Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

Tamanho da fonte: 
A visita domiciliar como cenário de aprendizagem dos alunos do 4º ano de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Flávia Palla Miranda, Adélia Delfina da Motta Silva Correia, Elizete da Rocha Vieira de Barros, Kamila Folha Falcão, Bethania Silva Ramos, Laís de Oliveira Lima, Taise Namie Nakata

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


APRESENTAÇÃO: A visita domiciliar é uma importante ferramenta de cuidado, tanto individual quanto familiar, na Estratégia de Saúde da Família. É uma das vertentes da atenção domiciliar, tendo como função diagnosticar a realidade do indivíduo, os determinantes sociais que tem influenciado em sua situação de saúde bem como orientá-lo e fornecer subsídios educativos para torná-lo independente. Este estudo tem como objetivo apresentar a experiência da visita domiciliar realizada pelos alunos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Famed-UFMS) em Campo Grande/MS. DESENVOLVIMENTO: As visitas domiciliares ocorreram durante a disciplina de "Atenção à Saúde da Mulher", realizada no 4º ano do Curso de Medicina e com carga horária média semanal de 28 horas. Dessas, 8 horas são dedicadas a conexões da disciplina com a “Saúde da Família e Comunidade” e com o estágio em Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF). Durante o estágio na UBSF, as visitas domiciliares eram realizadas conforme a agenda da unidade, pré-acordadas entre preceptores e professoras, sendo selecionadas para os alunos do 4º ano de medicina as residências com puérpera, gestantes e/ou mulheres em condições de risco, de forma que a teoria e a prática da disciplina se complementassem. Para melhor aproveitamento da visita, elaborou-se um roteiro padronizado que contava com a avaliação econômica, social e biológica do indivíduo e de sua realidade. O roteiro da visita incluía a renda familiar, a classificação da visita em fim e meio, o uso da escala de risco familiar de Coelho e Savassi (ERF-CS), além da anamnese e exame físico. RESULTADOS: O método utilizado permitiu maior integração entre os alunos com a realidade da atenção primária à saúde (APS), da visita domiciliar e dos usuários dessa ferramenta de saúde. Entre as impressões dos alunos sobre a experiência destacam-se a percepção da visita como um meio de aproximação do paciente, que se sente mais livre e descontraído quando atendido em seu domicílio, permitindo maior vínculo médico-paciente. Além disso, a visita permitiu observar de perto as condições de vida e obstáculos presentes no domicílio do paciente, que não são vistos no atendimento ambulatorial. Assim, a troca de experiências e o trabalho em conjunto entre equipe de saúde da família, professores, alunos e os pacientes visitados permitiu que a atividade aproximasse o ensino dos atributos essenciais APS que são: acessibilidade, longitudinalidade, integralidade e coordenação. Além disso, permitiu ainda, que os princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde (SUS) - universalidade, equidade e integralidade da assistência - fossem experimentados e compreendidos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A visita domiciliar, como ferramenta de trabalho na APS, precisa ser abordada na graduação médica e principalmente precisa ser praticada pelos alunos como forma de aprendizagem dos princípios dos SUS, da relação profissional de saúde, paciente e família dando ênfase a forma de valorização e entendimento dessa ferramenta de cuidado como cotidiana na Estratégia de Saúde da Família.  

Palavras-chave


: visita domiciliar, estratégia saúde da família, educação médica.

Referências


BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.Caderno de atenção domiciliar. – Brasília : Ministério da Saúde, 2012. 2 v.

MAHMUD, S. J. ; MANO, M. A. M. ; LOPES, J. M. C. Abordagem comunitária: cuidado domiciliar. In: GUSSO, G. ; LOPES, J. M .C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade: princípios, formação e prática. Porto Alegre : Artmed, 2012.  p. 255-264.

COELHO, F. L. G. ; SAVASSI, L. C. M. Aplicação de Escala de Risco Familiar como instrumento de priorização das Visitas Domiciliares. Rev Bras Med Fam e Com.[online], v.1, n. 2, p. 19-26, 2004.

LACERDA, M. R. ; GIACOMOZZI, C. M. ; OLINISKI, S, R. ; TRUPPEL, T. C. Atenção à saúde no domicílio: modalidades que fundamentam sua prática. Saude soc. [online], v.15, n. 2, p. 88-95, 2006.

MARIN, M. J. S. ; GOMES, R. ;SIQUEIRA JUNIOR, A.C. ; NUNES, C. R. R. ; CARDOSO, C. P. ; OTANI, M. P. ; MORAVICK, M. Y. O sentido da visita domiciliária realizada por estudantes de medicina e enfermagem: um estudo qualitativo com usuários de unidades de saúde da família . Ciênc. saúde coletiva [online], v.16, n. 11, p. 4357-4365, 2011.

MENDES, A. O. ; OLIVEIRA, F. A. Visitas domiciliares pela equipe de Saúde da Família: reflexões para um olhar ampliado do profissional. Rev Bras Med Fam e Com., Rio de Janeiro, v. 2, n. 8, / p. 253-260, 2007.

MENDES, E.V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2011. p. 90.