ensino médio; socialização; aulas de educação física

Referências


BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. 3v.: il.

 

FREIRE, João Batista; SCAGLIA, ALCIDES José. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2009.

 

KRUPPA, Sônia M. Portella. Sociologia da educação. São Paulo: Cortez, 1994. – (Coleção magistério 2ºgrau. Serie formação do professor)