Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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VER-SUS: Uma análise sobre a vivência no município de Jardim do Seridó/RN
Leonardo Diego da Silva Silveira

Última alteração: 2015-11-02

Resumo


APRESENTAÇÃO: O VER-SUS (Vivências e estágios na realidade do Sistema Único de Saúde) é um projeto do Ministério da Saúde em parceria com algumas entidades (dentre elas a Rede Unida e a União Nacional dos Estudantes - UNE) que visa à realização de vivências e estágios na realidade do Sistema Único de Saúde (SUS), possibilitando aos participantes desse projeto a oportunidade de acompanhar o processo de trabalho dos profissionais nos diferentes equipamentos sociais de uma cidade (que é definida pela comissão organizadora do projeto em seus respectivos estados) com o intuito de debater acerca do SUS e formar profissionais comprometidos para atuar nesse sistema. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: Durante o período de 12 a 21 de janeiro do ano de 2015 foi realizado o projeto VER-SUS na cidade de Jardim do Seridó, município localizado próximo à cidade de Caicó no estado do Rio Grande do Norte. Tal cidade recebeu a equipe de estudantes composta pelos cursos de enfermagem, fisioterapia, farmácia, serviço social, fonoaudiologia, odontologia e biomedicina com o objetivo de vivenciar a realidade do SUS no município e propor, através de um olhar critico, possíveis melhorias e sugestões caso necessita-se. Durante os 10 (dez) dias de atividades realizada na cidade foi visitado: A secretária de saúde, as Unidades Básicas de Saúde (5 ao todo), o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), o Centro Clínico de Saúde, o Hospital, Os equipamentos sociais de Assistência (CRAS e CREAS), áreas de concentração de grupos (praças, bares, feira livre), áreas de risco (Matadouro e Aterro Sanitário). Ainda foram efetuadas visitas a zona rural e ao setor de endemias da cidade. Ao final foi produzido um documento com os resultados observados pela equipe na cidade e apresentado ao público da cidade (gestores, profissionais e comunidade). IMPACTOS: O município possui 5 Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) que trabalham com o Programa Saúde Família (PSF) onde visam a prevenção da saúde em cima das famílias distribuídas nos diferentes territórios da cidade. Dessas UBS’s, três ganharam reforma, sendo que duas dessas ainda não começaram a serem reformadas e uma já foi reformada e é tida como unidade modelo no município. As outras duas funcionam na zona rural e cidade. Numa visão geral desses equipamentos de atenção básica foi notado que existe a preocupação por parte dos profissionais em proporcionar um atendimento de qualidade, entretanto, existe problemas em relação a estrutura (menos na unidade modelo, que é o PSF I) e falta de materiais disponíveis em todas as unidades, impedindo a continuidade e qualidade do serviço prestado a população. Ainda fiquei bastante preocupado com o PSF III (Zona rural), pois a mesma só abre uma vez na semana e nos outros dias tal população fica desassistida de atendimento, tendo de ir a cidade caso ocorra algo urgente. A gestão de saúde do município trabalha de forma positiva e ativa visando materializar o SUS que desejamos, entretanto várias vezes se esbarra com burocracias a cima dela que faz com que se impeça todo o desenrolar dos procedimentos. Mesmo com essa burocracia (que no meu ver existe em todo território nacional) a equipe de profissionais que atuam na gestão trabalha de forma a promover uma saúde que atinja a todos, sem distinção de cor ou raça, de acordo como preconiza a universalidade do sistema. No que diz respeito à relação gestão/instituições/profissionais pude ver que existe uma relação de harmonia entre esses, flexibilizando assim o processo de trabalho onde no final o resultado é uma maior facilidade no desenvolver das ações de prevenção, promoção, cura e reabilitação da saúde. Mesmo com todas essas divergências, os profissionais efetuam seu trabalho de forma humanizada para com a população, exceto no PSF II, onde há uma enorme queixa em relação a uma médica do programa Mais médicos. No que se refere à atenção secundária e terciária a cidade possui um centro clinico e um hospital filantrópico onde os casos que não se resolvem nessas unidades são transferidos a cidades polos próximas como Caicó e a capital Natal. A respeito da participação da população no exercício do controle social foi visto que os mesmos só procuram os órgãos competentes quando algo grave os acontece. Em relação aos equipamentos de assistência, foi visitado o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) com prédio próprio e alugado, respectivamente. Entendo que a política de assistência atua em consonância com a de saúde (Não pelo fato de fazerem parte do tripé da seguridade social, mas sim num papel de educação social e melhor dissipação de direitos e deveres quanto à políticas sociais, pois em várias vezes esquecemos que também temos deveres, além dos direitos) e é de extrema importância que se firme laços entre essas políticas para estarem melhor objetivando os direitos das pessoas. Para tal, notei que existe essa parceria saúde/assistência e que os mesmos efetuam campanhas de cunho socioeducativo que para mim foi um ponto muito positivo. Mas quanto a ponto negativo, notei novamente a falta de estrutura para com os atendimentos nas duas unidades e que os profissionais com essas deficiências não se lamentam e exercem suas atividades com amor para assim melhor proporcionar o acesso dos cidadãos a seus direitos. Além de visitar equipamentos de saúde e assistência, foi visitado também locais que considero de total influência no processo saúde-doença. Visitou-se o matadouro, equipamentos de lazer, aterro sanitário e setor de endemias, onde fomos entender a realidade de como funcionava tais locais. O matadouro e o setor de endemias me surpreenderam muito, tanta pela segurança por parte dos trabalhadores ao realizar o trabalho, como da organização no processo de trabalho, e que mais uma vez o ponto de maior relevância é a falta de estrutura para uma melhor realização do trabalho e a má valorização do trabalho, respectivamente. Os equipamentos de lazer da cidade são escassos e teve morador que chegou a reclamar de tal. Notei que a cidade possui muitas praças, mais são praças precarizadas que tendem a serem mal frequentadas por isso. Durante toda a vivência e as visitas realizadas notou-se que a cidade possui um alto índice de pessoas com sífilis e Câncer. Mas a maior preocupação que observei foi em relação a pessoas com algum tipo de doença mental. Numa visão geral, em minha opinião, os casos que merecem uma maior atenção por parte dos profissionais são esses, sendo necessária a criação de um Centro de Apoio Psicossocial (CAPSI) na cidade para trabalhar nessa questão do alto índice de doenças mentais. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Por tanto, durante tudo que vivenciei, vi que o SUS em Jardim do Seridó não estar ruim. Precisa melhorar? Sim. Mais comparando a alguns outros municípios do estado a saúde da cidade está regular, pois possui diversos serviços que funcionam como o Programa Saúde na Escola, o NASF, entre outros. Os medicamentos que fazem parte do RENAMI são distribuídos sem falta à população. Enfim, mesmo sendo um município considerado de pequeno porte, pois possui cerca de 12.800 habitantes, e com todas as dificuldades que lhe são impostas, o mesmo se organiza e se empenha para estar repassando e promovendo uma saúde de qualidade a todos, preconizando o que está posto no SUS.

Palavras-chave


VER-SUS; Sistema Único de Saúde; Vivência