Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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ENTRE TRENS DE DOIDO E A UTOPIA DE UMA SOCIEDADE SEM MANICÔMIOS: A REDUÇÃO DE DANOS COMO UMA NOVA PERSPECTIVA DE TRABALHO PARA OS PROFISSIONAIS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Jaqueline Oliveira

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: A proposta e o objetivo deste trabalho é apresentar a política de Redução de Danos (RD) e suas possibilidades quanto ao acolhimento e escuta dos usuários nos serviços e espaços vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), como meio de promoção e prevenção da saúde mental dos sujeitos que acessam diretamente o SUS, bem como, uma nova abordagem de trabalho para os profissionais deste Sistema, visando uma maior resolutividade no processo de cuidado por parte dos trabalhadores, bem como, o autocuidado dos usuários. É importante ressaltar que para falar de Redução de Danos é necessário contextualizar historicamente, afinal, há um caminho a ser compreendido até chegar a esta política que está em vigor no Sistema Único de Saúde. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Este relato foi suscitado na realização de um estágio vinculado a um serviço público de saúde. Inicialmente foi utilizado o método da observação participante no espaço de atenção à saúde do SUS e por fim, aprofundado através da revisão bibliográfica. RESULTADOS E/ OU IMPACTOS: A Redução de Danos teve sua origem na Inglaterra em 1926 e chega ao Brasil no ano de 1989, ela nos mostra na prática que não há uma sociedade livre de drogas lícitas ou ilícitas, com isso é necessário pensar novas possibilidades para os usuários de substâncias lícitas (cigarro, medicamentos, álcool, doces...) e ilícitas (maconha, crack, heroína, anfetaminas, drogas sintéticas). Portanto, é de fundamental importância apostar nesses indivíduos como sujeitos responsáveis por suas escolhas e seu desejo ser escutado pelos profissionais durante o acolhimento e tratamento. É a partir dele, de seus desejos e escolhas que a equipe multiprofissional irá trabalhar e não sob os ideais estabelecidos socialmente. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A RD surge para romper com esse ideal de abstinência e construir intervenções com a finalidade de permitir as escolhas de cada usuário e seu processo de autocuidado, oportunizando o movimento de produção de saúde e novas possibilidades de estar no mundo. O foco não estando na patologia, o objetivo “primeiro” não é a cura do usuário, mas, sim, a produção de subjetividade, ou seja, a ressignificação do vivido, tecido ao longo da história do sujeito, a valorização da fala deste usuário que comparece ao SUS, por vezes fragilizado e em sofrimento físico e mental. É nas intervenções dos profissionais no diversos espaços e serviços do SUS, tendo como base a igualdade de direitos, o respeito às escolhas e singularidades de cada usuário, que ele irá tecer juntamente com o sujeito em tratamento uma nova biografia, livre de rótulos e modelos previamente estabelecidos, afinal, as palavras dos trabalhadores orientam e por vezes subjetivam os usuários assistidos pelo Sistema Único de Saúde.  

Palavras-chave


Redução de Danos; Sistema Único de Saúde; Trabalho

Referências


ARBEX, Daniela. Holocausto brasileiro. 1. ed. São Paulo: Geração Editorial, 2013.

 

CONTE, Marta. Psicanálise e redução de danos: articulações possíveis? In: Jornada Clínica da APPOA, n. 118, 2003, Porto Alegre, RS. Disponível em: <http://www.sig.org.br/_files/uploads/image/psicanliseereduodedanos.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015.

 

MELMAN, Charles. Alcoolismo, delinquência, toxicomania: uma outra forma de gozar. Tradução Rosane Pereira. 2. ed. São Paulo: Escuta, 2000.