Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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EDUCAÇÃO POPULAR: UMA EXPERIÊNCIA COM UM GRUPO DE CRIANÇAS DA COMUNIDADE DA “RUINHA” NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE – PB
Natércia Janine Dantas Silveira, Isaac Alencar Pinto, Alessandra Aniceto Ferreira Figueirêdo

Última alteração: 2015-12-08

Resumo


APRESENTAÇÃO: A Educação Popular é compreendida como um processo teórico-metodológico, que apresenta características, como criticidade, autonomia, saber libertador, dialógico (entre o saber popular e o dos educadores populares), vislumbrando a construção de conhecimentos e práticas, tendo como instrumentos: a escuta, o diálogo, a vivência com a comunidade, a afetividade. Tomando por base tal perspectiva, foi desenvolvido um grupo com crianças, na comunidade de Santo Antônio, conhecida por “ruinha”, localizada na cidade de Campina Grande-PB. Nesse sentido, este texto objetiva descrever um relato de experiência com o grupo de crianças, vivenciado nessa comunidade. A “ruinha” está localizada numa região periférica da cidade de Campina Grande-PB, composta por residências construídas em terrenos irregulares, com risco de desabamentos, falta de saneamento básico, de difícil acesso, coexistindo com problemas de violência, desemprego, dentre outros. Para realização deste trabalho, foi feita observação sistemática de um grupo de crianças, que já existia no local, por um período de dois meses, sendo esse período importante por propiciar a aproximação e a construção de vínculos com a comunidade; além disso, foram feitas conversas informais, visitas nas residências e escuta das demandas dos moradores do local. Após esse período, foi desenvolvido o grupo, com aproximadamente 20 crianças, que tinham de dois a dezesseis anos de idade, a participação no grupo ocorreu de modo espontâneo. As oficinas vivenciais ocorreram, inicialmente, ao ar livre (a sombra de uma árvore), posteriormente na Associação de Moradores da própria comunidade, sendo as ações realizadas no período de um ano. Optou-se por um trabalho, respaldado na história de vida, através da construção de um livro, feito por cada criança, sendo esse recurso utilizado como uma forma de resgatar a identidade do ser criança em meio às adversidades do contexto. O livro abrangia questionamentos, como: Quem sou eu? Minha família é assim... Minha escola é assim... No meu bairro acontecem coisas como... Quando eu crescer eu quero ser... As discussões no grupo foram desencadeadas a partir dos desenhos realizados pelas crianças nos encontros. Foram utilizados: argila, tinta guache, papel A4, lápis colorido, recortes de revistas, cola e tesoura sem ponta. As crianças apresentaram a comunidade por meio dos seus elementos, pessoas, casas, borboletas, comidas, dentre outros. Verificou-se uma concepção de família em que permeavam o conflito e a exposição à violência. A casa e a escola foram apresentadas como locais de moradia e aprendizagens. O bairro foi descrito como um lugar marcado tanto pela violência, a exemplo de episódios de furtos e brigas familiares, como também enquanto lugar de moradia, onde residem amigos e parentes. A perspectiva de futuro das crianças foi permeada pelo sonho e desejo de exercerem profissões, como médico e professor. Nesse processo, compreendemos a Educação Popular como um veículo que nos conduziu à tentativa de resgatar as identidades dessas crianças, com seus olhares, gestos e palavras, em contrapartida, o diálogo e a vivência na comunidade da “ruinha” nos conduziram a um processo de transformação não só acadêmico, mas, principalmente, enquanto pessoa.

Palavras-chave


relato de experiência;educação popular;crianças