Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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TECNOLOGIAS EDUCATIVAS EM SAÚDE: estratégia de ensino na formação da Enfermagem
Ingrid Raiane Renê Cordeiro, Geyse Aline Rodrigues Dias, Ana Caroline Batista da Silva, Évany Maria Umbelina Amorim Smith, Francisca Wrisselia Augusto Noronha, Marcio Mario Bragança, Sandra Helena Isse Polaro, Brenna Marcela Evangelista Baltazar

Última alteração: 2016-03-24

Resumo


APRESENTAÇÃO: No campo da educação em saúde houve uma incorporação da tecnologia educacional baseada na concepção tecnicista nas décadas de 1970 e 1980, período marcado pelo interesse por novas tecnologias de ensino, principalmente pelos audiovisuais. Buscava-se adequar a linguagem à população-alvo, para assim compartilhar saberes, propagar informações e produzir novos modelos comportamentais. Neste contexto, se intensifica um movimento crítico da educação em saúde, que enfatizava a educação não como um instrumento de transmissão e adequação, mas como uma prática social, participativa e reflexiva. Em sala de aula com a presença da educação tradicional ainda é amplamente utilizada na formação dos profissionais da saúde do qual o educando é considerado receptor passivo de informações preestabelecidas pelo sistema ou instituição educacional, a aprendizagem baseia-se na capacidade de reprodução fiel das informações ensinadas, a relação professor-aluno é marcada por forte hierarquização e autoritarismo, o professor toma todas as decisões relativas ao processo de ensino aprendizagem, e exerce a função de conduzir seus alunos. Contudo, observa-se que esse tipo de concepção já não é a mais adequada pelo contexto sociocultural contemporâneo. Hoje, a alfabetização tecnológica é condição básica para a sobrevivência de qualquer docente ou discente, sem desprezar a importância das aulas expositivas e da escrita como uma das formas mais primitivas de ensino-aprendizagem, não há como negar a necessidade de se pensar em um tipo de alfabetização audiovisual, uma vez que, na atualidade, há uma grande variedade de tecnologias às quais os discentes estão expostos, sendo por elas influenciadas e fazendo parte da sua formação. Para inserir-se no contexto e com a responsabilidade de formar cidadãos capazes de conviver harmoniosamente com os avanços tecnológicos, o educador precisa pensar em estratégias que atendam as atuais necessidades do processo ensinar e aprender. Nessa perspectiva, faz-se relevante a discussão e reflexão sobre o uso de tecnologias educativas em saúde na formação de enfermagem. O trabalho objetivou relatar a experiência de atividade de ensino relativa à construção de tecnologias educativas para os processos educativos de saúde e enfermagem. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Estudo descritivo do tipo relato de experiência vivenciado por acadêmicos de Enfermagem, durante aulas da atividade curricular Processos Educativos em Enfermagem I do 3º semestre da graduação da Universidade Federal do Pará (UFPA), esta atividade ocorre em encontros semanais com carga horária de 25h teóricas e 60h práticas. A atividade de ensino estimulou a turma de acadêmicos de enfermagem a criar tecnologias educativas em saúde, a partir da realização de uma dinâmica para discussão do tema. Primeiramente a turma recebeu duas faixas de papel, em seguida foram estimulados a pensar em uma palavra que definisse o significado de tecnologia utilizando uma das faixas de papel e fixando a mesma no quadro, cada palavra foi comentada pelo grupo, que em seguida também foi estimulado a escrever uma frase, que representasse o significado do termo “tecnologia educativa”, estas também foram expostas no quadro e comentadas por cada aluno. A fim de complementar e instigá-los a reflexão sobre o tema, a turma foi dividida em cinco subgrupos para discussão de um texto relativo ao tema, após 30 minutos de leitura e discussão em pequenos grupos, realizou-se a socialização em grande grupo para consolidação do conteúdo discutido. Após essa primeira fase da atividade de ensino foram divididos subtemas relacionados ao “Planejamento familiar”, a saber: construindo o aparelho reprodutor feminino e masculino e descobrindo sua fisiologia; falando de contracepção com adolescentes; falando de contracepção com casais no puerpério; direitos sexuais e reprodutivos para casais homoafetivos; e direitos sexuais e reprodutivos para casais na terceira idade. Os discentes tiveram 3 semanas para elaborar e aplicar as suas tecnologias e em seguida apresentá-las em grande grupo, ressaltando o objetivo da tecnologia e importância da mesma para promoção e prevenção à saúde . O grupo 1 criou um caça palavras, do qual o texto descrevia o sistema reprodutor feminino e masculino e eram demarcadas palavras para que eles pudessem procurar no jogo. O grupo 2 utilizou um aplicativo de mensagem instantânea, que contava com mais de 40 participantes adolescentes da faixa etária de 15 a 20 anos, foram marcados horários acessíveis ao maior número de participantes online, para um bate-papo sobre contraceptivos, publicou-se textos, fotos e vídeos e foram esclarecidas dúvidas dos adolescentes. O grupo 3 elaborou um maquinário que demonstrava de forma lúdica como funcionava a comunicação entre glândula, ovários, útero e mamas, que é responsável pelo mecanismo que explica o porque que a mulher que amamenta não engravida facilmente. O grupo 4 elaborou uma revista abordando os direitos, a legislação vigente, o que casais homossexuais conseguiram obter frente a legislação e como denunciar a discriminação de homoafetivos. O grupo 5 criou um programa de rádio voltado para idosos, com o objetivo de estimular os ouvintes a participarem por meio de ligações telefônicas com perguntas e comentários junto a enfermeiros, médicos e outros profissionais de saúde que abordavam questões sexuais e reprodutivas e seus mitos na velhice. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: A estratégia utilizada à construção do conhecimento frente a construção e utilização de tecnologias educativas suscitou importantes reflexões sobre os processos educativos em saúde e enfermagem, tornando sua abordagem indispensável ao processo de formação. O estudo apresenta um potencial acadêmico no que se refere a novas estratégias de ensino, podendo funcionar como ferramenta didática em cursos de graduação em enfermagem e demais cursos da área da saúde, a fim de também incentivar a criação de novas tecnologias educativas e aprimoramento das já existentes. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O enfermeiro tem papel fundamental como educador, devendo sempre está em uma busca frequente de estratégias que auxiliem na formação de profissionais competentes e inovadores, pois são de suma importância discussões sobre o que se ensina e como se ensina, e seus respectivos fins. A tecnologia pode transformar o ambiente em que vivemos com a construção, organização e processamento do conhecimento que precisa ser mais interativa, flexível e ampla. Usar novas ferramentas em educação, onde ocorram trocas de ideias e experiências potencializando o resultado de mudanças, além de abrir espaços para discussão, reflexão e ações dos discentes. Isso tudo abre espaço para uma dialética na construção consistente e criativa no ensino da enfermagem e áreas afins.  

Palavras-chave


Educação em saúde; Tecnologia; Enfermagem.

Referências


Oliveira, Lucila Maria Pesce. Concepções Pedagógicas. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo, 2011

BAGNATO, Maria Helena Salgado et al . Práticas educativas em saúde: da fundamentação à construção de uma disciplina curricular. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro , v. 13, n. 3, p. 651-656, Sept. 2009.