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O presente trabalho é fruto de um período de aproximadamente três meses de estágio em Psicologia, pelo Programa PET-Saúde, no CAPSad III Raul Seixas, localizado no bairro de Encantado, no Rio de Janeiro. Como objetivo, visa discorrer sobre algumas questões que emergiram ao longo deste período, a partir do dispositivo clínico da Convivência. Tal dispositivo abrange todo o espaço do CAPSad: varanda, corredores, sala de televisão e pátio, onde os usuários passam o dia conversando, jogando baralho, dormindo, ou quaisquer outras atividades que desejarem e que forem possíveis de serem realizadas naquele ambiente. Dependendo do projeto terapêutico, o usuário passa um dia, alguns dias ou todos os dias da semana na Convivência do CAPS, e entre os profissionais da equipe há um revezamento para ocupar esses espaços. A prática de estágio neste dispositivo suscitou algumas questões, como: quais são as possibilidades de trabalho clínico e/ou terapêutico dentro da Convivência? Quais são as especificidades e dificuldades da prática do terapeuta nesse espaço? No que ele se diferencia do trabalho em um setting terapêutico “tradicional”? E principalmente: quais são as potencialidades desta diferença? Para desenvolver essas questões, foi utilizada a metodologia da Cartografia, na qual se entende que o pesquisador não se distancia de seu objeto de pesquisa, e aposta no seu encontro com o campo enquanto acontecimento transformador de ambos. Desta forma, foi possível destacar os desafios e a importância da criação de uma nova prática clínica, que vai lançar mão das possibilidades que um espaço mais livre de papéis pré-determinados permite. Uma clínica que irá contar intensamente com a potência da troca e do afeto, e com o imprevisível e inesperado que necessariamente a atravessam e a compõem.

CAPSad III, Convivência e Clínica