Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Matriciamento em saúde mental: a Terapia Comunitária como estratégia metodológica de trabalho de Núcleos de Apoio a Saúde da Família (NASF)
Tania Regina Aosani, Ana Cristina Costa Lima

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: Trata-se de um relato de experiência de trabalho de matriciamento em saúde mental a partir da realização de grupos de Terapia Comunitária com usuários na Atenção Básica de Saúde. O apoio matricial é uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica que é ofertado por uma equipe interdisciplinar a fim de ampliar e qualificar as ações das equipes de referência no SUS (CHIAVERINI, 2011). A realização da Terapia Comunitária surgiu com o objetivo de ampliar o escopo das ações em saúde mental na Atenção Básica de Saúde naquele território a partir do apoio técnico assistencial às equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF). O trabalho foi desenvolvido em um município de pequeno porte do extremo oeste catarinense, com população segundo IBGE (2010) de 5.551 habitantes, sendo uma experiência importante no sentido de possibilitar o cuidado integral e ampliado em saúde mental no SUS. O grupo de TC foi realizado pela equipe de NASF, formada por um nutricionista, um fisioterapeuta e um psicólogo, de apoio a única Unidade Básica de Saúde do município formada por duas equipes de Estratégia de Saúde da família. Os usuários participantes do grupo de TC eram em sua maioria trabalhadores rurais, em agricultura familiar, advindos de uma realidade de poucos recursos econômicos, sociais e com vínculos familiares e comunitários fragilizados ou rompidos. O grupo era aberto e geralmente participavam entre 12 e 20 usuários. Os encontros eram quinzenais, com dia e horário fixos, em uma sala de grupo na Unidade Básica de Saúde. Seguimos a dinâmica da TC, com as etapas: acolhimento, escolha do tema, contextualização, problematização, rituais de agregação e conotação positiva, avaliação e encerramento (BARRETO, 2005). A cada encontro, a partir da escolha do tema, um profissional realizava o papel de terapeuta, outro de co-terapeuta e o terceiro de observador. A prática do grupo de TC, como um método de trabalho da equipe de NASF com usuários em sofrimento psíquico possibilitou a formação de vínculos com os profissionais e aproximou o serviço dos usuários e de suas necessidades, ampliando a resolubilidade das demandas no âmbito psicossocial. A construção de relações de confiança e vínculo com o grupo ampliou o sentido de equipe e o aspecto de possibilidades de cuidado no território. A partir da experiência de valorização da vida e história dos sujeitos, a autonomia e a autoconfiança dos usuários foi fortalecida. Alguns tornaram-se multiplicadores de saúde em suas comunidades, voltando a fazer parte de um coletivo, a partir de um sentimento de pertencimento antes não perceptível pelos usuários. A experiência de terapia comunitária como uma metodologia de trabalho do NASF se apresentou como uma importante ferramenta do apoio matricial e psicossocial na Atenção Básica de Saúde. Ela é condizente com a Política Nacional de Humanização e a Política Nacional de Promoção de Saúde e pode ser classificada como uma tecnologia de cuidado em saúde, com respostas satisfatórias, segundo a literatura e a nossa experiência, aos que participam desses grupos, sejam usuários ou profissionais.

Palavras-chave


Matriciamento; Núcleo de Apoio a Saúde da Família, Terapia Comunitária.

Referências


CHIAVERINI, Dulce Helena (Org). Guia prático de Matriciamento em saúde mental. Ministério da Saúde: Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva, 2011.

BARRETO, Adalberto de Paula. Terapia Comunitária passo a passo. Fortaleza: Gráfica LCR, 2005.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Disponível em: http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php. Acesso em: Out. 2015.