Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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GRUPO OPERATIVO PARA CRIANÇAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Kerle Dayana Tavares de Lucena, Layza de Souza Chaves Deininger, Alisson Cleiton da Cunha Monteiro, Antonio Lopes Muritiba Neto, Caio Vinícius Duarte Siqueira, Hugo Leonardo Andrade Feitosa, Lamartine Barbosa de Souza Filho, Lucas Brendow Araújo de Oliveira, Lucas Henrique Soares Oliveira de Carval, Reinaldo Mesquita Neto, Rodrigo Policarpo Lima, Sebastião Solano Feitosa Filho

Última alteração: 2016-01-06

Resumo


APRESENTAÇÃO: No contexto social das últimas décadas, marcado por transformações políticas e econômicas na sociedade ocidental, a saúde tem sido um tema valorizado tanto pelo reconhecimento de sua repercussão no bem estar individual e coletivo, necessário à reprodução biológica, psicológica e social do ser humano, como por sua importância para a reprodução e regulação do capitalismo, enquanto sistema econômico e social hegemônico. A saúde é concebida como a possibilidade de indivíduo aproveitar a vida de forma positiva, no sentido do uso de recursos pessoais e sociais, além da capacidade física. Isto não significa que a busca por tornar-se ou manter-se saudável seja um objetivo central e único na vida das pessoas, mas sim um recurso para fornecer qualidade à vida cotidiana. Atualmente a área da saúde experimenta grandes possibilidades de avançar no sentido de uma aproximação com os pressupostos do Sistema Único de Saúde (SUS), categoria que sintetiza os princípios doutrinários referentes ao direito à Universalidade, Equidade e Integralidade nas questões da atenção à saúde. Uma das possibilidades desse avanço pode ser a adoção de um novo processo de trabalho em saúde que considere seus elementos coerentemente para, assim, potencializar as perspectivas de consolidação do SUS. A Atenção Primária à Saúde (APS) foi descrita pela primeira vez, em 1978 na conferência de Alma-Ata, como o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema de saúde. Ela utiliza tecnologias e métodos práticos, cientificamente comprovados com foco nas reais necessidades de saúde do individuo, família e comunidade. É considerada determinante para a articulação e funcionamento da rede de assistência à saúde, pois promove a organização e racionalização da utilização dos recursos, sejam eles básicos ou especializados, com a finalidade de direcioná-los para a promoção, manutenção e reabilitação da saúde a atenção primária à saúde é operacionalizada no país prioritariamente pela Estratégia Saúde da Família, em conformidade com as diretrizes do Sistema Único de Saúde. Ela caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. A APS possui significativa importância no funcionamento do Sistema Único de Saúde, este fato, implica não apenas em investimentos contínuos, mas também em avaliações detalhadas sobre seu grau de desempenho e efetividade, como também no atendimento de seus princípios e alcance de seus objetivos. A multiplicação de saberes para a comunidade, no sentido de promover à saúde e prevenir agravos é um dever do profissional, por isso a importância de realizar atividades em unidades da Estratégia Saúde da Família. Fazer uso da Educação em Saúde nos campos de práticas que se dão no nível das relações sociais normalmente estabelecidas pelos profissionais de saúde, entre si, com a instituição e, sobretudo com o usuário, no desenvolvimento cotidiano de suas atividades. Essas práticas pressupõem a instrumentalização em técnicas didático-pedagógicas, e a necessidade de aprender a trabalhar em grupo e/ou melhorar o seu contato com o usuário. OBJETIVO: relatar a experiência do grupo operativo de trabalho desenvolvido em uma USF com crianças moradoras do território do Róger em João Pessoa, no período de outubro de 2015. METODOLOGIA: trata-se de um relato de experiência produzido pelos discentes do curso de graduação em Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba no período de outubro de 2015, durantes as práticas do Módulo de Atenção à Saúde I que versa sobre a importância de se conhecer o território para a formação médica. O módulo faz uso de metodologias ativas no qual o aluno é protagonista do processo ensino-aprendizagem. RESULTADOS: A nova proposta de modelo de atenção à saúde que o SUS pressupõe representa a única política de saúde requerida de fato pela sociedade brasileira organizada, construída a partir da mobilização de amplos setores da sociedade, desde a década de 1980, quando se reconheceu a limitação do modelo de saúde pública tradicional que valoriza, sobretudo, os aspectos biológicos do processo saúde-doença. O modelo que se propõe com o SUS comporta a teoria da determinação social do processo saúde-doença, evidenciando a compreensão da natureza humana como fenômeno constituído por inumeráveis fatores naturais e sociais das diferentes dimensões da universalidade que compõe a dinâmica da vida de relações dos seres humanos. Nessa perspectiva, a implementação de grupos operacionais com crianças possibilitou a criação de vínculo com as mesmas e a construção de novas práticas e saberes. Os alunos realizaram uma atividade educativa em um ginásio do território da USF em que foi trabalho temas como: higienização, nutrição, higiene bucal, vacinação, cuidados para combater a dengue e atividades de educação física. Os alunos se dividiram em 5 grupos, juntamente com os profissionais da unidade de saúde e acolheram as crianças. Cada grupo trabalhou um tema, porém de forma lúdica, com teatro de fantoches, brincadeiras, desenhos, músicas e jogos. Os pais das crianças também participaram envolvendo as crianças no processo educativo. Ao final, ofertaram-se lanches e brinquedos. Todos participaram ativamente da ação, os alunos mobilizaram os usuários para dialogar sobre a importância das crianças na escola. No sentido de analisar os avanços do SUS, a avaliação dos serviços diretos de saúde responsáveis pela atenção à saúde da criança pode indicar os avanços já conquistados nesses três pilares, pela verificação da produção de conhecimentos e de sua aplicação nas práticas profissionais nessa área específica. Pode ainda sinalizar sobre a necessidade de produção de novos saberes e práticas, necessários para o reconhecimento de que a área da saúde da criança apresenta uma aproximação ou um distanciamento com os princípios e diretrizes emancipatórios que o SUS pressupõe e atividades educativas nesse caso, devem ser ampliadas no território. CONSIDERAÇÕES FINAIS: quando a APS funciona de forma adequada, ela é capaz de reduzir a ocorrência de situações evitáveis e indicativas de cuidados insatisfatórios, como ausência de ações de prevenção de doenças e promoção da saúde, além de um excesso de hospitalizações por problemas que podem ser resolvidos neste nível de atenção. Um sistema de saúde com forte referencial na Atenção Primária à Saúde é mais efetivo e satisfatório para a população, tem menores custos e é equitativo mesmo em contextos de grande desigualdade social a experiência foi significativa, pois além de possibilitar a constituição de vínculo entre trabalhadores, alunos e usuários, produz cuidado integral e humanizado, além de melhorar os indicadores de saúde do território.

Palavras-chave


Medicina de Família e Comunidade; saúde da criança; promoção da saúde

Referências


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